Zezé Di Camargo
Texto
Mirosmar José de Camargo (Anápolis, Goiás, 1962). Cantor, compositor, violonista, sanfoneiro. Primogênito, desde pequeno é incentivado na música pelo pai e tem contato com a gaita, sanfona e cavaquinho. Com o irmão Emival, um ano mais novo, monta a dupla Camargo e Camarguinho, que interpreta canções de Tonico e Tinoco e de outras duplas caipiras em circos e rodoviárias da região e, ocasionalmente, em apresentações no interior do Brasil. Em 1974, sua família muda-se para Goiânia. Após uma apresentação em Imperatriz, Maranhão, a carreira da dupla é interrompida por um acidente automobilístico que vitima Emival.
Aos 13 anos, trabalha como office-boy. Dois anos depois, ganha o pseudônimo Zé Neto, integra o trio Os Caçulas do Brasil e grava um disco. A carreira com o trio não dura, mas rende um parceiro para a nova dupla, Zazá e Zezé, e a gravação de três LPs pelo selo Sertanejo/Chantecler (A Caminho do Além, 1980; Berço do Mundo, 1982; e Festa dos Quinze Anos, 1984), com músicas autorais e versões. Inicia a carreira solo com disco Zezé di Camargo, pelo selo 3M, em 1986.
No ano seguinte, vai para São Paulo, e grava o disco Zezé di Camargo (1988), com composições de duplas sertanejas como Leandro & Leonardo. Forma em 1989 uma dupla com o irmão Welson David, que assume o nome artístico de Luciano. A dupla, denominada Zezé di Camargo & Luciano, estreia com o hit É o Amor, composição de Zezé di Camargo e Carlos Cézar. Canção que, posteriormente, é interpretada por Maria Bethânia. Desde a formação, a dupla lança um disco por ano, incluindo registros ao vivo e em espanhol.
Entre 1995 e 1998, com as duplas Chitãozinho & Xororó e Leandro & Leonardo, protagoniza o especial Amigos, série de fim de ano da TV Globo. Com o irmão, conquista dois Grammy Latino (melhor álbum de música sertaneja, 2004, e melhor álbum de música romântica, 2005). A trajetória da dupla chega ao cinema em 2005 com o longa-metragem 2 Filhos de Francisco, dirigido por Breno Silveira.
Análise
Ao lado de Chitãozinho e Xororó e Leandro e Leonardo, a dupla Zezé Di Camargo e Luciano é responsável pelo êxito comercial do sertanejo romântico, estilo musical híbrido que desponta em meados dos anos 1980. Une referências da música caipira, romântica, country e pop, e suas canções tratam de assuntos amorosos.
Compositor da dupla, Zezé Di Camargo assina tanto letra quanto música, solo ou em parceria. As influências que marcam seu trabalho passam por nomes como Tonico e Tinoco e Tião Carreiro e Pardinho e pela música que ouve no rádio na década de 1970 - dos sertanejos como Trio Parada Dura, Milionário e José Rico, Léo Canhoto e Robertinho e Chitãozinho e Xororó a Roberto Carlos.
Com a compositora Fátima Leão, sua parceira mais constante nos anos 1980, Zezé Di Camargo, tem músicas gravadas pelas duplas Ney e Nando (Fique um Pouco Mais, 1988), Chrystian e Ralf (Gostoso Pecado, 1988), Matão e Monteiro (Perdão Amor, 1987), Chico Rey e Paraná (Ponto de Chegada, 1989) e pela cantora Sula Miranda (Mistérios, 1990). Como autor, individualmente, é gravado por Leandro e Leonardo (Solidão, 1987, Quebra Esse Gelo e Quem Será Essa Mulher, ambas de 1989, O Cheiro da Maçã, 1990, e Estou na Mão desta Mulher, 1991), Dalvan (Eu Suportei a Saudade e Mudei, ambas de 1990) e Bob e Robinson (Mais uma Noite, 1990).
Em 1991, a estética híbrida sertanejo-romântico-pop que marca boa parte de sua produção alcança sucesso nacional com É o Amor. Ao lado de Fio de Cabelo (Marciano e Darci Rossi, 1982), sucesso de Chitãozinho e Xororó, Entre Tapas e Beijos (Nilton Lamas e Antônio Bueno, 1989) e Pense em Mim (Douglas Maio, Zé Ribeiro e Mário Soares, 1990), ambas gravadas por Leandro e Leonardo, É o Amor colabora para definir o rumo da música romântica de origem sertaneja que se consagra nos grandes centros.
Suas composições são porta-vozes da paixão exacerbada (Vem Ficar Comigo, com César Augusto e Reinaldo Barriga, 1995; ou Pão de Mel, 1995), da saudade, do adultério e arrependimento (Diz pro Meu Olhar, com César Augusto, 2001), do abandono (Coração Está em Pedaços, 1992), do desejo sexual e das promessas de uma vida perfeita a dois.
Musicalmente, mesmo assentadas em ritmos variados (pop, bolero, guarânia, canção, country music e rock balada), a obra de Zezé Di Camargo se apropria de atributos do pop, como os arranjos instrumentais com guitarras, teclados e bateria, e uma estrutura melódica que valoriza o refrão. Como intérprete, passa a usar o vibrato - recurso vocal comum a cantores românticos.
Seu estilo musical, chamado pop romântico, representa o homem moderno do campo, novos valores e o sucesso do interiorano numa metrópole. Apesar da mesma origem, diferencia-se radicalmente da obra de Pena Branca e Xavantinho, que reforça o vínculo com o mundo rural não industrializado, ou ainda de Jararaca e Ratinho, que, entre os anos 1920 e 1940, simboliza o matuto nacional nas grandes cidades.
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 9
- CLIQUEMUSIC. Rio de Janeiro, 2001. Disponível em: <http://www.cliquemusic.com.br> Acesso em: 20 outubro 2009.
- Fonte de Pesquisa.
- MARCONDES, Marcos Antônio. Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed., rev. ampl. São Paulo: Art Editora, 1998.
- MEMÓRIA GLOBO. Site da TV Globo. Rio de Janeiro, s/d. Disponível em: <http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-258290,00.html>. Acesso em: 23 outubro 2009.
- MEMÓRIA Musical. Site do Instituto Memória Musical Brasileira. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: http://www.memoriamusical.com.br. Acesso em: 24.out.2009.
- NEPOMUCENO, Rosa. Música Caipira: da roça ao rodeio. São Paulo: Editora 34, 1999.
- TINHORÃO, José Ramos. História da Música Popular Brasileira: Música Sertaneja. São Paulo: Abril Cultural, 1983, disco sonoro, 33 1/3 rpm, 12 pol.
- ZEZÉ DI CAMARGO E LUCIANO. Site oficial da dupla. São Paulo, s/d. Disponível em: <http://www.zezedicamargoeluciano.com.br>. Acesso em: 24 outubro 2009.
- ZEZÉ di Camargo In: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Rio de Janeiro: Instituto Cultural Cravo Albin. Disponível em: <http://www.dicionariompb.com.br> Acesso em: 20 outubro 2009.
Como citar
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ZEZÉ Di Camargo.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa483828/zeze-di-camargo. Acesso em: 05 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7