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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Xadalu Tupã Jekupé

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 07.05.2024
1985 Brasil / Rio Grande do Sul / Alegrete
Dione Martins (Alegrete, Rio Grande do Sul, 1985). Serigrafista, pintor, artista urbano. Artista de origem guarani, seu trabalho aborda principalmente o resgate da cosmologia de sua etnia e a luta indígena por território. 

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Dione Martins (Alegrete, Rio Grande do Sul, 1985). Serigrafista, pintor, artista urbano. Artista de origem guarani, seu trabalho aborda principalmente o resgate da cosmologia de sua etnia e a luta indígena por território. 

Sua origem está ligada, por parte da avó materna, aos indígenas que historicamente habitam as margens do Rio Ibirapuitã, no Rio Grande do Sul. Em um ritual de nomeação, conduzido pelo cacique Karai Tataendy Ocã, Xadalu assume seu nome espiritual guarani Tupã Jekupé, reconectando-se com sua ancestralidade. 

Muda-se para Porto Alegre com a mãe e a avó materna, em 1996, indo morar na periferia da capital gaúcha, na Vila do Funil. Para auxiliar no sustento da família, recolhe, com sua mãe, latas de alumínio, papelão e outros materiais para vender à reciclagem. Trabalha também como gari, até 1999, quando é empregado pela Serigrafia Gaucha, loja de materiais de gravura.

No novo trabalho, tem seus primeiros contatos com a arte, aprendendo a técnica de serigrafia e impressão. Entre 2001 e 2002, atua ativamente na cena da arte de rua, em especial na sticker art gaúcha. O artista cria um adesivo com o rosto estilizado de um indígena ao qual dá o nome de Xadalu, em referência ao jogo de videogame criado na década de 1990, Street Fighter, no qual há uma organização de lutadores chamada Shadaloo. Ele espalha a imagem pelas ruas de Porto Alegre como uma assinatura. 

Em uma noite, cola dez mil adesivos na cidade. Sua intenção é tornar os Guaranis visíveis na cidade. Uma espécie de repovoamento da região por seus primeiros habitantes, segundo o próprio artista. Também envia os adesivos pelo correio para artistas de outros países, a fim de espalhar sua marca pelo globo. França, Cuba, Argentina, Angola, Jap ão, Austrália, Holanda e Guatemala são alguns dos locais onde o trabalho do artista foi divulgado.

A luta indígena pelo território é uma das principais questões do trabalho de Xadalu. Um dos objetivos é fazer com que os moradores da cidade se lembrem de que um dia o espaço urbano foi terra indígena. Em 2005, exibe seu primeiro cartaz com a inscrição “Atenção Área indígena”. Quinze anos depois, em 2020, estende a faixa com a frase ocupando quase toda a fachada do Museu das Culturas Indígenas, em São Paulo. 

A partir de 2014, o trabalho do artista passa a ser reconhecido pelo sistema de arte institucional, com trabalhos que integram a coleção de instituições como o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs). Nesse mesmo ano, realiza sua primeira exposição individual em um equipamento público, Xadalu – Arqueologia do Presente, no Museu dos Direitos Humanos do Mercosul, em Porto Alegre. É nessa época que seu trabalho apresenta sua ancestralidade e sua ligação à comunidade Guarani Mbyá de forma mais contundente. 

Seu aprofundamento na história de suas origens surge na representação das histórias, causas e cosmologias indígenas. Para o artista, sua obra está a serviço da comunidade e da luta contra o apagamento da cultura indígena na região. Em 2018, realiza intervenções maiores nas ruas, utilizando lambe-lambes que apresentam retratos em preto e branco de membros da comunidade em poses combativas. Essas imagens são colocadas sobre um fundo colorido com formas geométricas, que fazem referência às pinturas corporais da cultura indígena, e são acompanhadas pela expressão “Resistência Guarani Mbyá”.

O artista também nomeia a maioria de seus trabalhos com palavras em guarani, uma forma de resgatar a cultura pela afirmação do idioma. Faz parte também do repertório do trabalho de Xadalu a imagem de animais da fauna brasileira, ressaltando o respeito que os povos originários têm pela natureza e a importância da preservação do meio ambiente. Em 2020, instala dois painéis de grandes dimensões com as imagens de uma onça e de um pássaro no Parque Redenção, em Porto Alegre. 

É a partir deste ano também que sua obra ganha destaque nacional. O trabalho Atenção Área Indígena é transformado em bandeira e hasteada na cúpula do Museu de Arte do Rio (MAR). Vence o Prêmio Aliança Francesa com a obra Invasão colonial: meu corpo nosso território, que lhe garante uma residência artística na França, em 2021.

Além de se apropriar da estética da arte urbana, o artista experimenta um visual pop com um colorido vibrante para resgatar os mitos e fábulas de seu povo. Um exemplo é a série de pinturas feitas com tinta acrílica Antes que se apague (2022). Faz parte desse conjunto a pintura Yvy Tenondé (2022), que representa uma das narrativas da criação do primeiro mundo. 

Em 2022, realiza a individual Antes que se Apague: Territórios Flutuantes, na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre. No mesmo ano, participa também do 37º Panorama da Arte Brasileira, do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) e da exposição Histórias Brasileiras, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp).

Xadalu Tupã Jekupé utiliza suas diversas expressões artísticas para resgatar e afirmar a cultura indígena, representando-a nas ruas e nas instituições de arte. Por meio de suas criações, promove a visibilidade dos Guarani Mbyá, compartilhando histórias, lutas e cosmologias, trabalho que provoca impacto social e artístico.

Exposições 13

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