Jorge Ileli
Texto
Jorge Miguel Ileli (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1925 – Idem, 2003). Diretor, roteirista, produtor, livreiro, crítico. Em 1949, escreve críticas de cinema na revista Diretrizes. Escreve também para A Cigarra, Última Hora e Jornal de Cinema, entre outros. Em 1949, é assistente de direção e roteirista do inacabado Aglaia, de Ruy Santos (1916-1989). Realiza, na produtora Atlântida, o policial Amei um Bicheiro (1952), que escreve e codirige com Paulo Vanderley (1903-1973), sucesso de público e crítica.
Também com Paulo Vanderley, produz e escreve Carnaval em Caxias (1954). Em 1961, dirige Mulheres e Milhões e inicia a pesquisa para a produção do documentário O Mundo em que Getúlio Viveu, sobre o ex-presidente Getúlio Vargas (1882-1954). Finalizado às vésperas do Golpe de 1964, o diretor resolve adiar o lançamento da película.
Em 1968, funda a Entrefilmes, pela qual produz Juliana do Amor Perdido (1970), dirigido pelo primo Sérgio Ricardo (1932), e realiza Viver de Morrer (1972). Faz para o Instituto Nacional de Cinema (INC) os curtas documentais Carmen Miranda (1969), O Brasil na Guerra (1969) e Uma Cruz na Estrada (1970). Em 1976, aproveitando a abertura do governo Geisel e a liberação de outros documentários sobre Getúlio Vargas, lança O Mundo em que Getúlio Viveu.
Abre, em 1966, a rede de livrarias Entrelivros, sucedida em 1977 pela também editora e distribuidora Unilivros, que lhe garantem o sustento. Lança seu último filme em 1981, Aracely, Meu Amor, adaptação do livro de José Louzeiro (1932).
Análise
O cineasta, influenciado por diretores como os norte-americanos Jules Dassin (1911-2008) e John Huston (1906-1987)1, encontra no gênero policial a forma para trabalhar temas tipicamente brasileiros. Seu principal filme, Amei um Bicheiro, retrata o drama de um rapaz que vive do jogo do bicho, atividade ilegal. Ileli e Vanderley mesclam procedimentos do filme noir, como a luz recortada e a femme fatale, e outros clichês do filme de gângster.
Seus dois longas de ficção seguintes repetem os mesmos procedimentos. Mulheres e Milhões acompanha assaltantes de bancos e Viver de Morrer, fraudadores de seguros de vida. Em seus filmes, percebe-se a condenação da criminalidade pela moral de que o “crime não compensa”. Porém, Ileli vê o crime como um problema social e não meramente policial. Seus protagonistas são pessoas que não encontram outra forma de sobreviver e a redenção cabe apenas a eles próprios – portanto, não surpreende o fato de que a polícia não tem, nos filmes de Ileli, nenhum protagonismo.
Como afirma o crítico Ely Azeredo, Ileli é “cineasta urbano, inconformado com a inversão de valores, empenhado em focalizar as fragilidades humanas sem o biombo de pretextos ideológicos fáceis de decorar”2.
Notas
1. AZEREDO, Ely. Jorge Ileli: o suspense de viver. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010. p. 151-152.
2. AZEREDO, Ely. O cinema urbano de Jorge Ileli. In: Filme Cultura, Rio de Janeiro, n. 24, p.29-37, 1973.
Fontes de pesquisa 6
- ARAÚJO, Luciana. Ileli, Jorge. In: RAMOS, Fernão Pessoa; MIRANDA, Luiz Felipe (Orgs). Enciclopédia do cinema brasileiro. São Paulo: Senac, 2004. p. 297-298.
- AZEREDO, Ely. Em memória do cinema de Jorge Ileli. In: O Globo, Rio de Janeiro, 2 jun. 2011. Segundo Caderno, p. 4.
- AZEREDO, Ely. Jorge Ileli: o suspense de viver. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010.
- AZEREDO, Ely. O cinema urbano de Jorge Ileli. In: Filme Cultura, Rio de Janeiro, n. 24, p.29-37, 1973.
- MELO, Rosana A. Cardoso de. O cinema de Jorge Ileli. Rio de Janeiro: Unilivros, 1988.
- ROCHA, Glauber. Revisão crítica do cinema brasileiro. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
Como citar
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JORGE Ileli.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa640281/jorge-ileli. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7