Johann Moritz Rugendas
![Cascata da Tijuca, ca. 1835 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/001233013019.jpg)
Cascata da Tijuca, 1835
Johann Moritz Rugendas
Litografia
31,00 cm x 27,00 cm
Texto
Johann Moritz Rugendas (Augsburg, Alemanha, 1802 – Weilheim, Alemanha, 1858). Pintor, desenhista e gravador. Participa de expedições com o objetivo de documentar sobre o continente americano e tem um importante trabalho iconográfico de paisagens e costumes brasileiros do século XIX.
Pertence à sétima geração de uma família de desenhistas, pintores, gravadores e impressores. Desde criança, exercita o desenho e a gravura, e se inicia na atividade artística por influência de seu pai, Johann Lorenz Rugendas II (1775-1826), diretor e professor da escola de desenho de Augsburg.
De 1815 a 1817, frequenta o ateliê do pintor alemão de batalhas Albrecht Adam (1786- 1862). Em 1817, começa a estudar na Academia de Belas Artes de Munique como aluno de Lorenzo Quaglio II (1793-1869). A influência do ensino acadêmico é permanente na produção do artista, que valoriza o desenho em suas composições e a representação segundo a reelaboração ideal e universal da observação do particular.
Incentivado pelos relatos de viagem dos naturalistas alemães Johann Baptist von Spix (1781-1826) e Karl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868) e pela obra do pintor austríaco Thomas Ender (1793-1875), vem ao Brasil como desenhista documentarista da Expedição Langsdorff, do cônsul da Rússia Grigory Ivanovitch Langsdorff (1774-1852).
Chega ao Rio de Janeiro em 1822, em pleno processo de independência do país. Apesar de viver isolado com os outros participantes da expedição na Fazenda Mandioca, de propriedade do cônsul, Rugendas vai constantemente à capital e faz amizade com os artistas da Missão Artística Francesa. Nesse período, retrata a paisagem natural, a fauna, a flora, os tipos físicos e as vistas da cidade do Rio de Janeiro.
Em 1824, parte em direção a Minas Gerais, passando por São Paulo. O artista se desentende com Langsdorff e abandona o grupo, continuando suas andanças sozinho. Seu itinerário exato não é conhecido, mas, pelos desenhos, sabe-se que passa por São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco. Nessa primeira viagem privilegia o desenho, ocasionalmente colorido à aquarela.
Cem litografias baseadas em desenhos brasileiros são publicadas no volume Voyage Pittoresque dans le Brésil [Viagem Pitoresca através do Brasil], em edição bilíngue em francês-alemão (1827/1835). Pensado como livro de viagem, conta com a participação de 22 litógrafos e de Victor Aimé Huber (1800-1869) na preparação dos textos. O livro é considerado um dos mais importantes documentos iconográficos sobre o Brasil do século XIX, e é subdividido em: paisagens, tipos e costumes, usos e costumes dos indígenas, a vida dos europeus, europeus na Bahia e em Pernambuco, usos e costumes dos negros.
A obra brasileira de Rugendas nem sempre é uma cópia fiel da realidade. As ilustrações de plantas e animais obedecem a um caráter minucioso e objetivo; nesses casos o artista desenha sob a tutela de naturalistas. Com relação às paisagens, o historiador Pablo Diener afirma que são uma reprodução fiel da natureza, apreendida mais em sua unidade do que nos detalhes, com exceção das gravuras, em que o litógrafo recria outra imagem com base no desenho original, como a prancha Entrada da Barra do Rio de Janeiro, gravada pelo artista romântico Richard Parkes Bonington (1802-1828).
Em cenas da vida cotidiana da população brasileira e nos retratos etnográficos percebemos o empenho em criar imagens idealizadas, de caráter mais programático. Os corpos de negros e indígenas são representados em estilo clássico, os traços suavizados e europeizados. Da mesma forma, a situação dos escravizados é amenizada: o trabalho é mostrado como atividade quase lúdica em pranchas como Preparação da Raiz de Mandioca e Colheita de Café. Já na época de sua publicação, Voyage Pittoresque recebe críticas por seu caráter pouco documental. Mas alcança êxito com o grande público, circulando no Brasil em edição francesa com sucesso, talvez por causa da maneira benevolente com que retrata a sociedade oitocentista.
De 1825 a 1828, vive entre Paris, Augsburg e Munique. Em 1828, vai para a Itália e, durante o tempo em Roma, entra em contato com correntes artísticas como neoclassicismo e romantismo. De 1829 a 1831, pinta telas de temas brasileiros com base em seus desenhos. São espaços idílicos que refletem ideias correntes na época sobre o Novo Mundo como paraíso terreno e habitat do bom selvagem.
Motivado pelo naturalista alemão Alexander Humboldt (1769-1859), cuja influência o leva à decisão de se tornar “o ilustrador dos novos territórios”, viaja para o México em 1831, onde começa a pintar a óleo, utilizando as técnicas assimiladas na Itália. A partir de 1834, excursiona por países como Chile, Argentina, Peru e Bolívia. Em sua segunda passagem pelo Rio de Janeiro (1845-1846) encontra uma extraordinária acolhida por parte da coroa brasileira, que lhe encomenda diversos retratos. Participa das Exposições Gerais de Belas Artes (1845 e 1846) a convite do pintor francês Félix Taunay (1795-1881).
Em 1847, parte definitivamente para a Europa. Em troca de uma pensão anual e vitalícia, cede sua coleção de desenhos e aquarelas ao Rei Maximiliano II (1811-1864), da Baviera, perdendo-a anos depois por não realizar produção pictórica com base em seus trabalhos americanos, como acordado.
Com desenhos, aquarelas e pinturas a óleo, o conjunto gráfico e pictórico de Johann Moritz Rugendas representa um dos materiais fundamentais de conhecimento da sociedade e da paisagem americana no século XIX.
Obras 74
A Primeira Missa em São Vicente, 1532
A Rainha do Mercado; vendedora de frutas na sua barraca (México)
Aldeia de Tapuias
Alegoria da Revolução - Anita Garibaldi
Árvore Gigantesca na Selva Tropical Brasileira
Exposições 94
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7/12/1845 - 19/12/1845
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1966 - 1966
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1966 - 1966
Fontes de pesquisa 15
- 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
- ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
- BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. O Brasil dos Viajantes. São Paulo/Salvador: Metalivros/Fundação Odebrecht, 1994. 3v.
- BRAGA, Theodoro. Artistas pintores no Brasil. São Paulo: São Paulo Editora, 1942.
- CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.
- CARNEIRO, Newton. Rugendas no Brasil. Rio de Janeiro: Kosmos, 1979. 225 p., il. color.
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- DIENER, Pablo. Juan Maurício Rugendas: pintor y dibujante. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. 133 p., il. color.
- DIENER, Pablo. Rugendas:(1802-1858). Tradução Maria de Fátima G. Costa, Peter Billaudelle; introdução Aracy Amaral. Augsburg: Wissner, 1997. 385 p., il. color.
- DIENER, Pablo; COSTA, Maria de Fátima. A América de Rugendas: obras e documentos. São Paulo: Estação Liberdade, 1999. 166 p., il. color.
- LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- MONTEIRO, Salvador e KAZ, Leonel (orgs.). Expedição Langsdorff ao Brasil, 1821-1829: Rugendas, Taunay, Florence. Tradução Christopher James Tribe, Dorothy Sue Dunn de Araújo. Rio de Janeiro: Alumbramento : Livroarte, 1998. 3v.
- PEIXOTO, Maria Elizabete Santos. Pintores alemães no Brasil durante o século XIX. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1989.
- RUGENDAS. Viagem pitoresca através do Brasil. Tradução Sérgio Milliet. Rio de Janeiro: A Casa do Livro, 1972.
Como citar
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JOHANN Moritz Rugendas.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa707/johann-moritz-rugendas. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7