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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Benício

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 24.07.2024
14.12.1936 Brasil / Rio Grande do Sul / Rio Pardo
07.12.2021 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Foto de Autoria desconhecida

Cartaz do filme Anjos do Arrabalde , 1987
Benício
61,00 cm x 92,00 cm
Cinemateca Brasileira

José Luís Benício da Fonseca (Rio Pardo, Rio Grande do Sul, 1936 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021). Ilustrador, desenhista. Conhecido como “o mestre das pin-ups”1 no Brasil, destaca-se nas décadas de 1960 e 1970 pela produção de capas de livros de bolso e de cartazes de filme, especialmente daqueles ligados à pornochanchada.

Texto

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José Luís Benício da Fonseca (Rio Pardo, Rio Grande do Sul, 1936 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021). Ilustrador, desenhista. Conhecido como “o mestre das pin-ups1 no Brasil, destaca-se nas décadas de 1960 e 1970 pela produção de capas de livros de bolso e de cartazes de filme, especialmente daqueles ligados à pornochanchada.

Inicia sua carreira como ilustrador em Porto Alegre, em 1952, como aprendiz de desenhista na agência Clarim Publicidade, onde tem como chefe Ernst Zeuner (1895-1967), pintor e ilustrador alemão radicado no Brasil. No mesmo ano, após sair da agência gaúcha, atua como pianista de especiais da Rádio Gaúcha. Em 1953, muda-se para o Rio de Janeiro, onde mora um de seus irmãos, a fim de estudar no Conservatório Brasileiro de Música. Para pagar os estudos, Benício torna-se aprendiz na Rio Gráfica Editora (RGE), em 1954, trabalho que concilia com a música até sua formação, quando passa a se dedicar integralmente à ilustração. 

Na RGE, trabalha inicialmente na seção de quadrinhos, desenhando os “balões”, como são chamadas as caixas de diálogos das HQs, e auxiliando na adaptação de quadrinhos estrangeiros. Nesse momento, apesar do trabalho maçante e mecânico, aprimora seu próprio trabalho com ilustração e entra em contato com grandes artistas brasileiros, com quem trabalha, e estrangeiros, ao adaptar suas obras. 

Ainda na gráfica carioca, passa a trabalhar em revistas femininas como Cinderela, Radiolândia, Cinelândia e Filmelândia, primeiramente reproduzindo trajes de publicações estrangeiras. Logo deixa de vez a seção de quadrinhos e passa a desenhar as próprias capas das revistas, o que leva seus trabalho a todo o país. 

Em 1961, volta a trabalhar com publicidade na McCann Erickson, onde se torna o desenhista padrão para anúncios que precisassem das pin-ups, que já se destacavam em sua produção. Os traços realistas de suas formas femininas apresentam um teor de erotismo e bom humor que contribuem para sua fama. Ao desenhar, Benício usa principalmente tintas guache ou, como outra opção, acrílica. Depois que termina a ilustração, fotografa o trabalho para sua documentação e aplica uma folha de acetato à arte-final, a fim de proteger o desenho. Em 1963, é contratado pela Denison Propaganda e, e 1965, volta a Porto Alegre e funda com seu irmão a JBenicio Publicidade, que funciona até 1967. 

Benicio passa a ilustrar capas de livros pulp2 em 1965, na Editora Monterrey, onde se consolida com a série Giselle, a espiã nua que abalou Paris, criada pelo jornalista David Nasser (1917-1980). Ele trabalha ainda nas capas da coleção ZZ7, que trazia a espiã Brigitte Montfort, filha de Giselle. Ao longo de seu trabalho para a editora, até 1989, ilustra cerca de mil e quinhentas capas de livros de bolso. 

Ao longo de sua carreira, busca aprimorar constantemente suas técnicas, compondo obras de maior ou menor dimensões para diversos suportes. Para suas composições, parte de pequenos rascunhos, tentando entender a disposição de elementos no desenho e tendo como base material fotográfico de suas pesquisas. Há também uma preocupação com a tipografia escolhida para cada trabalho, a fim de que se integre à ilustração. 

Após os sucessos em livros e revistas, seu trabalho em cartazes de cinema tem início com o filme Os carrascos estão entre nós (1968), feito a pedido do diretor e produtor C. Adolpho Chadler (1940-2000). A partir de então, passa a fazer diversos cartazes de filmes do produtor Oswaldo Massaini (1919-1994), dono da Companhia Produtora e Distribuidora de Filmes Nacionais (Cinedistri), constituindo uma parceria que dura anos.

Durante o trabalho em cartazes cinematográficos, Benício procura reunir informações, seja por meio de conversas com os cineastas, a partir de fotos de cenas, ou tendo como base o copião (o primeiro corte do filme, ainda não editado). Em último caso, usa seus assistentes como modelos para fotografar e usar de referência para posições desejadas da ilustração.

Benício desenha o cartaz de Independência ou Morte (1972), de Carlos Coimbra (1925-2007), lançado em comemoração ao sesquicentenário da independência. Nesse momento, o artista ganha reconhecimento nacional e midiático como expoente da ilustração brasileira. Sua consagração, no entanto, vem com as pornochanchadas. Uma das mais emblemáticas é o longa A superfêmea (1973), cujo cartaz apresenta uma ilustração da protagonista Eva, interpretada por Vera Fischer (1951), que, a partir dessa atuação, torna-se um símbolo sexual no Brasil.

Em 1974, recebe o convite para ilustrar o cartaz de Robin Hood: o trapalhão da floresta, longa do grupo Os Trapalhões. A partir de então, ele desenha 31 cartazes de filmes do grupo de comediantes até 1991. Em 1981, retorna ao trabalho com publicidade na agência carioca Artplan, onde permanece até 1999. Nesse período, realiza ilustrações para as três primeiras edições do Rock in Rio, além de trabalhar para clientes como Rádio Globo, Copacabana Palace e Beto Carrero. Depois disso, continua ilustrando campanhas publicitárias e projetos arquitetônicos.

Os traços realistas usados por Benício, aliados às formas femininas eróticas e voluptuosas, estabeleceram o desenhista como a grande referência nacional na produção das pin-ups. Seus trabalhos no cinema, na imprensa, na literatura e mesmo na publicidade denotam traços de sua autoria e compõem um imaginário que tornam suas obras reconhecíveis pelo público do país. 

Notas

1. O termo pin-up é uma expressão que vem do inglês “pendurar”, e remete a retratos de mulheres encontrados em revistas femininas, calendários e pôsteres. O termo refere-se a jovens voluptuosas, com ar clássico e retrô, geralmente vestidas em trajes de banho, camisolas e lingeries.

2. A palavra pulp refere-se ao tipo de papel (da polpa da madeira) que originou a chamada ficção pulp, produto massivo e barato, vendido principalmente em bancas de jornal.

Obras 11

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Exposições 4

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Fontes de pesquisa 11

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