Paulo Gaiad
Texto
Paulo Renato Gaiad (Piracicaba, São Paulo, 1953 - Florianópolis, Santa Catarina, 2016). Pintor, desenhista e gravador. Em 1972, ingressa em Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Brasília (UnB). Dois anos mais tarde, inicia curso de desenho na Pontifícia Universidade de Campinas (PUC/Campinas) e recebe bolsa de estudos para frequentar o curso de Planejamento Urbano da Universidade de Oslo, Noruega.
Entre 1975 e 1977, estuda arquitetura em São Paulo e, em 1980, cursa desenho livre na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em 1981, fixa residência em Florianópolis, Santa Catarina, onde passa a trabalhar com arquitetura e artes plásticas e participa de oficinas de litografia, estudo de modelo vivo e gravura em metal do Museu de Arte de Santa Catarina (Masc). Em 1984, ganha a Bolsa de Multiplicadores Culturais do Instituto Goethe, da Alemanha.
Realiza sua primeira exposição individual em 1987, no Ecco Club/Galeria Espaço de Arte, em Florianópolis. Recebe, em 1989, o prêmio Cubo de Prata da Bienal Internacional de Arquitetura, em Buenos Aires. Em 1993, realiza obras para a peça Prenome: Fausto, de Fábio Brüggemann (1962), com o Casa do Teatro Grupo Armação. Em 2006, participa do projeto Pinte um Futuro, liderado pela artista plástica holandesa Hetty van der Linden, que atua junto a comunidades que vivem em situação de risco.
Análise
A produção de Paulo Gaiad transita entre a pintura, o desenho, a fotografia, a instalação e a literatura. Em 1998, realiza a obra Cicatrizes, em que reúne diversos materiais: recorta papéis e então constrói pequenos pacotes, embrulha-os cuidadosamente em arames, um a um, e em seguida os protege num invólucro feito com folhas de chumbo.
A obra de 2001 "Auto-retratos"/Documentos Vol. I, em formato de livro, revela o interesse do artista pelos temas da memória e do testemunho autobiográfico. Gaiad se apropria de depoimentos biográficos de pessoas das mais diversas origens e profissões para em seguida integrá-los num grande autorretrato que se nutre não de si mesmo, mas do outro.
Em Receptáculo da Memória, de 2002, o artista solicita a várias pessoas que lhe enviem qualquer tipo de objeto capaz de sintetizar momentos especiais de suas vidas, objetos depositários de uma afetividade que simboliza o tempo passado. Gaiad os reinterpreta, agregando a eles outros objetos e materiais diversos. Processo semelhante ocorre em outra obra de 2002, Genocídio "Vida Perdida I", no qual o artista se apropria de uma foto do arquivo judiciário francês e a exibe dentro de uma caixa de aço, interferindo na imagem com pregos e pigmento.
O crítico Tadeu Chiarelli (1956) observa que a imagem fotográfica não é o único elemento que conta na produção de Gaiad. Ela se insere numa poética de articulações híbridas, e as peças por ele produzidas não procuram desenvolver um discurso estritamente fotográfico. Ainda segundo Chiarelli, Gaiad não parece interessado na linguagem fotográfica ou na fotografia "pura". Exerce aquelas várias ações sobre a imagem fotográfica por supostamente não confiar na sua força efetiva. O artista parece atuar com consciência de que a imagem fotográfica não possui poder suficiente para exprimir, de forma eficaz, o que se quer. O resultado de tais ações e reinterpretações é a produção de objetos híbridos, meio fotografias, meio assemblages.
Exposições 80
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 12
- CURTI, Ana Helena (Coord.); PRATA, Valéria (Coord.). Apropriações/Coleções. Curadoria Tadeu Chiarelli; tradução Izabel Murat Burbridge, Thomas William Nerney, Patrícia Artundo; Marcos Piason Natali. Porto Alegre: Santander Cultural, 2002.
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- RUMOS ITAÚ CULTURAL ARTES VISUAIS. Deslocamentos do eu: o auto-retrato digital e pré-digital na arte brasileira (1976-2001). Curadoria Tadeu Chiarelli, Ricardo Resende. São Paulo, SP: Itaú Cultural, 2001.
- SALÃO NACIONAL VICTOR MEIRELLES, 6. , 1998, Florianópolis, SC. 6º Salão Nacional Victor Meirelles. Curadoria Charles Narloch. Florianópolis: MASC, 1998. Sala Especial Luiz Henrique Schwanke.
- SALÃO PARANAENSE, 48., 1991, Paraná, PR. 48º Salão Paranaense. Curitiba: Sala de Exposições-Teatro Guaíra, 1991.
- TENDÊNCIAS Contemporâneas da Arte Catarinense. Porto Alegre: UFRGS, 1995. 1 f. dobr. il. p.b.
- UMA VISÃO catarinense: 1996/1997. Apresentação Paulo Afonso Vieira, Maria Teresa Lira Collares. Florianópolis: MASC, 1996. 20p. il., color.
Como citar
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PAULO Gaiad.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa9163/paulo-gaiad. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7