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Enciclopédia Itaú Cultural
Dança

Toshie Kobayashi

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 30.01.2025
1946 Brasil / São Paulo / São Paulo
2016 Brasil / São Paulo / São Paulo
Toshie Kobayashi (São Paulo, São Paulo, 1949 – Idem, 2016). Bailarina, coreógrafa e professora. Inicia no balé clássico aos 7 anos de idade, pelo método de Enrico Cecchetti (1850-1928) da escola italiana. As aulas são ministradas pela professora italiana Carmen Bonn. Tem aulas particulares, também, com a professora e bailarina italiana Maria Mel...

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Biografia
Toshie Kobayashi (São Paulo, São Paulo, 1949 – Idem, 2016). Bailarina, coreógrafa e professora. Inicia no balé clássico aos 7 anos de idade, pelo método de Enrico Cecchetti (1850-1928) da escola italiana. As aulas são ministradas pela professora italiana Carmen Bonn. Tem aulas particulares, também, com a professora e bailarina italiana Maria Melô (1908-1993), entre os anos de 1953 e 1957. Ainda nos anos 1950, participa de programas na TV, como o infantil dominical Ginkana Kibon, na TV Record, com apresentação de Vicente Leporace (1912-1978), e No Mundo das Pontas dos Pés, na extinta TV Tupi, de Vicente Sesso (1933).

Aos 10 anos, ingressa como aluna da Escola Municipal de Bailados (EMB) de São Paulo, atual Escola de Dança São Paulo. Tem como mestres a primeira geração de bailarinos formados na instituição, especialmente a bailarina, coreógrafa e professora Marília Franco (1923-2006). Nesse período, integra os espetáculos da escola em solos e pas-de-deux de coreografias de Marília, ao lado de bailarinos como Joshey Leão (1927-1983), Michel Barbano e Mozart Xavier, e em montagens operísticas no Teatro Municipal de São Paulo.

Ingressa como docente da EMB seis anos depois, em 1970, na qual atua durante 35 anos. Paralelalemte, abre o estúdio Ballet Toshie Kobayashi, em São Caetano do Sul, São Paulo. Por quase quatro décadas dirige e realiza preparação voltada à atuação em balés de repertório acadêmico. Forma, aproximadamente, mil bailarinos. Muitos deles atuam em companhias profissionais pelo país ou ensinam em estúdios do estado. É o caso de bailarinos e coreógrafos como Sandro Borelli (1959) e Mauricio Oliveira, em São Paulo, e Antonio Gomes, na Suíça.  A partir dos anos 1990, colabora com o  Festival de Dança de Joinville, Santa Catarina, como jurada e integrante do Conselho Consultivo.

Ao encerrar os trabalhos em seu estúdio, em 2006, intensifica e sistematiza a colaboração  com estúdios, oficinas e festivais de dança do circuito de escolas do país como coreógrafa e professora. Atua em capitais como Teresina, Goiânia e Cuiabá, e cidades dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. É conselheira e ministra avaliações pedagógicas ao quadro docente da Escola Municipal de Bailado de Ourinhos, São Paulo. Recentemente, ministra curso para os bailarinos da Cia. Jovem da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville.

Análise
Toshie Kobayashi é uma das poucas especialistas na preparação de bailarinas e na reposição de obras do repertório acadêmico-clássico.

Como declara Marília Franco no período: “O ‘ballet’ no Brasil vai muito bem, apesar da pouca divulgação que se faz. Temos talento, criaturas extraordinárias que podem perfeitamente integrar qualquer conjunto estrangeiro, como Araci de Almeida, Toshie Kobayashi...”[1].

A ausência de uma companhia de balé vinculada a um teatro oficial leva a bailarina a experimentar os estúdios da emergente televisão brasileira como palco, em programas da TV Record e da extinta TV Tupi.

Nos anos 1960, integra montagens operísticas do Teatro Municipal de São Paulo e produções da Escola Municipal de Bailados (BEM). É o caso de Schéherazade (1965) e do pas-de-deux do repertório clássico como O Quebra-Nozes (1969), em dupla com o bailarino Josehy Leão.

Quando integra o quadro de professores da EMB e abre seu estúdio, desenvolve as estratégias pedagógicas voltadas à interpretação de peças do repertório acadêmico-clássico. Entre elas, obras como Don Quixote, Diana e Acteon e Paquita. Concentra-se no acompanhamento das gerações de alunos treinados por ela no balé clássico. Certifica-se como membro da Royal Academy of Dancing, Londres, depois de uma bateria de testes aplicados por professores ingleses sobre as instruções de ensino do método.

O produto dessa especialização é a premiação em competições internacionais de três de seus pupilos. A Medalha de Bronze é dada para o solo de Enéas Brandão no 16º Internacional Danse Competition (1994), em Varna, Bulgária. Enéas Brandão e Andrea Thomioka recebem outra Medalha de Bronze para o pas-de-deux  executado no 7º Masako Ohya Ballet Competition (1995), em Osaka, Japão. O solo de Andrea Thomioka no 17º Internacional Danse Competition (1996), de Varna, é premiado com uma Medalha de Ouro. Andrea é a primeira brasileira a conquistar essa premiação. Mais recentemente,  Isabella Gasparini recebe a Medalha de Ouro para o solo executado no Youth America Grand Prix (2003) de Nova York.

Como assinala a pesquisadora Helena Katz (1950): “Toshie Kobayashi, a mestra-referência quando o assunto é formação de bailarinas clássicas, uma das raras unanimidades brasileiras...”[2]2. O sucesso torna-se evidente entre seus pares brasileiros à época da segunda premiação: “Eu trabalho sem alardes. Quando a levei [Andrea] para o Japão, as pessoas não davam importância. Mas depois do concurso de Osaka, os próprios brasileiros se surpreenderam”[3]3. Desde então, seus alunos passam a cumprir carreira profissional: Enéas integra o Balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Isabela atua no exterior e Andrea passa pelo Balé da Cidade de São Paulo.

Defensora da primazia da técnica de balé clássico sobre outras práticas, Toshie ressalta a importância de entender a técnica como a base para outras danças.

Digo aos bailarinos que sejam versáteis. Mas é fundamental seguir a base clássica, para saber executar a técnica, num aprendizado para a vida inteira. É uma rotina dura, embora seja necessário estar sempre praticando[4]4.

Para ela, o sucesso no balé inclui uma rotina de disciplina e rigor. Nas aulas em sua escola, mescla os métodos da escola russa e inglesa, um viés de forte tendência no ensino do balé no país. Recorre, também, à atenção: “Eu dava as minhas aulas com varinha! Mandava fazer, eles faziam. Foi assim que criei grandes bailarinos, como Andrea Thomioka”[5]5.

O encerramento de seu estúdio, em 2006, dá-lhe oportunidade de ampliar a atividade pedagógicas e de consultoria em balé clássico. Exemplo disso é colaboração com as remontagens da peça O Quebra-Nozes, que a Cisne Negro Cia. de Dança realiza anualmente em São Paulo.

Notas
[1] KRUSE, Olney. Sapatilha de gesso depois da última dança que não veio. Folha de S.Paulo, São Paulo, 09. set. 1968.
[2] KATZ, Helena. Brasil encontra ponto de referência com o Kirov. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 29 out. 1996. Caderno 2, p D3.
[3] BRAGATO, Marcos. Andrea, A Nova Sensação. Jornal da Tarde, São Paulo, 12 ago. 1997. SPVariedades, p. 8C.
[4] MEIRA, Tatiana. Maratona de dança celebra o clássico. Diário de Pernambuco, Pernambuco, 07 jul. 2004.  Disponível em: < http://www.old.pernambuco.com/diario/2004/07/07/viver15_0.html >. Acesso em: 20 nov. 2013.
[5] MORAES, Deborah Rocha. Memórias de uma mestra. Revista de Dança, São Paulo, 30 out. 2012. Disponível em: < http://www.revistadedanca.com.br/sala_de_aula.php?id=5 > Acesso em:  25 out. 2013.

Fontes de pesquisa 11

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  • BRAGATO, Marcos. Andrea, A Nova Sensação. Jornal da Tarde, São Paulo, 12 ago. 1997. SPVariedades, p. 8C.
  • BRAGATO, Marcos. Mostra leva dança clássica ao grande público. Jornal da Tarde, São Paulo, 12 ago. 1997. SPVariedades, p. 8C.
  • BRAGATO, Marcos. O Brasil Corta as Asas de seus Cisnes. Jornal da Tarde, São Paulo, 08 fev. 1996. SPVariedades, p. 10A.
  • KATZ, Helena. Brasil encontra ponto de referência com o Kirov. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 29 out. 1996. Caderno 2, p D3.
  • KATZ, Helena. Fernanda Diniz faz estreia no país em grande estilo. O Estado de S. Paulo, São Paulo,10 dez. 1997. Caderno 2, p. D3.
  • KRUSE, Olney. Sapatilha de gesso depois da última dança que não veio. Folha de S.Paulo, São Paulo, 09. set. 1968.
  • MEIRA, Tatiana. Maratona de dança celebra o clássico. Diário de Pernambuco, Pernambuco, 07 jul. 2004. Disponível em: < http://www.old.pernambuco.com/diario/2004/07/07/viver15_0.html >. Acesso em: 20 nov. 2013.
  • MORAES, Deborah Rocha. Memórias de uma mestra. Revista de Dança, São Paulo, 30 out. 2012. Disponível em: < http://revistadedanca.com.br/memorias-de-uma-mestra/ > Acesso em: 25 out. 2013.
  • O ESTADO de S. Paulo. Municipal terá récitas de balé. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 04 dez. 1969. Geral, p. 15.
  • O ESTADO de S. Paulo. ‘Schéharazade’ em balé dia 25 no Teatro Municipal. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 21 nov. 1965. Geral, p. 166.
  • PONZIO, Ana Francisca. Revelação brasileira se apresenta em Paris. Folha de S.Paulo, São Paulo, 31 jul. 1996. Ilustrada, p. 5-7.

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