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Enciclopédia Itaú Cultural
Dança

Nora Esteves

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 07.08.2024
1948 Brasil / Rio Grande do Sul / Porto Alegre
Nora Esteves (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1948). Bailarina, coreógrafa e professora. No Rio de Janeiro, inicia-se em dança clássica aos 8 anos, com Tatiana Leskova (1922). Simultaneamente, estuda  na Escola de Danças Clássicas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, atual Escola Estadual de Dança Maria Olenewa. Finaliza o curso dois anos an...

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Nora Esteves (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1948). Bailarina, coreógrafa e professora. No Rio de Janeiro, inicia-se em dança clássica aos 8 anos, com Tatiana Leskova (1922). Simultaneamente, estuda  na Escola de Danças Clássicas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, atual Escola Estadual de Dança Maria Olenewa. Finaliza o curso dois anos antes do período habitual de cinco, por cumprir as exigências. Tem Emílio Martins (1932-2014) como primeiro partenaire em uma apresentação na escola de Leskova. Aos 14 anos, é aprovada na seleção para o corpo de baile do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no qual atua por três anos.

Em 1965, por iniciativa do coreógrafo estadunidense William Dollar (1907-1986), atua em solos de Combate e Bolero e no pas de deux de Divertimento. Recebe destaque pelas apresentações e obtém bolsa de estudos para o Joffrey Ballet, em Nova York. Ao retornar ao país, integra a Companhia Brasileira de Ballet até 1968. Entre 1970 e 1974, volta a atuar no Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, participando de montagens do argentino Oscar Araiz (1940) e do russo George Skibine (1920-1981). Atua, então, no papel título do balé Sheherazade, no Thêatre Populaire de Reims (França). Entre 1975 e 1979, atua nos Ballet de Marseille de Roland Petit, Ballet Théâtre Contemporain, em Angers, e Ballet de Nancy, na França. Participa, ainda, do Balé da Ópera de Munique, Alemanha, bem como de produções no Teatro Massimo de Palermo, Itália.

Em 1979, reestreia no Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, mas, em 1981, um acidente durante uma apresentação de Coppelia interrompe sua carreira por três anos. Nos anos 1980, recebe o Golfinho de Ouro (1984), em dança, prêmio do governo do Rio de Janeiro, e é destaque na montagem Floresta Amazônica, de Dalal Achcar (1937). Na década seguinte, atua em O Lago dos Cisnes, participa da turnê de Imagens Musicais, de Dalal Achcar, e lança o vídeo Nora Esteves In Foco. Nos anos 2000, dedica-se mais ao ensino da dança clássica e coreografa o musical Império (2004), de Miguel Falabella (1956). Atualmente, ensina no Centro de Movimento e na Companhia de Dança, ambos de Deborah Colker (1960).

Análise
A história da profissionalização do balé no Brasil ocorre com adversidades. Nora Esteves compõe a geração que antecipa as melhorias na área, e por elas reclama. Desde cedo, seu perfil artístico – que alia compleição física para a dança e musicalidade irrestrita – inserem a bailarina entre os solistas do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

A excepcionalidade de Nora Esteves destaca-se em um país que ainda ensaia o olhar adequado à dança clássica. Pelas mãos de Tatiana Leskova – “Essa é a minha mestra, meu ídolo, uma profissional perfeita” [1] –, completa precocemente a formação na Escola de Danças Clássicas e ingressa, aos 14 anos, no Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Três anos depois, destaca-se como Clorinda na montagem de Combate, de William Dollar. “Nora Esteves revelou-se portadora de classe inequívoca, de futura intérprete da dança” [2].

A primeira experiência no exterior, quando estuda em Nova York no Joffrey Ballet e atua com os coreógrafos norte-americanos Jerome Robbins (1918-1998) e Gerald Arpino (1928-2008), chama sua atenção para o descuido e a situação funcional da companhia carioca.

Como assinala Eurico Nogueira França (1913-1992):

O Teatro Municipal do Rio de Janeiro está completamente inscrito em um universo opressor, submetido ao processo do papelório e da burocracia – meio excelente para que as pessoas que tenham interesse artístico a tratar, ou carreira a cumprir, se sintam baratas tontas. É o clima do mais puro Kafka[3].

E a situação inclui ensaiar sem as sapatilhas de ponta e dançar com rotos figurinos.

Na segunda experiência internacional, entre 1975 e 1979, Nora Esteves atua em companhias francesas, realiza turnês europeias e conhece a via da profissionalização. Ao retornar ao Brasil, depara-se com as melhorias no Ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Floresta Amazônica (1985) é um dos destaques de sua participação na cena carioca. O longo comentário do crítico João Cândido Galvão (1937-1995) sintetiza a singularidade profissional da bailarina:

Tendo saído do Brasil à procura de melhores condições de trabalho, voltou quando a saudade bateu e descobriu que aqui as condições de trabalho em dança tinham melhorado bastante. O que mudou para Nora a partir da Floresta Amazônica foi a consciência de que, dona de um físico privilegiado e de uma técnica perfeita, ela acrescentou a isso uma tranquilidade que só se consegue com a maturidade. As maiores proezas técnicas agora são realizadas com um à-vontade e uma simplicidade empolgantes[4].

Durante sua carreira, Nora participa de grandes montagens como: O Lago dos Cisnes, O Quebra Nozes, Giselle, Coppelia, La Bayadere, O Corsário, Don Quixote, Paquita e outros clássicos.

Como Clorinda, Odette/Odile (O Lago dos Cisnes), Per Viola (Cantabile, de Oscar Araiz), Sheherazade (George Skibine) ou Paquita, Nora Esteves demonstra desenvoltura e musicalidade. No papel-título em Giselle, do inglês Peter Wright (1926), por exemplo, “Esteves, que retornava ao palco após longa doença que quase a rouba da dança, num pique de estontear, deu uma soberba interpretação” [5]. Sobre sua Paquita: “Dos casais principais, Nora Esteves com Jean Yves Lormeau deram mais estilo do que Ana Botafogo e Fernando Bujones. Nora, inclusive, num papel que é perfeito para seu estilo e extensões” [6].

Nora Esteves, como pedagoga, ao lançar o vídeo Nora Esteves In Foco, reocupa a sala de aula, sobretudo a partir dos anos 2000, no Brasil e na Itália, para compartilhar o conhecimento acumulado desde pequena.

Notas

1. CHRYSÓSTOMO, Antonio. Rumo à França. Veja, São Paulo, n. 335, p. 59, 5 fev. 1975.

2. Ibid.

3. FRANÇA, Eurico Nogueira. O ballet agonizante: depoimento de Nora Esteves. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 21-22 out. 1972.  Anexo, p. 4.

4. GALVÃO, João Cândido. A volta por cima depois de um sério acidente. Veja, São Paulo, n. 870, p. 129, 8 maio 1985.

5. FARO, Antonio José. Os progressos no Municipal. Dançar, São Paulo, ano II, n. 8, p. 14-15, 1984.

6. FARO, Antonio José. “O balé da Funarj de vento em popa”. Dançar, São Paulo,ano III, n. 13, p. 30, 1985.

Espetáculos de dança 1

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Fontes de pesquisa 8

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  • ESTEVES, Nora. Disponível em: < www.noraesteves.com.br >. Acesso em: 20 de outubro de 2013.
  • ESTEVES, Nora. Disponível em: < www.noraesteves.com.br >. Acesso em: 20 de outubro de 2013.
  • FARO, Antonio José. O balé da Funarj de vento em popa. Dançar, São Paulo, ano III, n. 13, p. 30-31, 1985.
  • FARO, Antonio José. Os progressos no Municipal. Dançar, São Paulo, ano II, n. 8, p. 14-15, 1984.
  • FRANÇA, Eurico Nogueira. O ballet agonizante: depoimento de Nora Esteves. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, , 21-22 out. 1972. Anexo, p. 4.Disponível em: < http://memoria.bn.br/docreader/hotpage/hotpageBN.aspx?bib=089842_08&pagfis=34421&pesq=&url=http://memoria.bn.br/docreader# >. Acesso em: 20 de outubro de 2013.
  • GALVÃO, João Cândido. A volta por cima depois de um sério acidente. Veja, São Paulo, n. 870, p. 129, 8 maio 1985.
  • Hugo Rodas. Brasilia: Editora ARP, 2010. Não catalogado
  • SOREL, Luiz. Um Don Quixote Elegante: A montagem carioca. Dançar – Especial Don Quixote, São Paulo, n. 1, p. 14, 1985.

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