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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Giselle Beiguelman

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 26.07.2024
29.08.1962 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotográfica aquivo do artista

Esc for Escape, 2004
Giselle Beiguelman

Giselle Beiguelman (São Paulo, São Paulo, 1962). Artista, pesquisadora, professora universitária, curadora. Destaca-se por explorar as relações entre literatura, imagem, som e novas tecnologias, bem como as transformações culturais advindas da digitalização dos meios e da expansão das redes digitais.

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Giselle Beiguelman (São Paulo, São Paulo, 1962). Artista, pesquisadora, professora universitária, curadora. Destaca-se por explorar as relações entre literatura, imagem, som e novas tecnologias, bem como as transformações culturais advindas da digitalização dos meios e da expansão das redes digitais.

Gradua-se em história na Universidade de São Paulo (USP), em 1984, e obtém doutorado em história da cultura pela mesma universidade, em 1991. Trabalha com criação e desenvolvimento de aplicações eletrônicas desde 1994. Na década de 1990, integra as equipes de implantação dos portais UOL e BOL e realiza pesquisa como bolsista vitae, com projeto na área de literatura e novas mídias. 

Em razão de seus projetos artísticos e de sua pesquisa teórica, participa de diversos eventos acadêmicos e exposições de arte e cultura digital no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. Seu trabalho é registrado em antologias e obras de referência sobre arte digital como Yale University library research guide for mass media e digital arts. Integra coleções de museus nacionais e internacionais como o ZKM, na Alemanha, a Coleção de Arte Latino Americana da Universidade de Essex, na Inglaterra, e o Yad Vashem, em Israel, entre outras.

Como docente, participa, entre 2001 e 2011, do programa de pós-graduação em comunicação e semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Ainda em 2011, torna-se professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU/USP) e coordena o curso de design de 2013 a 2015. Orientadora de uma nova geração de críticos e artistas dedicados à tecnologia e à cultura digital, é autora e organizadora de diversos livros sobre o tema.

Organiza festivais de arte digital e web arte, além de atuar como membro do comitê científico do International Symposium on Electronic Art (Isea), em Paris, em 2000, e do júri do festival Ars Electronica, na Áustria, em 2010 e 2011.

No Instituto Sérgio Motta (ISM), atua na reformulação do processo de premiação do tradicional Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, bem como na criação de uma série de festivais on-line (HTTPVideo, HTTPTags, HTTPSom) que, concebidos e dirigidos por ela, apropriam-se dos recursos das plataformas da chamada Web 2.01 para criar espaços de disseminação de projetos experimentais e artísticos, possibilitando a incorporação de novos perfis de criadores para além dos circuitos tradicionais de universidades, galerias e museus. Atua também na formação de parcerias pela internacionalização da artemídia brasileira.

Suas pesquisas vêm produzindo trabalhos de investigação teórica como O livro depois do livro (2003) e Link-se: arte/mídia/política/cibercultura (2005), que tematizam as transformações sofridas pelo código e pelo suporte escritos a partir do surgimento dos meios digitais. A narrativa linear tradicional, determinada pela sequência temporal da leitura, em frases grafadas da esquerda para a direita numa página ou numa tela de texto estanques, tem sido – desde a Web 1.0 – frontalmente questionada pela possibilidade de o leitor, agindo em colaboração com o autor/editor, realizar saltos hipertextuais que revelam novas e insuspeitas relações de sentido por meio de novos encadeamentos. Como na poesia, nos hipertextos o eixo das relações sintagmáticas se flexiona, (des)orientado pelas virtualidades semânticas do eixo paradigmático. Um novo espaço, o ciberespaço – construção virtual com importância cada vez mais real e incontornável – passa a conviver com o espaço empírico percebido pelos sentidos da experiência off-line, transformando a maneira de mensurar o espaço-tempo da leitura, da escritura e, no limite, da própria experiência espaço temporal.

Em seu trabalho artístico, suportes tradicionais das artes visuais como a instalação, a fotografia e o vídeo se integram em obras híbridas, menos “criadas” pela artista que “tecidas” pelo público envolvido sob a mediação da artista. O computador se torna um dispositivo de leitura, escrita e publicação. Tendo lançado, já na década de 1990, aplicativos para as primeiras plataformas sem fio e obras especificamente pensadas para difusão nesse circuito, Beiguelman vem acompanhando as transformações do hardware e do software da cultura da rede ao mesmo tempo como artista-usuária e pensadora-observadora. 

Na vertente crítico-teórica de sua atuação, o hibridismo entre real e virtual é um dos aspectos centrais. Com a explosão da Web 2.0 – em que a participação do usuário não mais se limita à recepção/produção de conteúdo, mas se expande exponencialmente por meio de compartilhamentos e da integração a redes colaborativas – tornou-se incontornável a questão de que somos cada vez mais seres “cíbridos”. Esse cibridismo – conceito cunhado pelo arquiteto norte-americano Peter Anders e que designa a fusão entre espaços reais e virtuais – e os recursos praticamente ilimitados da realidade aumentada têm nos transformado em autênticos ciborgues, parte humanos e parte máquinas. Nesse sentido, a autora propõe que o estar entre redes – on-line e off-line – é a essência da experiência cíbrida, que na vida contemporânea questiona a própria noção de “site” (lugar), destacando, em vez disso, o conceito de não lugar, isto é, um lugar em incessante transformação, capaz de dar acesso a todos os lugares ao mesmo tempo. O conceito da “nuvem” é apenas a aplicação mais recente dessas formulações. 

No Brasil e na América Latina, Beiguelman é uma das principais representantes das pesquisas sobre o cibridismo na arte e na cultura, além dos condicionamentos econômicos e comportamentais dessa nova realidade. 

Nota

1. Web 2.0 é o termo utilizado para descrever a segunda geração da internet, surgida em meados dos anos 2000, voltada para a troca de informações, a colaboração e a interação entre os usuários de sites e serviços virtuais. Este modelo substitui a primeira geração da web, chamada Web 1.0, que se baseava em hiperlinks e na exibição de conteúdos estáticos.

Obras 6

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Reprodução fotográfica Sérgio Guerini/Itaú Cultural

Desmemórias

Net art

Exposições 52

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Mídias (1)

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Giselle Beiguelman - Enciclopédia Itaú Cultural
O percurso da midiartista Giselle Beiguelman se confunde com a chegada e a popularização da internet e evolui em sintonia com os avanços tecnológicos. Seu primeiro trabalho de repercussão, O Livro Depois do Livro (1999), é uma obra de arte-ensaio na qual ela discute a condição do leitor e da literatura na cultura das redes e as transformações criativas e estéticas da criação digital, utilizando um formato que explora site, livro e e-book - esses publicados em 2003 -, que permite a interação de forma não linear e imersiva. Uma das características de sua trajetória é a conexão entre a academia, como pesquisadora e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, e o universo artístico, onde sua atuação é como criadora e curadora. Suas produções são calcadas em conceitos como o cibridismo, que defende o fim das diferenças entre o mundo real e o virtual, e a ciborguização, em referência à junção orgânica de homens e máquinas.

Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)

Fontes de pesquisa 6

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