Melissa Barbery
Texto
Melissa Barbery Lima (Belém, Pará, 1977). Artista visual, designer, professora, pesquisadora. Sua produção abarca questões sobre a arte e a tecnologia, fazendo uso de objetos, fotografias, vídeos e instalações para criar possíveis diálogos sobre os modos de vida humano e não humano.
Graduada em artes visuais e tecnologia da imagem pela Universidade da Amazônia (Unama) em 2007. Em 2012, obtém o título de mestre em artes pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e em 2017 dá início ao doutorado em artes na mesma instituição. Desde o início de sua carreira, amplifica a reflexão acerca do conceito de natureza, propondo experimentações no campo da arte com o intuito de evidenciar as riquezas amazônicas e das florestas.
A instalação Low-tech garden (2007), composta por pequenos objetos luminosos encontrados no comércio informal, surge do interesse da artista pelo espaço popular, onde há um grande fluxo de venda e pessoas. A convivência visceral com o comércio desperta a necessidade de relacionar a paisagem natural com o tecnológico, instaurando uma denúncia aos processos de modificação na cidade e de consumo e descarte da natureza. Suas intervenções urbanas são cenário de um desfile no São Paulo Fashion Week, em 2008, e estão presentes em acervos como o do Museu de Arte do Rio (MAR), no Rio de Janeiro.
O apagamento e a precariedade do objeto tecnológico criam uma relação com a natureza no que se refere ao ciclo de nascimento e morte. Em seus trabalhos, Barbery desenvolve discussões acerca do ciclo da vida, delineados por suas demandas pessoais. O vídeo Ahora (2007), premiado no 2º Salão Arte Pará, aborda questões da natureza no espaço expositivo. O gesto de retirar as folhas do galho faz alusão à perda da memória, referindo-se à passagem do tempo na natureza e propondo uma metáfora da baixa tecnologia, que reforça o sentido de efemeridade, conceito fundamental em sua produção.
Nesse percurso, a artista paraense busca novas possibilidades de interferir no espaço onde a imagem é instalada, sugerindo formulações simbólicas que se expandem para além do plano bidimensional. O vídeo Vermelho (2006), obra do acervo do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, em Belém, é um registro único de uma formiga – um elemento vivo – que está solta em um microcosmo em que não há limites para o seu movimento. O próprio inseto executa a ação da artista, criando uma pintura a partir de tinta vermelha colocada no piso. Este estudo de observação afirma o interesse no registro do momento, composto pelo acaso e pelo instinto de sobrevivência.
Sua produção, emblemática da linguagem da videoarte paraense, é essencial para o estudo da arte contemporânea em interfaces digitais na Amazônia, afirmando a poética, o conceito e a comunicação mediados pelo aparato tecnológico na arte atual.
Exposições 19
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21/4/2006 - 19/5/2006
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15/9/2006 - 31/10/2006
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10/2006 - 10/2006
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11/10/2007 - 11/2007
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9/10/2008 - 30/11/2008
Fontes de pesquisa 2
- CONVERSA com artistas: Melissa Barbery. Produção: Museu de Arte Xumucuís, 2021. (84 in). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6nXbjMdY1CM. Acesso em: 3 dez. 2021.
- SOBRAL, Keyla; MANESCHY, Orlando Franco. Ardor e fricção: experiência amazoniana. Revista seLecT, n. 49, 9 fev. 2021. Disponível em: https://www.select.art.br/ardor-e-friccao-experiencia-amazoniana/. Acesso em: 3 dez. 2021.
Como citar
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MELISSA Barbery.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa473153/melissa-barbery. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7