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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Sesper

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 02.04.2024
12.07.1973 Brasil / São Paulo / Santos
Reprodução fotográfica Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Garibaldo on Dope, 2011
Sesper
Acrílica, colagem,grafite e serigrafia
224,00 cm x 163,00 cm

Alexandre Cruz (Santos, São Paulo, 1973). Artista visual, músico, curador, documentarista, colecionador, articulador cultural. Expoente da primeira geração de artistas que emergem da cena underground dos anos 1980-1990, cuja cultura de rua – skate, música, grafite, moda e zines – contribui para inspirar e retroalimentar sua diversificada produção.

Texto

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Alexandre Cruz (Santos, São Paulo, 1973). Artista visual, músico, curador, documentarista, colecionador, articulador cultural. Expoente da primeira geração de artistas que emergem da cena underground dos anos 1980-1990, cuja cultura de rua – skate, música, grafite, moda e zines – contribui para inspirar e retroalimentar sua diversificada produção.

O primeiro festival brasileiro de skate acontece em Santos, e as atividades durante o evento impactam Sesper com referências estéticas e musicais que se desdobram ao longo de sua carreira. O autodidatismo é fundamental para a abordagem conhecida como do it yourself (faça você mesmo), presente no movimento punk. Essencialmente multidisciplinar, a produção do artista se inicia com as demandas geradas por sua banda de punk hardcore. Para a promoção de shows e discos, produz cartazes com colagens, camisetas, flyers e convites. Considera a capa do disco Relax in your Favourite Chair (1994), de sua banda Garage Fuzz, como o primeiro trabalho oficial. Nele, concebe a maquete de um ambiente com uma cadeira de plástico fotografada em primeiro plano. 

O envolvimento com as artes visuais se desenvolve em paralelo à atuação como músico: três décadas como vocalista da Garage Fuzz (1991-2021) e outros projetos musicais como o O.V.E.C. (1988), Psychic Possessor (1990), Safari Hamburguer (1993), The Pessimists (2014) e ACruzSesper (2016). 

A atuação como curador e articulador cultural começa em 1992, no Teatro Municipal de Santos, onde organiza uma exposição sobre a cultura de rua e expõe o acervo pessoal e o de amigos, perfazendo quase 300 cartazes de shows, flyers e vídeos de bandas. 

A coleta e compilação de referências é um aspecto importante de seu trabalho, sobretudo pela circulação de ideias em um período em que o acesso à informação era escasso. A correspondência com pessoas residentes fora do Brasil amplia o panorama musical e visual, bem como o consumo de revistas, a troca de fitas-cassete e zines e as frequentes visitas ao centro de São Paulo, em lojas de discos que se tornam ponto de encontro para novos contatos e conexões.

Reproduz essa mesma dinâmica de trocas na Most, galeria de arte urbana que inaugura em São Paulo. Além de expor o trabalho dos amigos que admira, como Flavio Samelo (1979), Onesto (1972) e o sócio Flip (1978), o espaço abriga uma loja de streetwear, que produz e lança tendências de moda, como os bonés modelo trucker1, roupas customizadas e camisetas. A Most opera inicialmente no centro da cidade, mas se transfere para a galeria Ouro Fino, na rua Augusta. 

Sesper se preocupa com o registro documental dos eventos que produz, inspirado nos vídeos de skate e grafite que admira. Embora em sintonia com a produção artística da época, o empreendimento opera de modo distante das práticas comerciais do mercado de arte e funciona apenas entre 2003 e 2005. No entanto, exerce grande influência para as iniciativas semelhantes que se estabelecem nos anos seguintes.

O viés curador, colecionista e documentarista converge em um de seus trabalhos mais conhecidos, o documentário/exposição RE:Board. Inaugurando o espaço Matilha Cultural em 2009, a mostra retoma a memória em mais de 200 shapes (ou deques) de skate produzidos no Brasil. A abordagem inédita do documentário é a de apresentar o skate como suporte para diferentes estilos e técnicas artísticas, como pintura à mão, grafite, entalhe e estêncil. Além disso, estão registrados depoimentos de skatistas históricos.

Sesper é cocurador e artista na mostra Transfer Arte Urbana & Contemporânea/Transferências & Transformações, realizada no Santander Cultural, em Porto Alegre, em 2008. A exposição apresenta 500 obras de artistas nacionais e internacionais com expressões e interferências provocadas pela arte urbana. Dois anos depois, a mostra é apresentada no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.  

Em suas colagens, partes e silhuetas de corpos humanos são compostas com diferentes materiais, sobrepostos por desenhos feitos com canetas-marcadoras, pintura e resina. As camadas formam uma superfície texturizada, em que são frequentes o efeito de transparência com o uso de acrílico e acetato. As imagens de escadas são outra presença forte na produção do artista. Nas colagens, as formas são dispostas em justaposições intrincadas. Entre 2006 e 2016, o artista dá preferência à madeira como suporte. Na primeira mostra individual, realizada na Galeria Logo, em São Paulo, em 2013, colagens em grande formato dividem o espaço com uma instalação. O interesse por obras tridimensionais instaladas em locais específicos resulta na obra Escada errada, apresentada em espaços expositivos alternativos entre 2016 e 2019. Nela, Sesper toca guitarra em frente a escadas de madeira amontoadas que parcialmente cobrem uma projeção de imagens sequenciais. O artista reorganiza diferentes configurações espaciais para registrar fotograficamente as etapas desse processo. 

A produção de Sesper, com livre trânsito pela música e artes visuais, caminha ao lado de sua motivada pesquisa, em um contínuo processo de retroalimentação. As experimentações do artista extrapolam os limites entre campos e operam em sofisticadas transposições de linguagens, com provocações sobre o que é aprovado pelo sistema, sem perder de vista o resgate histórico de suas múltiplas referências.

Notas

1. Modelo de boné que possui uma rede, geralmente de nylon, na parte posterior.

Obras 1

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Reprodução fotográfica Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Garibaldo on Dope

Acrílica, colagem,grafite e serigrafia

Exposições 5

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Fontes de pesquisa 4

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  • AUTODIDATISMO e as artes plásticas – a música, a imagem e a experimentação material com Alexandre Cruz Sesper. [Locução de]: Rodrigo Corrêa. [S.l.]: Balanço e Fúria, maio 2021. Podcast. Disponível em: https://open.spotify.com/episode/19CUuEtoxWVSsiK66PAkO4?si=UbTit9oxQiSZ79o0OWYmjw. Acesso em: jul. 2022.
  • IN.FLUÊNCIA – Sesper. [S.l.]: Ethnology Media, 2020. (12 min 40). Disponível em: https://youtu.be/aQWXCAjNaYk. Acesso em: jul. 2022.
  • RIBEIRO, Lucas (Coord.). Transfer: transferências & transformações. Curadoria de Lucas Ribeiro, Fabio Zimbres, Alexandre Cruz Sesper e Christian Strike. Catálogo da exposição. São Paulo: Editora ZY, 2011. Exposição ;realizada no período de 18 jul. a 12 set. 2010.
  • SOMA. Top 5. Disponível em: http://www.maissoma.com/2007/7/23/top-5-alexandre-cruz- a-k-a-sesper-ou-farofa. Acesso em: 21 set. 2010.

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