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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Vik Muniz

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 21.06.2022
1961 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotográfica do artista

Pictures of Paper: Crowd at Coney Island, Temperature 89°, They came early and they stayed late, July 1940, after Weegee, 2009
Vik Muniz
impressão digital em nitrato de prata
180,00 cm x 231,00 cm
Acervo Banco Itaú

Vicente José de Oliveira Muniz (São Paulo, São Paulo, 1961). Fotógrafo, desenhista, pintor e gravador. Conhecido como Vik Muniz, é um artista plástico contemporâneo cujo trabalho se caracteriza pela exploração de diferentes materiais e técnicas. 

Texto

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Vicente José de Oliveira Muniz (São Paulo, São Paulo, 1961). Fotógrafo, desenhista, pintor e gravador. Conhecido como Vik Muniz, é um artista plástico contemporâneo cujo trabalho se caracteriza pela exploração de diferentes materiais e técnicas. 

Cursa publicidade na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo. Muda-se para Nova York em 1983, onde reside e trabalha. Após breve período ligado à escultura, passa a se dedicar ao desenho e, sobretudo, à fotografia. Desde 1988,  realiza séries nas quais investiga temas relativos à percepção e à representação de imagens nos meios artísticos e de comunicação. Exemplo dessa fase é a série The best of life, na qual reproduz, de memória, uma parte das famosas fotografias veiculadas pela revista americana Life. Convidado a expor os desenhos, o artista os fotografa e dá às fotografias tratamento de impressão em periódico, simulando um caráter de realidade às imagens originárias de sua memória. 

Nas séries seguintes, emprega materiais inusitados (como açúcar, chocolate líquido, gel para cabelo, lixo e poeira) para recriar figuras referentes tanto ao universo da história da arte como do cotidiano. As obras recebem, na maioria dos casos, o nome do material utilizado. Seu processo de trabalho consiste em compor as imagens com os materiais, normalmente instáveis e perecíveis, sobre uma superfície e fotografá-las. 

A série Sugar Children [Crianças de açúcar], de 1996, é um exemplo desse processo. Em um período de férias na ilha de St. Kitts, no Caribe, o artista fotografa algumas crianças do local, cuja atividade econômica principal é a lavoura de cana-de-açúcar. Posteriormente, retrata os rostos dessas crianças em desenhos feitos com açúcar sobre papel preto. O uso desse material, mais do que refletir a inventividade técnica do artista, potencializa o simbolismo de seu trabalho: o açúcar, associado geralmente à doçura de momentos felizes da infância, é o que submete essas crianças (e seus pais, os lavradores) ao ciclo de pobreza. A obra causa grande impacto e projeta o artista internacionalmente. 

Na série Pictures of magazines [Retratos de revistas], de 2003, expõe retratos tanto de personalidades brasileiras, como o jogador de futebol Pelé (1940) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (1945), como de um anônimo vendedor de flores. O artista realiza uma complexa operação de decomposição e recomposição da imagem fotográfica. Os retratos são obtidos pela reunião de pequenos fragmentos de páginas de periódicos que, sobrepostos em um trabalho preciso, compõem os rostos dos retratados.

O interesse do artista por personagens e histórias permanece na série Pictures of garbage [Imagens do lixo], de 2008, realizada no Jardim Gramacho, localizado no bairro carioca Duque de Caxias, até então o maior aterro sanitário da América Latina. Muniz conta que o objetivo inicial do trabalho é fazer uma série fotográfica sobre o lixo, mas muda o foco ao conviver com as pessoas que moram e trabalham no local. Encantado com a alegria e a força desses personagens em situação tão adversa, o artista os transforma em protagonistas: fotografa alguns deles e reconstrói essas imagens com objetos do lixo, recolhidos no próprio aterro1. The Gipsy (Magna), Mother and Children (Suellen) e Marat (Sebastião) – uma recriação do conhecido quadro A morte de Marat (1973), do pintor francês Jacques-Louis David (1748-1825) – são algumas das obras dessa série.

O projeto realizado no Jardim Gramacho dá origem ao documentário Lixo extraordinário (2010). Retratando o processo de trabalho do artista, o longa-metragem compartilha com o espectador toda a beleza e a alegria encontrada em um lugar onde imaginava haver apenas sofrimento. O filme é indicado ao Oscar de 2011, na categoria de melhor documentário em longa-metragem, e recebe diversos prêmios de festivais nacionais e internacionais (28 no total), entre os quais se destacam o Festival de Sundance (Estados Unidos) e o Festival Internacional de Cinema de Berlim (Alemanha). A renda obtida com esse trabalho é revertida para a associação de catadores do aterro e, desde então, Muniz atua como ativista social e embaixador da Boa Vontade da Unesco. 

O artista segue inovando na produção de suas obras, surpreendendo o espectador e fazendo-o refletir sobre questões contemporâneas relevantes. Lampedusa, de 2015, é um exemplo disso. Na Bienal Internacional de Artes de Veneza, o artista instala, nos canais da cidade, um “barco de papel”, como aqueles feitos com dobraduras simples na infância. Simulando papel de jornal, na embarcação estão estampadas notícias da morte de refugiados imigrantes no naufrágio de 2013, ocorrido na cidade de Lampedusa, costa italiana.

Vik Muniz se destaca pela diversidade, combinando complexidade (de técnicas e processos) e simplicidade (na escolha dos temas e nas formas de representação), o que torna sua obra acessível ao público. Na busca por representar aspectos da realidade, suas imagens suscitam no espectador a sensação de estranheza e o questionamento de como enxergamos e representamos o mundo. Também inova ao estabelecer uma relação original entre o artista, a obra de arte e o espectador, que deve não apenas refletir, mas também se deixar levar pelos mecanismos da ilusão. É um dos artistas plásticos contemporâneos mais reconhecidos no Brasil e no mundo.

Nota

1. ALVES FILHO, Francisco. A arte que vem do lixo. IstoÉ, São Paulo, 28 jan. 2011. Disponível em: https://istoe.com.br/121937_A+ARTE+QUE+VEM+DO+LIXO/. Acesso em: 28 nov. 2021.

Obras 8

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Foto de Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Dinheiro vivo: Arara

Impressão jato de tinta em papel archival
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini

Imigrantes

Cibacrome
Reprodução fotográfica Iara Venanzi/ Itaú Cultural

Mass, 2

Cibachrome
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini

Multidão

Cibachrome

Exposições 467

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Exposições virtuais 1

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Mídias (1)

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Vik Muniz - Enciclopédia Itaú Cultural
Imagens iconográficas, arquétipos, estereótipos, clichês. Coisas que as pessoas sabem ou acham que têm total conhecimento sobre elas ganham outros desdobramentos e significados no trabalho do multiartista Vik Muniz. “A função da arte é criar o vácuo conceitual entre o que você imagina e o que é, para que você possa pensar o mundo de uma outra forma”, explica ele. Paulistano radicado em Nova York desde a década de 1980, Muniz recria figuras amplamente conhecidas e lhes dá outro olhar ao utilizar materiais inusitados em sua composição, a exemplo da cópia da “Mona Lisa”, de Leonardo da Vinci, feita com manteiga de amendoim e geleia. Seu trabalho consiste em compor as estampas desejadas com os materiais, em geral perecíveis, sobre uma superfície e depois fotografá-las. Suas obras, muito ligadas à cultura pop, são mundialmente conhecidas integram acervos particulares e de museus e galerias no Brasil em diversos outros países.

Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Erika Mota (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)

Fontes de pesquisa 20

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  • A FIGURA humana na coleção Itaú. São Paulo, SP: Itaú Cultural, 2000.
  • A QUIETUDE da terra, vida cotidiana, arte contemporânea e projeto axé. Concepção e edição France Morin; edição John Alan Farmer; versão em inglês H. Sabrina Gledhill, Lavinia Sobreira Magalhães, Alejandro Reyes, Nadine Fajerman. Salvador: Museu de Arte Moderna da Bahia, 2000.
  • BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 24. , 1998, São Paulo, SP. Um e/entre outros/s. Curadoria Paulo Herkenhoff, Adriano Pedrosa. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1998.
  • BRASIL. Plural y singular. Curadoria Laura Buccellato, Clelia Taricco. Buenos Aires: MAMba, 2000.
  • CENTRO CULTURAL LIGHT (RIO DE JANEIRO, RJ). Horizonte reflexivo. Curadoria Eduardo Brandão, Lisette Lagnado; versão em inglês Stephen Berg. Rio de Janeiro: Centro Cultural Light, 1998.
  • CITY canibal. Curadoria Vitória Daniela Bousso. São Paulo: Paço das Artes, 1998.
  • FARIAS, Agnaldo. Arte brasileira hoje. São Paulo: Publifolha, 2002. (Folha explica, 40).
  • FUKS, Rebeca. As 10 criações mais impressionantes de Vik Muniz. Cultural Genial, [s.l.], [s.d.]. Disponível em: https://www.culturagenial.com/vik-muniz-obras/. Acesso em: 28 nov. 2021.
  • LATIN american sale. New York: Christie's, 2000. 241 p., il. color.
  • MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte contemporânea. Curadoria geral Nelson Aguilar; curadoria Nelson Aguilar, Franklin Espath Pedroso; tradução Arnaldo Marques, Ivone Castilho Benedetti, Izabel Murat Burbridge, Katica Szabó, John Norman. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo : Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000.
  • MUNIZ, Vik. Clayton Days: picture stories by Vik Muniz, for very little folks. Entrevista Linda Benedict-Jones. Pittsburgh: Frick Art & Historical Center, 2001.
  • MUNIZ, Vik. Ver para crer. Versão em inglês Izabel Murat Burbridge. São Paulo: MAM, 2001.
  • MUNIZ, Vik. Vik Muniz. Tradução Elizabeth Chin. São Paulo: Gabinete de Arte Raquel Arnaud, 1991.
  • MUSEU DE ARTE MODERNA (SÃO PAULO, SP). Arte brasileira no acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo: doações recentes 1996-1998. Curadoria Tadeu Chiarelli. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1998.
  • O ESPÍRITO da nossa época: coleção Dulce e João Carlos de Figueiredo Ferraz. Curadoria Stella Teixeira de Barros, Ricardo Resende; versão em inglês Thomas William Nerney, Izabel Murat Burbridge. São Paulo: MAM, 2001.
  • PANORAMA da Arte Brasileira, 1995. Curadoria Ivo Mesquita. São Paulo: MAM, 1995. Catálogo de exposição.
  • SEMANA Fernando Furlanetto, 1., 1998, São João da Boa Vista. 1º Semana Fernando Furlanetto. Produção Samantha Moreira. São João da Boa Vista: Prefeitura Municipal, 1998.
  • SÉCULO 20: arte do Brasil. Curadoria Nelson Aguilar, Franklin Espath Pedroso. Lisboa: Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, 2000.
  • VIK MUNIZ recria clássicos na sua nova mostra em SP e reflete sobre o real e o imaginário: 'é você quem faz seu olhar'. O Globo, Rio de Janeiro, 12 nov. 2021. Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/artes-visuais/vik-muniz-recria-classicos-na-sua-nova-mostra-em-sp-reflete-sobre-real-o-imaginario-voce-quem-faz-seu-olhar-25273944. Acesso em: 28 nov. 2021.
  • WHITNEY Biennial, 2000 Biennial Exhibition. Curadoria Michael Auping, Valerie Cassel, Hugh M. Davies, Jane Farver, Andrea Miller-Keller, Lawrence R. Rinder. New York: Whitney Museum of American Art, 2000.

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