Niobe Xandó
![Sem Título, 1985 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/001955017013.jpg)
Sem Título, 1985
Niobe Xandó
Acrílica sobre tela, c.i.d.
100,00 cm x 115,00 cm
Texto
Biografia
Niobe Nogueira Xandó Bloch (Campos Novos do Paranapanema, atual Campos Novos Paulista SP 1915 - São Paulo SP 2010). Pintora, desenhista e escritora. Autodidata. Vive a infância e a adolescência no interior de São Paulo, muda-se para a capital em 1932. Casa-se aos 16 anos com João Baptista Ribeiro Rosa, destacado militante, e passa a frequentar os locais de reuniões do Partido Comunista. Inicia sua carreira como artista plástica em 1947. Nesse ano, conhece os pintores Yoshiya Takaoka(1909-1978) e Geraldo de Barros (1923 - 1998) no ateliê do professor e artista Raphael Galvez (1895 - 1961). Faz sua primeira exposição individual em 1953, em São Paulo, na Livraria das Bandeiras, na Praça da República. Separada do primeiro marido, casa-se novamente com o intelectual tcheco Alexandre Bloch, por intermédio de quem se torna amiga de Vilém Flusser, que escreve artigos sobre sua obra de Xandó. Durante o ano de 1957, viaja pelas cidades de Madri, La Coruña e Paris. Seu trabalho ganha destaque em 1965, na 8ª Bienal Internacional de São Paulo. De volta ao Brasil, muda-se com o marido para Salvador. O casal segue para a Europa em 1968, com períodos em Paris, Londres e Estocolmo. Regressam ao Brasil em 1971, vivendo em São Paulo até 1980. Xandó viaja a Nova York em 1981 e 1983, depois regressando em definitivo ao Brasil. Entre as exposições em que se destaca estão a 10ª Bienal Internacional de São Paulo, de 1969, onde tem sua obra apresentada na sala especial de Artes Mágica, Fantástica e Surrealista, e a 1ª Bienal Latino-Americana de São Paulo, realizada em 1978, onde seu trabalho representa a influência das culturas africana e indígena na arte brasileira.
Comentário Crítico
Niobe Xandó começa a pintar na década de 1950, executando obras figurativas de um cromatismo bem cuidado, que deixam entrever múltiplas referências: Paul Gauguin, Edvard Munch, Marc Chagall, estão entre elas. Aos poucos, sua obra caminha para um imaginário fantástico cada vez mais próximo da abstração, como em Bicho Estranho (1966) e Ave-Flor II (1967). O tema das máscaras é desenvolvido com constância durante a década de 1960, e passa a ser um motivo recorrente na obra da artista a partir de então. É também nessa década que ela cria a série dos Totens, na qual recobre volumes de madeira com as linhas e cores usadas nas Máscaras. Outra forte corrente de pesquisa é aquela ligada ao letrismo, movimento das décadas de 1960 e 1970 que pretendia criar uma nova escrita com base em símbolos. Apesar de não se filiar oficialmente a esse grupo, Xandó realiza obras em sintonia com tais ideias, como O Enigma da Nova Escrita I (1966) e Brasil (1970). Sobre esses trabalhos, Xandó comenta, em carta de 1969: "O meu problema com as letras é o de contrair, isto é, eliminar linhas, escrever o máximo com o mínimo das mesmas". Ao mesmo tempo, a artista aborda o embate entre o arcaico e o contemporâneo em obras que podem ser agrupadas sob o nome - criado por ela mesma - mecanicismo, como O Círculo Branco (1970) e Black Power II (1970), e sobre as quais a artista pondera, em carta de 1978: "Aos poucos estes elementos mecânicos passaram a dominar meu trabalho. Sentia então duas coisas: horror e atração. Acho que isto é um conflito do primitivo com o mundo atual".
Obras 39
A Grande Composição
A Máscara e o Enigma
Abstrato
As Meninas
As Oito Máscaras
Exposições 140
Fontes de pesquisa 13
- ABDALLA, Antonio Carlos (cur.). O Letrismo e o Mecanicismo na obra de Niobe Xandó. São Paulo: MAM, 2004.
- ALVARADO, Daisy Valle Machado Peccinini de, SOARES, Dulce (coord.). Pintura no Brasil: um olhar no século XX. São Paulo: Nobel, 2000.
- ARTE transcendente: exposição de pintura. São Paulo: MAM, 1981.
- BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 10., 1969, São Paulo, SP. Catálogo. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1969.
- CONSTRUTIVISTAS e Figurativos da Coleção Theon Spanudis. São Paulo: Centro de Artes Porto Seguro, 1978.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte afro-brasileira. Curadoria François Neyt, Catherine Vanderhaeghe, Kabengele Munanga, Marta Heloísa Leuba Salum; tradução Arnaldo Marques, Rachel McCorriston, Paulo Henriques Britto, John Norman. São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais; Fundação Bienal de São Paulo, 2000.
- Morre em São Paulo a artista Niobe Xandó. Folha de S.Paulo, São Paulo, 23 de fev. 2010. Ilustrada, p. 12. Não catalogada
- NEISTEIN, José. Feitura das artes. São Paulo, Perspectiva, 1981. (Debates, 174).
- NIOBE Xandó. Texto de Maria Luiza Sabóia Saddi. São Paulo: Galeria de Arte Paulo Vasconcellos, 1989.
- NIOBE Xandó: exposição retrospectiva. São Paulo: Galeria de Arte Paulo Vasconcellos, 1989.
- NIOBE Xandó: pintura, desenhos, colagens, múltiplos. São Paulo: Azulão Galeria, 1977.
- SCHENBERG, Mario. Pensando a arte. São Paulo: Nova Stella, 1988.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
-
NIOBE Xandó.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa9278/niobe-xando. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7