Eli Heil
![Os Animais, 1986 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/000488004019.jpg)
Os Animais, 1986
Eli Heil
Óleo sobre tela, c.i.e.
80,00 cm x 100,00 cm
Texto
Eli Malvina Diniz Heil (Palhoça, Santa Catarina, 1929 - Florianópolis, Santa Catarina, 2017). Pintora, desenhista, ceramista, escultora, tapeceira, poeta. Nos anos 1950, atua como professora de educação física. Autodidata, inicia sua produção artística em 1962. Nessa época, desenha animais e pinta paisagens de morros com casas, utilizando camadas espessas de tinta e cores saturadas. Em 1963, realiza sua primeira mostra individual, em Florianópolis. Nesse ano, o crítico e historiador da arte João Evangelista de Andrade Filho (1931) publica um ensaio sobre a obra da artista e a expõe em Brasília. Ainda nos anos 1960, começa a desenvolver objetos tridimensionais - aplica bonecos de pano na superfície da tela e, em seguida, cria seres imaginários com materiais diversos como cerâmica, cimento, madeira, argamassa e plásticos derretidos. Expõe individualmente no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP, em 1966, a convite do historiador Walter Zanini (1925). Dois anos depois, passa a expor em países europeus. Participa da 1ª Bienal Latino-Americana de São Paulo, em 1978, e da seção de Arte Incomum da 16ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1981. O Museu de Arte de Santa Catarina - Masc realiza uma mostra retrospectiva de sua obra em 1982. A artista cria, em 1987, O Mundo Ovo de Eli Heil, na capital catarinense, onde monta seu ateliê e um espaço para exibição permanente de sua produção. Em 1994, é inaugurado oficialmente a Fundação O Mundo Ovo de Eli Heil. É autora do livro de poemas e desenhos Vomitando Sentimentos, 2000.
Análise
O conjunto da obra de Eli Heil chama atenção pela variedade de materiais e métodos empregados pela artista. Autodidata, inicia com o desenho e a pintura, mas logo passa a trabalhar com o espaço tridimensional, costurando bordados e formas estofadas sobre suas telas. Em seguida, constrói esculturas utilizando argila, cimento, argamassa, tecido, madeira, plástico derretido ou objetos industrializados reciclados. Nas obras modeladas de barro, destacam-se as superfícies carregadas de texturas e os volumes feitos com fragmentos de formas predominantemente curvas. As pinturas se caracterizam, sobretudo, pelo despojamento técnico e pelo uso não naturalista das cores. Em algumas séries, a grande quantidade de tinta confere às cores uma densidade material.
Eli Heil costuma se referir ao seu trabalho como uma criação espontânea que seria a transposição imediata de seus sentimentos sobre a matéria. Sua obra pode ser considerada no âmbito do que a história da arte denomina de arte primitiva ou ínsita (do latim insitus, inato): uma manifestação estética não erudita ligada a temas do imaginário popular.1 A espontaneidade constitui o vigor e o limite de seus trabalhos. Ao mesmo tempo que propicia articulações formais e simbólicas imprevisíveis, a atitude da artista se restringe ao conceito de arte como sinônimo de auto-expressão.
Suas primeiras produções fazem referência à paisagem urbana de Florianópolis, onde vive. Trata-se de pinturas mostrando morros com casas coloridas que parecem flutuar. Em seguida, a artista figura ícones cristãos e assuntos relacionados ao universo feminino, como o corpo da mulher e a maternidade. No entanto, a maior parte de suas obras apresenta seres híbridos compostos de formas humanas, animais e personagens mitológicos. Esses animais imaginários habitam espaços amorfos feitos com manchas e, muitas vezes, se fundem a eles.
Nota
1. AQUINO, Flávio de. Aspectos da pintura primitiva brasileira. Rio de Janeiro: Spala, 1978. p. 11.
Obras 11
Animais no Alvorecer
Curral
Mandala
Os Animais
Sem Título
Exposições 30
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11/5/1963 - 18/5/1963
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26/9/1966 - 26/10/1966
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Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 15
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
- AQUINO, Flávio de. Aspectos da pintura primitiva brasileira. Rio de Janeiro: Spala, 1978.
- ARAÚJO, Adalice. Mito e magia na arte catarinense: Franklin Cascaes & Eli Heil. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 1978. 121 p., il. p&b.
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- EVANGELISTA, João. Eli Heil, uma pintora. Florianópolis: Universidade de Santa Catarina, 1963., il. p&b.
- HEIL, Eli. Eli Heil: exposição de pinturas. Florianópolis: Biblioteca do Instituto Brasil - Estados Unidos, 1963.
- HEIL, Eli. Pinturas e desenhos de Eli Heil. São Paulo: MAC/USP, 1966. , il. p&b.
- HEIL, Eli. Retrospectiva Eli Heil. Florianópolis: MASC, 1984. , il. p&b. 1 il. color.
- HEIL, Eli. Vomitando os sentimentos. Florianópolis: Fundação O Mundo Ovo de Eli Heil, 2000. 141 p., il. p&b.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- Morre em Florianópolis a artista plástica Eli Heil. Notícias do Dia. Florianópolis. Disponível em: < https://ndonline.com.br/florianopolis/plural/morre-em-florianopolis-a-artista-plastica-eli-heil >. Acesso em: 10 set. 2017.
- PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
- QUATRO damas da arte catarinense: Eli Heil, Elke Hering Bell, Jandira Lorenz, Suely Beduschi. Florianópolis: MASC, 1980. [16] p., il. p&b.
- SALÃO NACIONAL VICTOR MEIRELLES, 7., 2000, Florianópolis, SC. 7º Salão Nacional Victor Meirelles. Florianópolis: MASC, 2000.
- ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.
Como citar
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ELI Heil.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa8757/eli-heil. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7