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Enciclopédia Itaú Cultural
Cinema

Gabriela Amaral Almeida

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 14.11.2019
1980 Brasil / São Paulo / São Paulo
Gabriela Amaral Almeida (São Paulo, São Paulo, 1980). Diretora de cinema, roteirista. Seus filmes apresentam questões sociais e dramas individuais em atmosfera de terror, discutindo incômodos humanos por meio da fantasia.

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Gabriela Amaral Almeida (São Paulo, São Paulo, 1980). Diretora de cinema, roteirista. Seus filmes apresentam questões sociais e dramas individuais em atmosfera de terror, discutindo incômodos humanos por meio da fantasia.

Gabriela forma-se em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) em 2003 e, em seguida, na pós-graduação, dedica-se a pesquisas sobre literatura e cinema de horror, sobretudo à construção da atmosfera de medo e suspense nos livros do escritor estadunidense Stephen King (1947). Em 2007, forma-se em roteiro na Escuela Internacional de Cine y TV (Eictv), em San Antonio de los Baños, Cuba. 

O interesse pelo terror, desenvolvido em sua pesquisa, está presente de maneira variada no trabalho da diretora, iniciado com curta-metragens. Em A Mão que Afaga (2011), Gabriela constrói o clima de suspense do filme valendo-se de baixa iluminação, poucos diálogos entre personagens e a figura de um homem fantasiado de urso, contratado por uma atendente de telemarketing [Luciana Paes (1980)] para a comemoração em casa do aniversário do filho. O curta, entretanto, não institui o terror como fundamento da narrativa: o fim da história é marcado mais pela incômoda solidão da protagonista do que por um término aterrorizante ou violento.

Em Estátua! (2014), a diretora também trabalha com sentimentos como pena e angústia, mas dessa vez define o medo como ponto central da narrativa. Nesse curta, Isabel [Maeve Jinkings (1976)] começa a trabalhar como babá da pequena Joana [Cecília Toledo]. A mãe da criança viaja a trabalho e deixa as duas sozinhas no apartamento. A menina torna-se possessiva, além de demonstrar agressividade. O espectador se penaliza pela solidão da criança, ao mesmo tempo em que descobre, com Isabel, estranhas situações que envolvem a pequena personagem.

Os trabalhos de Gabriela trazem, com frequência, o medo associado à descoberta. A narrativa leva o espectador a conhecer diferentes facetas dos personagens ao mesmo tempo que eles, quando exposto a situações extremas, se descobrem. Dramas sociais e individuais provocam desconforto, e é essa sensação que produz o terror, fazendo das obras da diretora o encontro de medos humanos com a fantasia.

Em longas-metragens, Gabriela dirige O Animal Cordial (2017), pelo qual recebe, em 2018, o prêmio de melhor direção no Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre (Fantaspoa). No filme, durante o assalto a um restaurante, o dono do estabelecimento, Inácio [Murilo Benício (1972)], rende os dois criminosos e atira em um deles. Nesse momento, a narrativa surpreende: os papéis se invertem, e Inácio, com a ajuda da garçonete Sara [Luciana Paes], torna reféns os poucos clientes do local, um funcionário da cozinha e os bandidos.

O longa associa o terror à violência e ao medo da morte física, seguindo o subgênero de terror conhecido como slasher, caracterizado por um personagem psicopata que elimina suas vítimas no decorrer da narrativa. Inácio passa o resto da noite criando uma atmosfera de medo para seus reféns, que não sabem como e quando serão assassinados. 

Segundo Gabriela, o filme é uma alegoria política da sociedade que narra o desejo pela violência contra o que é diferente. Os personagens presentes no restaurante são arquétipos sociais que, durante a noite, estabelecem oposições entre si e criam a necessidade de afirmação de forças. Constata-se ao longo do filme a reprodução de preconceitos como homofobia e racismo, além da desigualdade social que divide clientes e empregados.

O Animal Cordial é a construção do terror cotidiano, a partir do qual Gabriela, sem maniqueísmos, amplifica sensações mundanas, tendo a violência como possibilidade de o ser humano lidar com situações de pressão. Assim como nos curtas-metragens, a narrativa do filme se constrói sobre as descobertas dos personagens, especialmente de Sara, que se conhece e leva o espectador a conhecê-la por meio da violência e da realização de seus desejos. 

Em A Sombra do Pai (2017), a diretora traz o sobrenatural para contar a história de Dalva [Nina Medeiros] e a relação com seu pai Jorge [Julio Machado (1981)] após a morte da mãe. A menina solitária diante da indiferença do pai, incapaz de manifestar tristeza pela perda da esposa, acredita ser possível trazer a mãe de volta à vida.

A narrativa leva o espectador a questionar se Dalva tem poderes sobrenaturais ou se os acontecimentos misteriosos são frutos de sua imaginação infantil. A descoberta se coloca mais uma vez como pano de fundo das histórias de Gabriela: a menina precisa se adaptar à ausência da mãe e assumir responsabilidades da vida adulta, e seu pai, mostrar suas fragilidades diante do luto.

O tema emocional e aterrorizante exige de Gabriela a construção de dois roteiros: um completo para os atores adultos, outro exclusivo para Nina Medeiros, com linguagem acessível, para que a atriz mirim construa sua personagem como parte de uma brincadeira. A atuação da criança e sua personagem são elogiadas pela crítica.

Gabriela trabalha a fantasia como possibilidade para potencializar medos humanos, mas sem perder o horizonte da realidade. Seus filmes criam uma atmosfera de suspense e causam incômodo ao espectador para que ele identifique nos personagens os próprios estranhamentos do meio social em que vive. 

Exposições 1

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Mídias (1)

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Gabriela Amaral Almeida - Série Encontra - Arte 1 (2019)
A diretora de cinema Gabriela Amaral Almeida recebe Gisele Kato em sua casa e conta sobre sua formação desde a infância assistindo a filmes na TV aberta e aprendendo a ler com as obras de Stephen King. A produção de “cinema de medo”, como ela chama, é capaz de gerar empatia e funciona como termômetro da realidade.

Ela mostra seus cadernos com ilustrações, que a auxiliam em suas produções, em consonância com o hábito de escrever neles seus projetos, em contraponto à seriedade exigida pela escrita no computador.

A Enciclopédia Itaú Cultural apresenta a série Encontra, produzida pelo canal Arte 1. Em um bate-papo com Gisele Kato, o público é convidado a entrar nas casas e ateliês dos artistas, conhecendo um pouco mais sobre os bastidores de sua produção.

Créditos
Presidente: Milú Villela
Diretor-superintendente: Eduardo Saron
Superintendente administrativo: Sérgio Miyazaki
Núcleo de Enciclopédia
Gerente: Tânia Rodrigues
Coordenação: Glaucy Tudda
Núcleo de Audiovisual e Literatura
Gerente: Claudiney Ferreira
Coordenação: Kety Nassar
Arte 1
Direção: Gisele Kato/ Ricardo Sêco
Produção: Yuri Teixeira
Edição: Tauana Carlier

Fontes de pesquisa 8

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