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Enciclopédia Itaú Cultural
Literatura

Roni Wasiry Guará

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 26.05.2023
1975 Brasil / Amazonas
Registro fotográfico Eduardo Fujise e Gideoni Junior/Itaú Cultural

Roni Wasiry Guará, 2016

Roni Wasiry Guará (Paraná do Ramos, Amazonas, 1975) é escritor e educador. Sua produção literária se destina predominantemente ao público infanto-juvenil. Em suas obras e atividades educacionais, o autor divulga os saberes ancestrais de seu povo, atuando como importante expoente na afirmação identitária Maraguá.

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Roni Wasiry Guará (Paraná do Ramos, Amazonas, 1975) é escritor e educador. Sua produção literária se destina predominantemente ao público infanto-juvenil. Em suas obras e atividades educacionais, o autor divulga os saberes ancestrais de seu povo, atuando como importante expoente na afirmação identitária Maraguá.

Guará é descendente de um clã de pescadores do povo Maraguá, que se concentra na região do Baixo Amazonas, sobretudo entre os municípios de Maués e Nova Olinda do Norte. Ali vive até os doze anos de idade, aprendendo com os mais velhos os costumes e tradições de seu povo.

Forma-se em Pedagogia Intercultural Indígena pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Em 2008, participa como contador de histórias de uma caravana pelo Amazonas. O trabalho o leva a Brasília, São Paulo e outras cidades, e dá origem ao seu primeiro livro, O caso da cobra que foi pega pelos pés, publicado em 2009.

Nessa narrativa poética, a antagonista é uma cobra jiboia que devora toda a caça destinada à alimentação dos Maraguá. O protagonista é o menino Kurumim, que desenvolve uma armadilha e captura o ofídio, libertando seu povo da fome.

Ao se mudar para o município amazonense de Boa Vista do Ramos, trabalha como professor da escola Casa Familiar Rural (CFR), que ensina técnicas agrícolas e de manejo florestal para preservação e desenvolvimento ambiental sustentável.

Em 2011, lança Mondagará – Traição dos encantados, obra que trata da relação entre ancestralidade, natureza e tradição oral. No livro, o autor transmite ao público mais jovem os saberes compartilhados pelo seu avô. A narrativa conta o surgimento da diversidade das cobras que, depois de viverem ao lado do grande Criador, hoje habitam a floresta.

A obra apresenta mais uma vez o componente marcante na obra de Guará: a literatura como documento histórico de uma produção intelectual ancestral, acumulada coletivamente por meio de tradições orais. Guará toma para si o papel de narrador num processo criativo que passa pela escuta e registro de histórias de anciãos, homens e mulheres.

Çaiçu-Indé: o primeiro grande amor do mundo é publicado também em 2011, e apresenta a história do eclipse como o resultado de um encontro amoroso. Essa cosmogonia procura explicar a origemde opostos complementares como o dia e a noite, a luz e a sombra, o amor e a solidão. No livro, a indígena Yãny se apaixona por Guaracy (o sol). Ela é picada fatalmente por uma serpente e, como último desejo, pede a Moñag, divindade Maraguá, que a leve para viver junto de seu amado. Yãny é transformada em Guixiá (a lua) e passa a viver no céu, mas sempre distanciada de seu amado pelo dia e pela noite. O eclipse é, então, o momento de encontro entre os amantes.

Em 2012, Guará publica Olho d'água – O caminho dos sonhos, escrito por ele e ilustrado por Walther Moreira Santos (1979). O livro, vencedor do 8º Concurso Tamoios de Textos de Escritores Indígenas, apresenta uma conversa na aldeia, em meio à Mãe Natureza, e narra as aventuras de Waykãna. A obra estabelece paralelos entre um passado, em que o povo era capaz de exercer livremente suas tradições, e o presente, com a presença do não indígena e todos os conflitos culturais, econômicos e ambientais provocados por esse encontro.

A árvore da vida, publicado em 2014, relata a história de amor entre o povo Maraguá e as árvores, tendo o jatobá como destaque. A narrativa apresenta essa árvore como símbolo da vida, cujos ensinamentos seriam acessados pelos humanos por meio dos sonhos. Além da vida e da morte, o livro narra os poderes de cura e os rituais associados às árvores, como a celebração dos aniversários dos indígenas.

No mesmo ano, organiza com outras lideranças maraguás, um dos trabalhos mais abrangentes na luta pela afirmação identitária de seu povo: o livro Maraguápéyára, um documento da história e do pensamento desse povo. Dividida em oito capítulos, a obra aborda diversas facetas da cultura maraguá: os mitos fundadores; a cultura do sagrado; os ritos; as relações de parentesco; as atividades de caça, pesca e plantio; os esportes e as brincadeiras. Ao final, o livro apresenta um glossário da língua Maraguá e outro de palavras regionais da Amazônia. A obra aborda também os principais conflitos na relação com os não indígenas, como o desmatamento, o desrespeito à biodiversidade e a fragmentação dos saberes ancestrais no cotidiano dos maraguás urbanos.

Em suas atividades como educador, escritor e palestrante, Roni Wasiry Guará recria os saberes ancestrais de seu povo. A história dos mitos fundadores dos Maraguá, muitas vezes em forma de cosmogonias, traduz em forma de literatura escrita os ensinamentos orais dos mais velhos como forma de ampliar o alcance e a vida da cultura de seu povo.

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