Célia Euvaldo
Texto
Célia Euvaldo (São Paulo, São Paulo, 1955). Artista visual. Nome atuante na pintura da arte contemporânea brasileira, é conhecida por seus trabalhos voltados para a escala monocromática, por vezes inserindo alguma variação de cores em suas telas de grande formato. Com o uso de pinceladas firmes, que reforçam o traço do pincel, aliadas à geometria das formas, a produção da artista provoca uma compreensão sobre a interação entre a materialidade da tinta, o instrumento de pintura e a superfície que recebe essa camada de pigmento.
Formada em comunicação visual e com licenciatura em artes plásticas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a artista estuda pintura e gravura em Paris, no início da década de 1980, e, durante a estadia na capital francesa, participa do Salon de la Jeune Peinture [Salão de Pintura Jovem], sendo esta sua primeira exposição coletiva.
O início de sua produção é marcado por trabalhos monocromáticos, utilizando tintas preta e cinza em diferentes tipos de papel. As pinceladas contínuas com nanquim servem para investigar o tempo e a fluidez da tinta na superfície do papel. Traços que vão rareando quando chegam ao final assinalam a exploração da materialidade dos pigmentos e da percepção do tempo dos acontecimentos.
Seu corpo também é utilizado como peso e medida para seus trabalhos da década de 1990, construindo traços sinuosos em papéis de aproximadamente dois metros de comprimento dispostos no chão. Ao se debruçar sobre o papel branco e utilizar o peso e contorno do corpo para produzir pinceladas contínuas com tinta preta, o resultado são traços curvos que conversam com o desenho do corpo, dando forma à pintura.
Ao final de 1990, passa a utilizar a tela com chassi como suporte para compreender os limites dessa criação. Outra inovação é o emprego da vassoura como ferramenta de pintura para fazer traços contínuos, sinuosos, deixando aparente rastros de tela branca ao fundo. Com trabalhos não intitulados, a artista coloca em sua produção experimentações sobre a forma e a matéria, criando obras que dialogam entre si.
A partir de 2014, passa a experimentar consistências diferentes de tinta, valendo-se da tinta mais espessa preta, que é marca de seu trabalho, mas arriscando a experimentação com outros tipos de tinta mais diluídas, aguadas e coloridas. O preto segue marcante, mas, ao seu lado, há uma tonalidade contrastante, com uma tinta mais leve, conferindo ao trabalho pesos e modulações diferenciadas entre as composições. A fronteira entre as duas matérias, quase impregnando uma à outra, e a fricção entre essas margens é o que interessa à artista, reforçando o branco como sobra ativa no quadro, formando um elemento entre as duas cores, para que elas possam ter protagonismos e pesos diferentes.
Apresentada no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, Sobre Parede (2013) expande o trabalho da artista a outra escala, propondo uma intervenção site-specific nas paredes da sala da galeria. Para produzir em grande dimensão e conferir diferentes relevos à pintura, Euvaldo se vale de vassoura e rodo construídos especificamente para produzir a instalação como elementos para criar a pintura. Aliados à força de seu corpo, o rastro de tinta é feito até rarear, formando, assim, a composição que conversa com a arquitetura do espaço.
Com trânsito nacional e internacional, participa da 7ª Bienal Internacional de Pintura de Cuenca, no Equador (2001), e da 5ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul (2005). Realiza exposições individuais em museus e galerias como o Paço Imperial do Rio de Janeiro (em 1995, 1999 e 2015), a Pinacoteca do Estado de São Paulo (em 2006) e a Galeria Raquel Arnaud (em 2013, 2014, 2023). Possui obras no acervo de grandes instituições brasileiras, como o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), a Pinacoteca de São Paulo (Pina_), o Museu do Estado do Pará (MEP), entre outras. Dedica-se também a trabalhos como tradutora de livros de não ficção, como do filósofo francês Frédéric Gros (1965), do crítico de arte estadunidense Hal Foster (1955).
Célia Euvaldo consolida o uso da tinta preta em suas produções em uma oposição e contrastes que conversam com o mundo contemporâneo. Faz uso de ferramentas não convencionais, como rodo e vassoura, para pintar em grande escala e produz obras em pintura e gravura. Interessa-se pela fluidez do pincel ao correr pelo papel ou tela, bem como pelo contraste entre a materialidade das tintas que são justapostas.
Espetáculos 1
Exposições 85
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5/10/1989 - 10/11/1989
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8/11/1990 - 5/1/1989
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21/12/1990 - 25/2/1989
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 4
- CÉLIA Euvaldo. Galeria Raquel Arnaud. São Paulo, [s.d.]. Disponível em: https://raquelarnaud.com/artistas/celia-euvaldo-2/#obras. Acesso em: 10 ago. 2023.
- CÉLIA Euvaldo: Sobre Parede. Instituto Tomie Ohtake. São Paulo, 2013. Disponível em: https://www.institutotomieohtake.org.br/exposicoes/interna/celia-euvaldo. Acesso em: 10 ago. 2023.
- LEONIDIO, Otavio. Célia Euvaldo: pinturas. Mul.ti.plo Espaço Arte, Rio de Janeiro, 28 abr. 2023. Disponível em: https://multiploespacoarte.com.br/clia-euvaldo-pinturas-09-mar-28-abri-2023. Acesso em: 10 ago. 2023.
- MUL.TI.PLO Espaço Arte: Célia Euvaldo. Rio de Janeiro: Mul.ti.plo Espaço Arte, 2020. (49 min). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=leK10nVZ9ew. Acesso em: 10 ago. 2023.
Como citar
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CÉLIA Euvaldo.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa9258/celia-euvaldo. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7