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Enciclopédia Itaú Cultural
Literatura

Rubens Figueiredo

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 20.11.2023
09.02.1956 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Rubens Batista Figueiredo (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1956). Romancista, contista, tradutor e professor. Estimulado pela família, inicia contato com a literatura na adolescência, período em que frequenta bibliotecas em Copacabana. Motivado pelo interesse literário, aos 17 anos, começa a estudar russo. Em 1978, forma-se em letras (português-...

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Rubens Batista Figueiredo (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1956). Romancista, contista, tradutor e professor. Estimulado pela família, inicia contato com a literatura na adolescência, período em que frequenta bibliotecas em Copacabana. Motivado pelo interesse literário, aos 17 anos, começa a estudar russo. Em 1978, forma-se em letras (português-russo) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os estudos da língua eslava fazem de Figueiredo um dos poucos tradutores do idioma para o português. Ainda no fim da década de 1970, passa a trabalhar na Editora Cedibra, para a qual faz traduções de livros de bolso populares, além de atuar como ghost-writer. O contato cotidiano com tal tipo de literatura, "vulgar e despretensiosa" (nas palavras de Figueiredo), encoraja-o a escrever. Assim, elabora seu primeiro romance, O Mistério da Samambaia Bailarina, publicado em 1986. Figueiredo também trabalha como professor - dá aulas de português, por 25 anos, em um colégio no Bairro Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, e de tradução literária na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ). A obra do autor é bem recebida pela crítica e é também por diversas vezes premiada, entre outros, com o Prêmio Jabuti de 1999, por As Palavras Secretas (1998), e o Prêmio Portugal Telecom de Literatura de 2011, por Passageiro do Fim do Dia (2010). Figueiredo é ainda reconhecido no meio editorial por sua produção como tradutor, da qual se destaca O Teatro de Sabbath, de Philip Roth, e Guerra e Paz, de Liev Tolstoi (primeira tradução para o português feita com base no original russo).

Análise

Os três primeiros romances de Rubens Figueiredo (O Mistério da Samambaia Bailarina, Essa Maldita Farinha e A Festa do Milênio) flertam com o gênero do romance policial, valendo-se da linguagem coloquial e de temas extraídos do cotidiano urbano. Após um hiato de quatro anos, Figueiredo publica O Livro dos Lobos (1994), que marca um instante de virada em sua obra, pois em tudo difere de seus primeiros livros, a começar pela questão de gênero.

Trata-se de um livro de contos em que o autor troca a nota realista de seus romances por enredos que enveredam para o fantástico, muito embora toquem questões bastante contemporâneas: como o isolamento dos indivíduos e a incapacidade de comunicar-se com o mundo ou mesmo de compreendê-lo além de seus microcosmos. A linguagem de O Livro dos Lobos também se mostra bastante diferente: o autor passa do estilo coloquial e envolvente, amplamente empregado nos três primeiros livros, para um estilo mais preciso e enxuto.

Os livros publicados a seguir, como As Palavras Secretas (1998), o romance Barco a Seco (2002) ou Passageiro do Fim do Dia (2010), não se pautam por uma continuidade temática: Figueiredo parece experimentar uma gama de temas a cada livro publicado. Ainda assim tais volumes possuem elementos em comum, além da linguagem mais objetiva, inaugurada por O Livro dos Lobos, há a sondagem dos problemas referentes à constituição do indivíduo no contexto contemporâneo.

Tal investigação revela-se, por exemplo, nos dilemas de Gaspar Dias, narrador e personagem de Barco a Seco: por meio de uma estrutura análoga à da memória, o romance acompanha a trajetória desse atormentado narrador, que, às voltas com seu passado, busca, penosamente, constituir uma experiência individual no presente. Já em Passageiro do Fim do Dia, essa tensão, expressa por uma linguagem ainda mais precisa e limpa - "livre de procedimentos poéticos", segundo o próprio autor -, deflagra na narrativa de uma travessia (o tempo do romance tem a duração de um percurso de ônibus a um bairro da periferia). Pedro, o protagonista, vivencia, nesse caminho, um profundo processo de questionamento de si, do mundo e dos mecanismos de opressão, desigualdade e alienação a que todos estão expostos.

Mídias (1)

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Rubens Figueiredo - Encontros de Interrogação (2011)
Depoimento gravado durante o Encontros de Interrogação, em setembro de 2011, no Itaú Cultural.
Vídeo: Gasolina Filmes
Entrevista: Gabriel Carneiro

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