Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Dança

Mônica Japiassu

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 17.12.2020
29.07.1941 Brasil / São Paulo / São Paulo
Mônica Japiassú (São Paulo, São Paulo, 1941). Coreógrafa, professora e bailarina. Inicia a formação em balé clássico na Escola Municipal de Bailados, do Theatro Municipal de São Paulo, em 1948. Atua como bailarina em apresentações do Programa Mercedes Benz Brasil, que, no final da década de 1950, realiza no Theatro atividades culturais todos os ...

Texto

Abrir módulo

Mônica Japiassú (São Paulo, São Paulo, 1941). Coreógrafa, professora e bailarina. Inicia a formação em balé clássico na Escola Municipal de Bailados, do Theatro Municipal de São Paulo, em 1948. Atua como bailarina em apresentações do Programa Mercedes Benz Brasil, que, no final da década de 1950, realiza no Theatro atividades culturais todos os domingos. Em 1958, ingressa na Escola de Artes Dramáticas (EAD) e entra em contato com a dança moderna. Em 1959, interrompe o curso para estudar como bolsista na Escola Coreográfica de Balé, em Leningrado (atual São Petersburgo), na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (hoje, Rússia). Dois anos depois, retoma o curso na EAD, concluindo-o em 1964. Na década de 1970, muda-se para Pernambuco.

A experiência como professora de dança começa em 1972, em Recife, no Clube Náutico Capibaribe, onde ensina balé clássico para crianças. Em 1976, abre a Academia Mônica Japiassú, no bairro da Torre, e implanta o método de dança criativa para crianças. Em 1986, inaugura a Academia Corpo, Som e Espaço, em que tenta implementar o ensino de artes integradas (dança, música e artes plásticas) para crianças.

O momento mais intenso de criação coreográfica concentra-se na década de 1980. Muitas coreografias são inspiradas em obras literárias, como Morte e Vida Severina (1980), baseada na obra homônima do poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999); Tempos Perdidos. Nossos Tempos (1981), influenciada pela vida e obra do sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987); Verde que te Quero Verde (1982), que tem como mote poesias e peças do espanhol Federico García Lorca (1898-1936); O Capataz de Salema (1982), baseada no texto homônimo do autor pernambucano Joaquim Cardozo (1897-1978); e Senhora dos Afogados (1985), inspirada na obra homônima do escritor Nelson Rodrigues (1912-1980).

Nos anos 2000, a Academia Mônica Japiassú é reaberta pela bailarina Angela Botelho, que dá continuidade ao ensino de dança criativa para crianças na cidade. Em 2004, na mesma academia, Mônica atua como professora de pilates, técnica trazida a Recife por ela. Pela contribuição ao contexto da dança no Recife, a bailarina é homenageada no 9º Festival de Dança do Recife, em 2004.

A atuação de Mônica Japiassú em Recife destaca-se pelo trabalho artístico e pela introdução de novas metodologias de ensino da dança e treinamento corporal. A Academia Mônica Japiassú, fundada em 1976, constitui-se como centro importante de formação em dança da cidade, atingindo mil alunos nos anos 1980. O espaço é pioneiro na cidade na utilização do método de dança criativa para crianças, formando outros professores nessa área. Posteriormente, propõe a formação artística integrada, com aulas de dança, artes plásticas e iniciação musical. A sistematização desses métodos se dá de modo autodidata, uma vez que a dançarina não possui formação pedagógica em arte. A artista afirma que seu trabalho de ensino tem como um dos pilares o pensamento e o trabalho desenvolvido pelo bailarino mineiro Klauss Vianna (1928-1992)1. No período em que ministra aulas, ensina dança moderna, sendo uma das difusoras dessa linguagem no Recife. É responsável pela formação de muitos dos atuais coreógrafos e bailarinos atuantes na cidade. 

Como coreógrafa, destaca-se pela qualidade dos espetáculos, reconhecida por jornalistas e intelectuais da década de 1980. As apresentações promovem o diálogo entre diferentes linguagens, reunindo atores, músicos e artistas plásticos nas montagens. Essa perspectiva de criação de uma obra envolvendo diversas áreas artísticas recebe destaque do sociólogo pernambucano Gilberto Freyre, em artigo publicado na seção Opinião do Diário de Pernambuco. No texto, Freyre refere-se ao desejo de criação de um balé brasileiro que supere os balés russos do empresário russo Serge Diaghilev (1872-1929) e cita a apresentação de coreografias de Mônica Japiassú e Maria do Carmo Freyre como exemplos dessa possibilidade2. Em 1981, Mônica volta a receber elogios de Gilberto Freyre em outro artigo publicado no mesmo periódico, pela criação do espetáculo Tempos Perdidos. Nossos Tempos. O trabalho aborda vida e obra do sociólogo, uma homenagem à comemoração dos 80 anos do autor. No artigo, Freyre reafirma a competência dos artistas envolvidos na montagem do espetáculo3.

Em 1983, participa de momento importante no cenário da dança local, ao fundar, com outros bailarinos, a Associação de Dança do Recife (ADR). Essa organização tem como proposta estruturar a cena profissional para os artistas da dança, sendo uma das primeiras iniciativas de mobilização política de dança na cidade. De 1983 a 1985, em apenas três anos de atuação, a ADR é responsável por numerosa produção de espetáculos, que agrupam dezenas de bailarinos. Esses dançarianos anteriormente atuam apenas nas escolas da cidade, e a ADR viabiliza outra renda financeira e perspectiva profissional na montagem de espetáculos para esses artistas. 

Ao longo da trajetória no Recife, Mônica exerce importantes parcerias artísticas. No espetáculo O Capataz de Salema (1982), divide a criação coreográfica com o tcheco Zdenek Hampl (1946-2007), com quem funda a Associação de Dança do Recife no ano seguinte. Com o autor Rubem Rocha Filho (1939-2008), promove parcerias na criação de espetáculos, nos quais Mônica atua como coreógrafa, e ele, como diretor. Um dos trabalhos de destaque dessa parceria é o espetáculo Anjo Azul (1983), inspirado no filme homônimo (1930) do diretor estadunidense Ernest Lubitsch (1892-1947), estrelado pela atriz alemã Marlene Dietrich (1901-1992). O espetáculo é bem recebido pela crítica local4 e, no mesmo ano, apresenta-se no Rio de Janeiro.

Nos anos 2000, Mônica Japiassú introduz a técnica de pilates em Recife, sendo uma das primeiras professoras na cidade a ter formação e a formar novos mestres na área.

Notas:

1. JAPIASSÚ, Mônica: depoimento: [2004]. Entrevistadores: L. Gesteira e R. Ramos. Recife: 2004. Entrevista concedida ao Projeto RecorDança.

2. FREYRE, Gilberto. O futuro balé brasileiro. Diário de Pernambuco, Recife, 31 jul. 1977.

3. FREYRE, Gilberto. Um balé saído do Recife. Diário de Pernambuco, Recife, 29 mar. 1981.

4. CUNHA, Inês. O Anjo Azul e Foi Bom, Meu Bem? encerram temporada neste final de semana. Diário de Pernambuco, Recife, 30 jul. 1983.

Espetáculos 3

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 4

Abrir módulo
  • CUNHA, Inês. O Anjo Azul e Foi Bom, meu Bem? encerram temporada neste final de semana. Diário de Pernambuco, Recife, 30 jul. 1983. [s.p.].
  • FREYRE, Gilberto. O futuro balé brasileiro. Diário de Pernambuco, Recife, 31 jul. 1977.
  • FREYRE, Gilberto. Um balé saído do Recife. Diário de Pernambuco, Recife, 29 mar. 1981.
  • JAPIASSÚ, Mônica: depoimento: [2004]. Entrevistadores: L. Gesteira e R. Ramos. Recife: 2004. Entrevista concedida ao Projeto RecorDança (áudio).

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: