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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Janete Costa

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 16.02.2024
03.06.1932 Brasil / Pernambuco / Garanhuns
28.11.2008 Brasil / Pernambuco / Recife
Janete Ferreira da Costa (Garanhuns, Pernambuco, 1932 – Olinda, Pernambuco, 2008). Designer de interiores, arquiteta, colecionadora e curadora. É criada em Olinda, Pernambuco. Em 1961, forma-se em arquitetura pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, atual Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ri...

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Janete Ferreira da Costa (Garanhuns, Pernambuco, 1932 – Olinda, Pernambuco, 2008). Designer de interiores, arquiteta, colecionadora e curadora. É criada em Olinda, Pernambuco. Em 1961, forma-se em arquitetura pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, atual Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ). Em 1969, recebe o prêmio anual da representação de Pernambuco do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). Em 1979, forma-se em planejamento de interiores no Instituto Joaquim Nabuco, em Recife. Seu interesse por artesanato leva-a a organizar exposições, sobretudo de arte popular. Em 1992, é curadora da mostra Viva o Povo Brasileiro, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Além dos projetos de interiores e do artesanato, Janete desenha móveis. 

De 1998 a 2000, é curadora da mostra sobre o designer Joaquim Tenreiro (1906 - 1992), realizada, primeiro, no Museu de Arte Contemporânea (MAC/Niterói), depois, pela Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, Lisboa, e, enfim, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Faz o design de interiores do hotel Pergamon, São Paulo, inaugurado em 2000. É responsável pela cenografia da exposição Meninas Geraes, no Museu da Casa Brasileira (MCB), São Paulo, em 2003. Assina a arquitetura de interiores dos hotéis Ceasar Park e Ceasar Business, ambos em São Paulo, em 2004. No ano do Brasil na França, em 2005, é curadora do espaço de arte popular brasileira na mostra Espaço Brasil, em Paris. Trabalha em conjunto com seus filhos e seu segundo marido, Acácio Gil Borsoi (1924), no escritório Borsoi Arquitetura, com sede em Recife e filiais no Rio de Janeiro e em São Paulo. Participa da restauração de edifícios históricos, como o Teatro Arthur Azevedo, em São Luís, Maranhão, e o Solar do Jambeiro, em Niterói. Após sua morte, alguns trabalhos são concluídos por seus filhos. Um deles é o projeto para o Hotel Verde Green, em João Pessoa, com design ecológico. Outro, a museografia do Museu do Homem do Nordeste da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), em Recife. A representação pernambucana do IAB lança, ainda em 2009, um prêmio em sua homenagem, depois de 40 anos sem premiação anual.

 

Análise

Janete Costa tem contato com artesanato desde pequena. Em Garanhuns, Pernambuco, brinca com bruxas de pano1 e, antes de ter uma geladeira, tem uma moringa. Com o tempo, diz, vai tomando consciência da beleza e da importância desses objetos, produzidos em consonância com o mundo e o cotidiano de seus criadores. Considera-os fundamentais para a formação de uma identidade cultural. A partir dos anos 1980, organiza exposições de artesanato e arte popular e participa de iniciativas locais, relacionadas ao tema. Envolve-se, por exemplo, no projeto Artesanato Solidário. Preocupa-se com a autoestima e a sustentabilidade dos artesãos. Para ela, alterações mínimas nos objetos, como na cor, dimensão ou no formato, permitem a inserção deles no mercado. A escala da produção industrial pode ser compensada pela quantidade de mão de obra ociosa, encontrada nos locais onde há ou pode se desenvolver uma produção artesanal. A qualidade técnica dos produtos, afirma, é similar a dos industriais2 , a diferença está no material e no design.

No caso do artista popular, Janete não intervém, pois se trata de um criador e seus objetos não são utilitários. Ele deve, sim, ser divulgado. Para isso, a arquiteta faz exposições de arte popular. Uma das últimas que organiza é Do Tamanho do Brasil, no Sesc da Avenida Paulista, São Paulo, em 2007. Além disso, inclui artistas populares em seus designs de interiores. Como exemplo, cita Maria Irinéia, artista alagoana cujo trabalho é incorporado ao projeto do Hotel Marabá, São Paulo, do mesmo ano3. Ou ainda, as cabeças de pedra de Cida, também alagoana, no hotel Ceasar Business, São Paulo, em 20044. O objetivo, como no caso do artesanato, é formar um público mais sensível a essas expressões da cultura brasileira.

Janete viaja pelo Brasil e pesquisa a produção artística e artesanal. Passa por todos os estados e verifica que a maior parte da produção se encontra no Nordeste e no Norte, regiões de maior pobreza. Mantém-se informada sobre a produção dos artistas contemporâneos de todo o país. Mistura, em seus projetos, o popular e o contemporâneo. Por exemplo, no Hotel Marabá, apresenta esculturas do artista contemporâneo pernambucano José Paulo (1962)5. Ou ainda, em outro projeto, obras do pernambucano Eudes Mota (1951) e da gaúcha Heloísa Crocco6.

Embora o interesse por artesanato seja anterior, ele não conflita com a atividade de arquiteta. Projeta apenas algumas casas, a pedido de amigos. Prefere os interiores, pois permitem que continue trabalhando em prol da divulgação dos artistas populares e artesãos. Dedica-se, particularmente, aos hotéis, lugares públicos de visibilidade. No Rio de Janeiro, assina mais de dez interiores de hotel. Em seus projetos, as cores terrosas e neutras e os materiais naturais – madeira, cipó, fibras, cerâmica etc. – dominam. Um tipo de combinação de móveis e objetos que se integra bem com uma arquitetura aberta, espaçosa e clara, sem muitos ornamentos.

Nesses projetos, desenha o espaço interno, depois, executa os móveis e, por último, desenvolve os objetos. O mobiliário é outro trabalho que merece destaque. Os banquinhos de madeira maciça, com pequenos triângulos retirados da parte de baixo de cada face, são conhecidos. Sua formação, é influenciada pelo designer Joaquim Tenreiro, com quem tem aulas no MAM/RJ. Mais tarde, no fim da vida do artista, ela o ajuda quando ele já não trabalha mais. Possui peças de Tenreiro em sua coleção, como diversas cadeiras e relevos de madeira para a parede. Também coleciona arte popular. Tem trabalhos de artistas como Expedito; Mestre Dezinho (1917) e Cornélio, do Piauí; João Cosme Félix, o Nino (1920-2002), do Ceará; Galdino de Alto do Moura (1928-1996), de Pernambuco; e Luzia Dantas (1937), do Rio Grande do Norte.

 

 

Notas

1. Nomenclatura utilizada no Nordeste para as tradicionais bonecas de pano. Geralmente são elaboradas por um familiar da criança. Esse conhecimento é transmitindo, portanto, de geração em geração.

2. VIVA o povo brasileiro: artesanato e arte popular. Curadoria e apresentação Janete F. Costa. Textos Clarival do Prado Valladares, Marcus de Lontra Costa e Mário Jardim. Rio de Janeiro: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1992, p. 14.

3.MOURA, Éride. Uma questão de brasilidade. Revista AU: arquitetura e urbanismo, São Paulo, 163 ed., out. 2007. Disponível em:  http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/163/artigo63519-1.asp . Acesso em: nov. 2009.

4.RISSI, Daniele. Artesanato e design: meninas geraes. ArcDesign, São Paulo, n. 38, p. 45, set./out. 2004.

5. MOURA, Éride. Op. cit.

6. RISSI, Daniele. Op. cit.

Exposições 2

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