Mario Biselli
Texto
Biografia
Mario Biselli (São Paulo, São Paulo, 1961). Arquiteto, urbanista e professor. Em 1985, forma-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Em sociedade com seu colega de graduação Artur Katchborian (1958), funda o escritório Biselli Katchborian Arquitetos Associados em 1987. Sua atividade como professor inicia-se no Departamento de Projeto do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo em 1992. Biselli também faz parte do corpo docente do Departamento de Projeto na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1999.
A indicação ao 2º Prêmio Mies Van der Rohe de Arquitetura Latino-americana, em 1999, precede as várias vitórias em concursos nacionais de projetos: estação de trem Supervia (2000) no bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro, em coautoria do arquiteto José Paulo de Bem (1943-2014); terminal de passageiros do Aeroporto Hercílio Luz (2004), Florianópolis, Santa Catarina, com a coautoria do arquiteto Guilherme Lemke Motta; sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs) (2004), Porto Alegre; Teatro de Natal (2005), Rio Grande do Norte , também com a coautoria de Guilherme Lemke Motta; o Centro Judiciário de Curitiba (2006), Paraná, em coautoria com os arquitetos Jorge Königsberger e Gianfranco Vannucchi. Em 2010, em uma concorrência fechada, é selecionado para fazer o projeto para o Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, proposta arquitetônica feita em parceria com Gicele Alves, e não executada. No mesmo ano, seu projeto para o Centro Educacional Unificado (CEU), Guarulhos, é laureado com o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Artes (Apca), na categoria Melhor Obra construída em São Paulo, e com o Prêmio Rino Levi, concedido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/SP). Ainda em 2010, o escritório Biselli & Katchborian Arquitetos é convidado para expor no Pavilhão Brasileiro da Mostra Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, Itália.
Análise da Trajetória
O primeiro projeto de Mario Biselli é a Residência RCBF (1989), Curitiba, na qual se observa a referência à composição volumétrica das casas concebida pelo arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright (1867-1959)¹.
Após várias participações em concursos públicos de projeto por mais de uma década, em 2000, Biselli recebe o primeiro prêmio por sua proposta para a estação ferroviária no Rio de Janeiro. Nela, torna-se explícito o interesse de Biselli pelo projeto da cobertura, por sua expressividade estrutural e por sua capacidade de unir as partes de edifícios.
Desde então, passa a ser recorrente a sua ênfase na “projetação”² da cobertura, como no Ginásio Poliesportivo Municipal de Barueri (1999-2003), cuja estrutura é muito semelhante ao da estação ferroviária carioca: dois grandes arcos metálicos (em ambos os casos com quase 100 metros de extensão), compostos por treliças de seção triangular, que se dispõem paralelamente para sustentar o teto curvo.
Na proposta para o terminal de passageiros do Aeroporto Hercílio Luz, Florianópolis, esses arcos treliçados metálicos se posicionam transversalmente sobre o eixo longitudinal e se multiplicam (totalizando onze arcos). Tal estratégia de explicitação da estrutura metálica, tira proveito estético da tecnologia empregada – o que aproxima Mario Biselli à tendência arquitetônica high tech, em voga internacionalmente no fim do século XX. Já no projeto para o Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, os arcos metálicos são incorporados à espessura do grande teto curvo. Tornam-se visíveis quando a luz natural atravessa a pele translúcida que os recobre.
Sutilmente reconhecível nos aeroportos e na Igreja do Tamboré (2001-2007), a forma da cobertura contundentemente faz referência à função do edifício, visto que o formato da nave faz uma simbólica alusão aos arcobotantes³ das igrejas góticas.
Outra abordagem para a questão da cobertura pode ser vista nos projetos para instituições de ensino. Na Escola Caritas (2002-2005), São Paulo, a cobertura leve, plana e triangular unifica os distintos blocos do colégio. No CEU de Guarulhos, a grande cobertura metálica linear é o núcleo do edifício, abrigando os espaços de convívio por entre duas linhas com diversos blocos em concreto armado que compõem as salas de aula, ginástica, música, dança, restaurante, biblioteca etc.
Na arquitetura de Biselli, o pragmatismo perpassa a demanda e o desenvolvimento dos projetos e transfigura-se esteticamente: “A arquitetura produzida pelo escritório fundamenta-se no estabelecimento de um partido forte como diretriz fundadora do projeto, articulada a uma abordagem sistêmica ao longo de todo o processo de desenvolvimento.”4
Recentemente, destaca-se o projeto do Conjunto Residencial de Heliópolis (2011), desenvolvido no Programa de Reurbanização de Favelas da Secretaria de Habitação da Prefeitura de São Paulo. Nele, o modelo da quadra tradicional é colocado em contraponto ao tecido urbano totalmente fragmentado que a envolve, criando um generoso pátio interno para uso dos moradores do local.
A atuação acadêmica de Mario Biselli está na sua atividade docente e em uma pesquisa sobre a consciência do ofício arquitetônico. Em um artigo, Biselli defende que “o projeto de arquitetura, embora circundado de problemas técnicos e profundamente vinculado ao uso, é por natureza um processo criativo avesso a enquadramentos, formatações, metodologias ou fórmulas. Permanece, portanto, e como desde sempre, aberto à infinita inovação”5.
Exposições 1
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29/8/2010 - 21/12/2010
Fontes de pesquisa 18
- BISELLI, Mario (Org.). Estratégias do belo: a arquitetura de Biselli e Katchborian. São Paulo: J. J. Carol, 2014.BISELLI, Mario. Impressões sobre arquitetura nos anos 90. AU: arquitetura e urbanismo. São Paulo, v.16, n. 96, p. 84-89, jun./jul. 2001.
- BISELLI, Mario e equipe. Concurso do Paço Municipal de Osasco. AU: arquitetura e urbanismo. São Paulo, n.37 p. 97, ago./set. 1991.
- BISELLI, Mario e equipe. Concurso do Paço Municipal de Osasco. AU: arquitetura e urbanismo. São Paulo, n.37 p. 97, ago./set. 1991. p. 97.
- BISELLI, Mario. Teoria e prática do partido arquitetônico. Arquitextos, São Paulo, ano 12, n. 134.00, 1 jul. 2011. Disponível em: < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.134/3974 >.
- BISELLI, Mario. Teoria e prática do partido arquitetônico. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2014.
- BISELLI, Mario. Vanguarde do Morphosis combina racionalismo e estética da máquina; texto. Projeto Design. São Paulo, n.225, p.76-78, out, 1998.
- BISELLI, Mario; BEM, José Paulo de. Concurso de Escolha do Projeto para a nova estação de trens da SuperVia. Projeto Design. São Paulo, n.250, p. 84, dez, 2000.
- Biografia do artista. Disponível em: . Acesso em: 29 de Agosto de 2011. Não Catalogado
- Calle mayor. Arquitectura Viva. Madri, n. 144, p. 036, 2012.
- FIGUEROLA, Valentina. Um fã da arquitetura brasileira [entrevista]. AU: arquitetura e urbanismo. São Paulo, n.138, p.56-59, set, 2005.
- GUERRA, Abílio (Org.). Arquiteto brasileiro: Biselli e Katchborian. São Paulo: Romano Guerra, 2007. (Arquiteto brasileiro).
- LEAL, Ledy Valporto. A forma e a função [entrevista]. AU: arquitetura e urbanismo. São Paulo, n.198, p.64-66, set. 2010.
- LÉON, Victoria Ponce de. Mario Biselli, Artur Katchborian: arquitetos. Veracruz: Dos Puntos, 1999.
- MONOLITO - BISELLI+KATCHBORIAN. São Paulo: Monolito, n. 3, 2011.
- SERAPIÃO, Fernando. Edifícios escolares: Escola Cáritas: Mario Biselli, Artur Katchborian. São Paulo: C4: Livraria BKS, 2006. v.9.
- SERAPIÃO. Fernando. Efêmero, portal de entrada anuncia metrópole como tema da bienal de artes. Projeto Design. São Paulo, n. 268, p. 76, 2002.
- URIBARREN, María Sabina. Escuela Cáritas: Mario Biselli. 30-60 cuaderno latinoamericano de arquitectura. Córdoba, p. 58. n. 10, 2006.
- WOLF, José. Uma escola no Paraiso. AU: arquitetura e urbanismo. São Paulo, v. 11, n. 66, p. 47, 1996.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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MARIO Biselli.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa590773/mario-biselli. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7