Paula Borghi
Texto
Paula Borghi de Mendonça (São Paulo, São Paulo, 1986). Pesquisadora, curadora. Atua principalmente em projetos curatoriais destinados a residências artísticas. Em sua pesquisa, destacam-se ações que trabalham com arte e sociedade, colaborando em projetos que estendem a prática artística à política e que operam em comunidades e projetos sociais.
Graduada em artes visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) em 2009, trabalha como assistente da curadora Ana Paula Cohen (1975) no projeto istmo – arquivo flexível, cujo objetivo é criar um modelo de instituição de arte contemporânea que funcione como plataforma para produção, apresentação, circulação e discussão sobre arte. Pouco tempo depois de concluir a faculdade, integra o grupo de crítica do Centro Cultural São Paulo (CCSP), de 2011 a 2013, e do Paço das Artes, de 2012 a 2013.
É a primeira curadora da Residência Artística da Red Bull Station, e tenta estabelecer uma troca multidisciplinar entre os artistas, convidando pessoas das áreas de música, literatura, design e performance para ministrar oficinas aos residentes. Preocupa-se também com a representatividade de gênero, selecionando artistas trans para ocupar os ateliês.
Para tornar conhecida a cena artística latino-americana, Paula cria o Projeto Múltiplo, em 2011, premiado pela edição 2015-2016 do Programa Rumos Itaú Cultural. Em seis anos de projeto, a curadora vista oitos países: Chile, Argentina, Equador, Brasil, Cuba, Uruguai, México e Colômbia. O interesse pelos livros e publicações de artistas surge da necessidade de colecionar obras que possam ser carregadas em uma mala para exibir em outros países.
Durante esse período, Paula monta um acervo de cerca de 2 mil trabalhos como selos, postais, fanzines, revistas, livros, lambe-lambes, cédulas e adesivos. Em cada país por onde o projeto passa, realiza exposição do acervo e atividades multidisciplinares, como oficinas e shows. Assim que a ação é encerrada, doa toda a coleção para a biblioteca do CCSP.
Em 2015, é assistente da curadora cubana Ibis Abascal (1959) na 12ª Bienal de Havana, em Cuba. No ano seguinte, participa do evento Ano do Brasil na Alemanha como curadora convidada do Centro Cultural Hellerau, em Dresden. Organiza a exposição “Tá Tranquilo, Tá Favorável”, uma ironia ao momento conturbado em que o Brasil vive o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Participam da mostra artistas como Fabiana Faleiros (1980) e Daniel Liem, que têm trabalhos multidisciplinares que misturam música, artes visuais, literatura e performance.
De volta ao Brasil, muda-se para o Rio de Janeiro e ajuda a fundar o espaço independente Saracura (2016-2018). Na mesma época, começa a trabalhar com o Instituto Goethe no projeto Jogos do Sul, que tem como objeto de pesquisa os 1º Jogos Mundiais Indígenas. A partir desse trabalho, volta sua atenção para pesquisas e estudos decoloniais. Esse pensamento anticolonialista permeia sua ação como curadora adjunta na 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, cuja proposta é revisar os 500 anos de relação entre Europa, América e África, buscando pontos de contato entre as culturas indígena, europeia e africana, que se misturam à americana.
Interessada em projetos artísticos que extrapolam os ambientes da arte e se transformam em projetos sociais, inicia sua pesquisa de mestrado na linha de história e crítica de arte pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2018. Tem como objeto de estudo trabalhos de artistas e ações sociais que transformam a realidade, como o das artistas brasileiras Mônica Nador (1955), do projeto Jardim Miriam Arte Clube (Jamac), que ensina práticas artísticas, como estêncil, a jovens da periferia de São Paulo; Thelma Villas Boas (1967), em Lanchonete Lanchonete, uma cozinha comunitária dentro da comunidade Pequena África, no Rio de Janeiro; Lucia Rosa (1954), em Dulcinéia Catadora; e do artista argentino Javier Barilaro (1974), em Eloísa Cartonera, em que trabalha junto com catadores de papel.
As curadorias de Paula Borghi demonstram um interesse por projetos multidisciplinares, em que o trabalho artístico tem um impacto na sociedade e uma atitude política, dentro dos princípios de arte e vida.
Exposições 19
-
21/10/2009 - 31/1/2008
-
6/10/2009 - 19/12/2009
-
10/3/2011 - 12/3/2011
-
-
7/8/2011 - 28/8/2011
Fontes de pesquisa 4
- Ateliê Aberto #3 / Casa Tomada - Selecionados. Fórum Permanente, 2010. Disponível em: http://www.forumpermanente.org/noticias/noticias-2010/atelie-aberto-3-casa-tomada-selecionados. Acesso em: 02 nov. 2022.
- BORGHI, Paula. Enredos do Atlântico. Bienal 11 – O triângulo atlântico: catálogo da 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Organizado por José Francisco Alves. Porto Alegre: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul, 2018. 304 p.
- BORGHI, Paula. Paula Borghi. [Entrevista cedida a] Karina Sérgio Gomes para a Enciclopédia Itaú Cultural. São Paulo, mar. 2020.
- BORGHI, Paula. Projecto Multiplo. Disponível em: http://projectomultiplo.blogspot.com/p/sobre-o-prometo.html. Acesso em: 7 mar. 2020.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
-
PAULA Borghi.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa529739/paula-borghi. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7