Nelson Felix
![Série Genesis I, 1988/1991 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/007988000009.jpg)
Série Gênesis I, 1988
Nelson Felix
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Biografia
Nelson Tavares Felix de Oliveira (Rio de Janeiro RJ 1954). Escultor, desenhista, professor. Inicia estudos de pintura com Ivan Serpa (1923-1973) em 1971. Forma-se em arquitetura em 1977. Dedica-se inicialmente ao desenho e, posteriormente, à escultura. Em 1989, recebe bolsa do Ministério da Cultura da França, por exposição ocorrida na Galeria Charles Sablon, em Paris. Recebe, em 1991, a bolsa Vitae de Artes Plásticas. A partir da década de 1990, realiza esculturas de mármore com base em órgãos ou aspectos do corpo humano. Em 1994, é artista residente na Curtin University, em Perth, e no Karratha College, em Karratha, ambas na Austrália. Também nessa data idealiza as Mesas, esculturas em granito, nas quais faz referências às interações entre a natureza e os objetos culturais. Ao retornar ao Brasil, realiza, em 1995, com Luiz Felipe Sá, o vídeo O Oco, sobre sua produção artística. Sua obra é analisada nas publicações Nelson Felix, com texto de Rodrigo Naves, pela editora Cosac & Naify, em 1998; Nelson Felix, com textos de Glória Ferreira, Nelson Brissac e Sônia Salzstein, pela editora Casa da Palavra, em 2001; e Trilogias: Conversas entre Nelson Felix e Glória Ferreira, pela editora Pinakotheke, em 2005.
Comentário Crítico
No início da carreira, Nelson Felix realiza desenhos carregados de matéria, obtidos pela pressão contínua do grafite sobre o papel, que antecipam suas esculturas. Elas são monolitos de grafite, nos quais são inseridos pequenos diamantes. O artista busca assim estabelecer relações entre a matéria opaca e a transparente, sendo que ambas, o grafite e o diamante, são formadas pelo mesmo elemento, o carbono.
Em trabalhos posteriores, Felix explora formas e relações por meio de organismos animais e vegetais. Em Grande Budha (1985), garras de metal são introduzidas no tronco de uma árvore à medida que ela cresce. O procedimento, de inegável aparência agressiva, permite que seja acentuado o processo de crescimento da árvore, que normalmente passaria despercebido. Constrangido por uma força não natural, o tronco da árvore oferece uma imagem do que ocorre quando se pretende controlar um elemento da natureza.
Na exposição Mesas (1995), realizada na Galeria Luisa Strina, em São Paulo, são reunidas seis mesas talhadas em granito, que, de móveis cotidianos, assumem outro caráter, aproximando-se da aparência de altares. Sobre elas, são depositados moldes realizados com base em seu corpo, nos quais são imersas, em azeite, glândulas endócrinas fundidas em ferro. Uma dessas mesas, muito pesada, é suspensa no teto de forma a roçar levemente as plantas dormideiras - que se fecham ao menor contato -, colocadas no solo. A obra faz referência a um estado de iminente transformação e à interações entre a natureza e os objetos culturais. Nelson Felix reforça a sensação de estranheza em suas obras com a reunião de elementos familiares e outros não usuais. Tanto em Grande Budha quanto em Mesas, o artista leva à extrema radicalidade a percepção da forma aberta no espaço. Já em Lajes (1997), apresentada na exposição Arte Cidade: a cidade e suas histórias, o deslocamento de três lajes de uma construção no centro de São Paulo cria outro ritmo no espaço arquitetônico, explorando relações entre equilíbrio e instabilidade. A consciência da totalidade do espaço é assim também trabalhada em relação à arquitetura.
Felix produz volumes esculpidos em mármore, que à primeira vista se assemelham a composições abstratas e têm por modelo glândulas ou órgãos do corpo humano, inspirando-se em manuais de medicina. O hiperdimensionamento das formas orgânicas e sua aparência expressiva lhes conferem um caráter de estranheza. O modelo natural passa a integrar o mundo das imagens, adquirindo uma dimensão plástica e revelando aspectos míticos ou simbólicos.
Toda a produção do artista tem, portanto, um caráter orgânico. Na opinião do historiador da arte Rodrigo Naves, a obra de Felix pode ser percebida em dois planos, um estritamente formal, que se apresenta aos olhos do observador, e outro sugerido, ao qual não se tem acesso diretamente. A articulação dessas duas dimensões, em constante tensão, confere ao trabalho de Nelson Felix sua particularidade diante da produção contemporânea.
Obras 29
1/2 Eu
Árvore
Cabeças Felizes
Cada 2
Copacabana III
Exposições 179
Mídias (1)
Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)
Fontes de pesquisa 7
- BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 23. , 1996, São Paulo, SP. Catálogo das salas especiais. Organização e coordenação Nelson Aguilar. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1996.
- BRISSAC, Nelson, FERREIRA, Glória e SALZSTEIN, Sônia. Nelson Felix. Rio de Janeiro : Casa da Palavra, 2001.
- FELIX, Nelson e FERREIRA, Glória (orgs.). Trilogias de Nelson Felix. Rio de Janeiro : Pinakotheke, 2005.
- FELIX, Nelson. Nelson Felix. Texto Rodrigo Naves. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.
- IMAGINE: o planeta saúda o cometa. Fortaleza: Arte Galeria, 1986.
- NA PONTA do lápis. Apresentação Maria do Carmo Secco. Rio de Janeiro: Galeria de Arte UFF, 1986. [16] p.
- PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
Como citar
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NELSON Felix.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa9926/nelson-felix. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7