Luisa Dörr
Texto
Luisa Dörr (Lajeado, Rio Grande do Sul, 1988). Fotógrafa. Destaca-se pela realização de retratos em seus projetos autorais e em trabalhos comissionados. Apesar de não restringir seus temas, é reconhecida por focar figuras femininas, apresentando mulheres em seus ambientes, com suas histórias pessoais e seus contextos espaciais.
Estuda design na Universidade do Vale do Taquari e trabalha no estúdio fotográfico de sua tia, onde passa a tratar imagens. Inicia-se na prática de maneira mais intensa ao fotografar suas amigas durante o tempo livre. Cursa fotografia da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas, e na mesma época trabalha como assistente em um estúdio de fotografia publicitária em Porto Alegre.
Em 2013, muda-se para São Paulo e trabalha no Estúdio Madalena como assistente de curador e produtora cultural. Reside na Índia em 2014, onde leciona fotografia para crianças na escola Learn for Life. Volta a São Paulo no mesmo ano e passa a trabalhar como fotógrafa freelancer para veículos de comunicação como Folha de S.Paulo, Estadão, El País e Vice.
Ao cobrir um evento de beleza infantil, conhece a modelo Maysa Martins Leite (2003) e inicia a série fotográfica Maysa (2014), acompanhando a vida da menina na comunidade de Brasilândia, em São Paulo, e seu sonho de se tornar Miss Brasil. Partindo da premissa documental, as imagens são produzidas com a luz natural presente nos ambientes. Não há afastamento entre Luisa, Maysa e sua família, mas sim uma intimidade percebida no despojamento dos corpos nas imagens cotidianas e no olhar seguro de Maysa nas fotografias. Os aspectos temáticos se voltam para questões de gênero e raça.
Em 2015, Luisa Dörr ganha o prêmio Emerging Talent da revista LensCulture e é reconhecida como Emerging Photographer pela revista PDN. Em 2016, vence o World Press Photo Joop Swart Masterclass do World Press Photo.
Utilizando sua conta na rede social Instagram como um diário visual, cria o projeto #womantopography (2015). Nele, a fotógrafa investiga o rosto feminino como uma paisagem e busca formas de transparecer a narrativa de vida das mulheres que encontra em suas viagens. Essas imagens, em sua maioria feitas com luz natural, estabelecem uma relação frontal de igualdade entre observadora e observadas por meio do posicionamento da câmera em ângulo normal1. Por mais que o rosto seja o ponto central dessas fotografias, o corpo e o entorno das mulheres fotografadas também são importantes, adicionando contexto à composição e construindo uma atmosfera ao mesmo tempo poética e direta.
Com a repercussão de Maysa e #womantopography, Luisa Dörr é convidada a integrar o projeto multimídia Firsts (2017), da revista norte-americana Time, que aborda a história de mulheres contemporâneas pioneiras em áreas como política, ciência, entretenimento, entre outras. Segundo a estética empregada em seu perfil no Instagram, com fotografias obtidas apenas por meio de dispositivos móveis, Dörr registra a imagem de 46 mulheres utilizando luz ambiente, um rebatedor e um iPhone. Para ela, o uso do celular como aparelho fotográfico ajuda a aproximar fotógrafa e fotografada, criando uma relação não opressora. Também defende que a constituição do olhar de quem fotografa é mais importante que a ferramenta utilizada. A revista Time publica 12 capas para essa edição, todas com fotografias de Luisa Dörr. Em 2018, Firsts vence o prêmio de Projeto Documental do Ano do Pictures of the Year International-POYi.
No mesmo ano, em viagem pela Espanha, a fotógrafa tem contato com a festa Las Fallas de San José, em Valência, na qual mulheres se vestem com trajes inspirados nas roupas típicas de agricultoras dos campos de arroz em séculos anteriores. A série Falleras (2018) apresenta essas mulheres em paisagens naturais, cercadas por vegetação, ou em ambiente doméstico, ambos com luz natural difusa, ressaltando a opulência de seus vestidos através da intensidade de suas cores e do enquadramento integral dos corpos. Em 2019, Falleras é premiada com o terceiro lugar na categoria retratos do World Press Photo.
O trabalho de Luisa Dörr toma como matéria-prima a vida, principalmente a de mulheres, com suas trajetórias particulares e seus anseios profundos. Ela constitui uma fotografia de trocas horizontais, que, ao observar, acolhe com atenção e respeito e devolve em imagens a grandeza de cada paisagem humana com a qual trava contato.
Notas
1. Quando a câmera se encontra no nível do olho da pessoa fotografada.
Exposições 4
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22/10/2016 - 19/11/2016
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16/8/2018 - 4/11/2018
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13/6/2019 - 11/8/2019
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31/8/2020 - 20/1/2019
Fontes de pesquisa 6
- LUISA DÖRR. Instagram: @luisadorr. [S.l.], [s.d.]. Disponível em: https://www.instagram.com/luisadorr/. Acesso em: 14 jul. 2020.
- LUISA DÖRR. News & Printed. Blogspot. [S.l.], [s.d.]. Disponível em: http://luisadorr.blogspot.com. Acesso em: 14 jul. 2020.
- MORIYAMA, Victor. Luisa Dörr e a conexão íntima pela fotografia. El País, [s.l.], 28 fev. 2019. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/02/26/opinion/1551139315_526494.html. Acesso: 14 jul. 2020.
- SESI-SP. Retratos de Mulheres por Mulheres [convite virtual]. Mensagem recebida por enciclopedia@itaucultural.org.br em 19 jan. 2020.
- WORLD PRESS PHOTO. 2019 Photo Contest, Portraits, Stories, 3rd Prize. Falleras. Luisa Dörr. [S.l.], 3 fev. 2018. Disponível em: https://www.worldpressphoto.org/collection/photo/2019/37711/1/Luisa-Dorr-POS-AF. Acesso em: 14 jul. 2020.
- WORLD PRESS PHOTO. Luisa Dörr. [S.l.], [s.d.]. Disponível em: https://www.worldpressphoto.org/person/1839/Luisa%20Dörr>. Acesso em: 14 jul. 2020.
Como citar
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LUISA Dörr.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa641331/luisa-dorr. Acesso em: 05 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7