Ione Saldanha
![Cidade, 1962 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/001184010013.jpg)
Cidade, 1962
Ione Saldanha
Óleo sobre tela, c.i.d.
54,00 cm x 76,00 cm
,
Texto
Ione Saldanha (Alegrete, Rio Grande do Sul, 1919 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001). Pintora, escultora, desenhista. Conhecida pelo uso marcante das cores e pela experimentação com suportes.
Interessada por desenho e ilustração desde a infância, constrói sua formação artística de maneira majoritariamente autodidata, realizando poucos cursos na área. Começa estudando pintura no ateliê de Pedro Luiz Correia de Araújo (1874-1955), no Rio de Janeiro. Depois, em 1948, passa seis meses na Europa, entre França e Itália, dedicando-se a aprender a técnica do afresco.
Ao retornar ao Brasil, ainda em 1948, participa do Salão Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. A partir de então, suas obras passam a ser exibidas em diversas mostras coletivas e individuais. Em 1956, expõe 27 pinturas a óleo no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP). Em 1969, recebe o prêmio de viagem ao exterior no 7º Resumo de Arte do Jornal do Brasil e vai para os Estados Unidos e a Europa.
Ao longo de quase três décadas, participa de várias edições da Bienal Internacional de São Paulo, com prêmio aquisição em 1967, e sala especial em 1975 e 1979. Apresenta a mostra Resumo de 45 Anos de Pintura, nas galerias A. M. Niemeyer, Paulo Klabin e Saramenha, no Rio de Janeiro, em 1988. Em 2001, é realizada a retrospectiva Ione Saldanha e a Simplicidade da Cor, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói). Em 2012, a Fundação Iberê Camargo organiza a exposição Ione Saldanha: o Tempo e a Cor.
A primeira fase de sua trajetória é caracterizada pela linguagem figurativa e por um cromatismo vibrante, com pinturas de cenas cotidianas e retratos, em que se revela o interesse da artista pela obra do pintor francês Henri Matisse (1869-1954). Entre suas experimentações iniciais, também são emblemáticas as fachadas de casarios ao estilo do Brasil colonial, definidas como retângulos de cor sem profundidade, num moderno gesto pictórico de valorização da superfície plana.
Nesses casarios, os jogos de verticalidade e horizontalidade assumem o papel de cerne estrutural e norma compositiva, como observa o crítico Roberto Pontual (1939-1994). Pontual chama atenção também para a síntese construtiva ao longo da década de 1950, período em que as formas pintadas pela artista vão assumindo primeiramente caráter mais geometrizado para depois se diluirem em estruturas menos definidas que se apresentam sob brumas. Algumas obras dessa fase, como Cidade (1962), revelam afinidade com a produção de Vieira da Silva (1908-1992).
Já no fim da década de 1960, a artista busca novos suportes, abandonando a superfície bidimensional e expondo pinturas sobre ripas, bambus e bobinas. As Ripas, pintadas em apenas uma das superfícies, são expostas em conjunto, possibilitando uma infinidade de combinações de cores e apresentando grande leveza. Nessas obras, destaca-se o ritmo criado pela sucessão de variações cromáticas, que parecem se disseminar pelo espaço expositivo.
Os Bambus, pensados como colunas que se elevam do chão, são associados, por alguns críticos, a objetos de manifestações primitivas ou populares e também à produção de Alfredo Volpi (1896-1988), em relação à gama cromática. Já nas Bobinas, a artista transfigura o caráter industrial do suporte, explorando também seu aspecto lúdico.
Ione Saldanha é uma artista singular, cuja obra, disruptiva sem deixar de ser lírica, é resultado de constante pesquisa e intensa experimentação, articulando passado e presente, modernidade e tradição.
Obras 16
Exposições 163
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13/12/1954 - 26/2/1953
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2/7/1955 - 12/10/1955
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21/9/1956 - 6/10/1956
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Fontes de pesquisa 12
- COSTA, Marcus de Lontra. Ione Saldanha, muito sensível, tudo muito pintura. Módulo: arquitetura e arte, Rio de Janeiro, n. 76, p. 34-38, jul. 1983.
- IONE SALDANHA: resumo de 45 anos de pintura. Textos de Lúcio Cardoso et al. Rio de Janeiro: Anna Maria Niemeyer Galeria de Arte: Galeria Paulo Klabin: Galeria Saramenha, 1988.
- IONE Saldanha e a simplicidade da cor. Curadoria Luiz Camillo Osorio; versão em inglês Ricardo Quintella; texto Luiz Camillo Osorio, Lucio Cardoso. Rio de Janeiro: MAC-Niterói, 2001. [47] p., il. color.
- OSÓRIO, Luiz Camilo. Ione Saldanha: o tempo e a cor. Ione Saldanha: o Tempo e a Cor. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2012. p. 9-19. Exposição realizada no período de 15 jun. a 12 ago. 2012.
- PONTUAL, Roberto. Arte/ Brasil/ hoje: 50 anos depois. São Paulo: Collectio, 1973.
- PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
- SALDANHA, IONE. Ione Saldanha. Texto de Mário Pedrosa. São Paulo: Galeria Paulo Klabin, 1985.
- SALDANHA, Ione. Ione Saldanha. Apresentação Lauro Cavalcanti, Helena Severo e Eva Doris Rosental. Textos de Cláudia Saldanha e Frederico Morais. Rio de Janeiro: Paço Imperial, 1996.
- SALDANHA, Ione. Ione Saldanha. Rio de Janeiro: Galeria Paulo Klabin, 1983.
- SALDANHA, Ione. Ione Saldanha. Texto de Frederico Morais. Rio de Janeiro: Galeria Paulo Klabin, 1987.
- TEMPOS de guerra: Hotel Internacional / Pensão Mauá. Curadoria Frederico Morais. Rio de Janeiro: Galeria de Arte Banerj, 1986. (Ciclo de exposições sobre arte no Rio de Janeiro).
- TRADIÇÃO e ruptura: síntese de arte e cultura brasileiras. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1984.
Como citar
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IONE Saldanha.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa9565/ione-saldanha. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7