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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Evelyn Queiroz

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 15.10.2024
1989 Brasil / São Paulo / São Paulo
Registro fotográfico Marcus Leoni

Evelyn Queiroz, 2020

Evelyn Cardoso Queiroz dos Santos (São Paulo, São Paulo, 1989). Grafiteira e artista visual. Questões como o direito das mulheres na sociedade, a liberdade do corpo e a negritude são apresentadas em sua produção por meio do graffiti e outras técnicas e formatos.

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Evelyn Cardoso Queiroz dos Santos (São Paulo, São Paulo, 1989). Grafiteira e artista visual. Questões como o direito das mulheres na sociedade, a liberdade do corpo e a negritude são apresentadas em sua produção por meio do graffiti e outras técnicas e formatos.

O interesse pelo desenho começa ainda na infância. Estuda design de interiores e design gráfico, mas não conclui esses cursos universitários. A motivação para as artes visuais não se restringe ao aspecto estético, a partir de seus trabalhos, Evelyn expressa sua reflexão crítica e propõe um debate sobre temas que possam promover mudanças sociais.

Seu início no graffiti acontece em 2009, quando assina sua produção como Negahamburguer, personagem recorrente em seus trabalhos e também homenagem ao nome de sua boneca preferida, presenteada no momento de seu nascimento. Negahamburguer tem figura curvilínea, cabelos crespos coloridos e simboliza a mulher livre, que não submete seu corpo à imposição de padrões de beleza. Ela aparece ao lado de frases que estimulam a autoestima das mulheres, como “Seu tamanho é lindo”, “Aceite seu corpo” e numa referência às mudanças impostas às texturas do cabelo negro: “Não deixe a mídia alisar sua história”.

O livro Beleza Real, de 160 páginas, com 53 relatos acompanhados de ilustrações em aquarela, é viabilizado por meio de sistema de financiamento colaborativo divulgado por dois meses em lambe-lambes e na internet. O projeto recebe em dezembro de 2013 o dobro da meta estimada, e a publicação é lançada em 2014. Nesse momento, a visibilidade de seu trabalho é ampliada exponencialmente.

Explora suportes como adesivos e lambe-lambe na street art, e utiliza tinta acrílica, aquarela e canetas marcadoras em sua pintura. Suas ilustrações, também produzidas com recursos digitais, são divulgadas em suas mídias sociais. Como tatuadora, adota o estilo handpoke, técnica artesanal que utiliza pintura com agulhas não eletrificadas, para aplicar ponto a ponto o pigmento sobre a pele. Nela, Evelyn manifesta de modo mais irrestrito seu interesse pela botânica, fazendo surgir folhas, ramos, raízes, flores e sutis paisagens em corpos majoritariamente femininos.

Em 2009, inicia o Projeto Beleza Real. Nele, depoimentos de histórias de opressão que recebe sistematicamente de mulheres em seu blog transformam-se em graffitis, adesivos e lambe-lambe nos muros da zona sul de São Paulo. E, de modo a renovar o debate, são publicados na internet.

Sua produção, ao fazer referência ao desconforto e conflito vivenciado por mulheres que lidam com preconceito e violência, cria consciência coletiva fornecendo um contraponto imagético para a onipresença das imagens fornecidas pela mídia e normatizadas pela sociedade, especialmente no que diz respeito a expectativas de comportamento e padrões estéticos prescritos aos corpos femininos.

Sua primeira exposição individual, A Culpa não Foi Sua (2014), em São Paulo, tem como tema o impacto e o sofrimento sentido por mulheres vítimas de estupro. As personagens apresentam nas telas, por meio de imagem e texto, desabafos íntimos e contundentes. O teor das mensagens propõe expor as vozes ensurdecidas pela sociedade, que historicamente silencia as vítimas desse tipo de violência.

Em 2015, realiza desenhos para a campanha do enfrentamento à violência sexual, com o objetivo de sensibilizar a sociedade para que se leve em consideração o relato de abusos de crianças e adolescentes. Os 12 cartazes ilustram, com o uso de cores fortes com a técnica de aquarela, rostos chorosos de crianças com frases obtidas de depoimentos reais como “ele deveria cuidar de mim”. 

Entre 2016 a 2018 seu projeto “Mochilão Negahamburguer” possibilita-lhe a abertura de caminhos para vivências e trabalhos em múltiplos lugares. Usa seus graffitis, ilustrações e desenhos de tatuagem como moeda de troca para hospedagem, passagens e alimentação em países da Europa e América Latina e em diversas regiões do Brasil.

Evelyn acredita que encontrar o próprio traço é encontrar a si mesma e, envolta nesse processo de autoafirmação, em 2019 deixa de assinar Negahamburguer e passa a assinar seu próprio nome. Ao explorar sua autopercepção em autorretratos, troca a representação das mulheres pela representação de si mesma, como uma maneira de se observar e se conhecer melhor. 

A partir de 2020, a mistura entre corpos femininos e plantas é aprofundada em suas telas. Elementos orgânicos constituem o rosto dessas imagens de cores intensas e tramas abundantes. O tema da transformação feminina e seus ciclos naturais pode ser visto na ilustração digital Cascas (2020). Nesse trabalho, um novo rosto emerge de um envoltório de textura ressecada. Em frente ao cabelo amarrado em coque, grandes cílios como galhos ramificados estabelecem o ponto focal da figura de rosto texturizado. A textura aplicada em áreas pontuais ou por toda a extensão na figura do corpo remetem a marcas de estrias ou nervações de folhas e raízes, como metáfora para o existir, com o ato de despontar, marcar e eclodir em fluxos. O atravessamento de corpos femininos por plantas localizadas em situações cósmicas são constantes nos trabalhos de 2021.

Utilizando inicialmente o graffiti e uma personagem, para em seguida ampliar a interlocução com uma audiência expandida via internet, Evelyn Queiroz coloca em evidência a importância da renovação de conceitos estéticos tangenciando questões de violência de gênero, racismo e a invisibilidade infligida às mulheres. 

Exposições 2

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Mídias (1)

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Evelyn Queiroz – Série Cada Voz (2021)
A artista Evelyn Queiroz apresenta nesta entrevista seu trabalho com grafitti, fala sobre a conexão com as discussões propostas pelo movimento feminista e faz uma perspectiva sobre sua carreira.

Preocupada com a representação de diferentes corpos e com as narrativas de mulheres afetadas por situações de violência, como sua personagem Negahamburguer, Evelyn conta que seu trabalho mais recente dialoga com a própria existência enquanto artista e mulher.

Evelyn aplica técnicas diversas, como a aquarela, o spray e a tatuagem, e diz que pretende seguir mesclando as diferentes formas de expressão artística em sua carreira.

ITAÚ CULTURAL
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Diretor Eduardo Saron
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Gerente: Tânia Rodrigues
Coordenação: Glaucy Tudda
Produção de conteúdo: Camila Nader
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Gerente: Claudiney Ferreira
Coordenação: Kety Nassar
Produção audiovisual: Letícia Santos
Edição de conteúdo acessível: Richner Allan
Direção, edição e fotografia: Marcus Leoni
Montagem: Renata Willig

Fontes de pesquisa 7

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