Jorane Castro
Texto
Jorane Ramos de Castro (Belém, Pará, 1968). Roteirista, diretora, fotógrafa. Com raízes na fotografia, sua produção cinematográfica prioriza a nacionalização do cinema brasileiro, evidenciando a multiplicidade e a riqueza cultural da região amazônica.
Forma-se em Comunicação Social pela Universidade Federal do Pará (UFPA), em 1990, e em Cinema pela Universidade de Paris 8, em 1994, na França. Estuda roteiro e direção de elenco na Escuela Internacional de Cine y Television (EICTV), em San Antonio de Los Baños, Cuba, em 2004. Desde 2009, atua como professora do curso Cinema e Audiovisual, na Universidade Federal do Pará. Atualmente, realiza doutorado em arte contemporânea no Colégio das Artes, na Universidade de Coimbra, em Portugal. Diretora de mais de vinte filmes, entre documentários e obras de ficção, que se destacam em festivais no Brasil e no exterior. Em 2000, a cineasta decide criar a produtora Cabocla Filmes, com o objetivo de desenvolver projetos audiovisuais que propõem um novo olhar sobre a Amazônia.
O filme de ficção As mulheres choradeiras (2000) e o documentário Invisíveis prazeres xotidianos (2004) são os primeiros trabalhos audiovisuais lançados pela Cabocla Filmes. No primeiro, adaptação livre do conto “As mulheres choradeiras”, do escritor Fábio Horácio-Castro (1968), a história de três senhoras carpideiras acusadas pelo desaparecimento de um cadáver. No documentário, a cineasta investiga o que leva uma pessoa a expor sua vida na internet no período de surgimento dos blogs. Substituindo o diário na vida de adolescentes, o blog funciona como confessionário e espaço de liberdade, portanto os conteúdos publicados pelos jovens são um retrato das realidades locais. Para a realização de Invisíveis prazeres cotidianos, 33 blogueiros paraenses são entrevistados.
A investigação de realidades locais ocorre também no documentário Mulheres de Mamirauá (2008). Com filmagens realizadas em Tefé, no Amazonas, município localizado dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, o documentário relata a vida das mulheres e o cotidiano das comunidades residentes da reserva. Nesta obra, a natureza não é um elemento de contemplação, mas um exemplo de como mulheres e homens vivem em total integração com a terra.
Mulheres de Mamirauá é exibido na edição de 2021 da Arte Pará, que tem como tema a história da videoarte na Amazônia. Artista convidada da edição online da tradicional mostra, a diretora apresenta também o curta-metragem de ficção Ribeirinhos do asfalto (2011), que discorre sobre a cultura, modos de vida e saberes dos ribeirinhos da Amazônia. O curta, exibido em mais de vinte festivais nacionais e internacionais, ganha dois prêmios no Festival de Cinema de Gramado (RS): melhor atriz para Dira Paes (1969) e melhor direção de arte para o cenógrafo Rui Santa-Helena (1955-2020).
Em 2017, lança seu primeiro longa-metragem de ficção, Para ter onde ir, com foco no universo feminino, sobretudo na mulher amazônica. A obra acompanha as histórias de três mulheres que partem de um cenário urbano para outro, onde a natureza prevalece. A narrativa sensorial questiona os limites das linguagens, colocando o tempo em questão. A diretora torna o espectador uma peça ativa da obra ao levar a contemplação para o cotidiano. Além de ser o primeiro longa-metragem realizado e distribuído por uma paraense, o filme recebe os prêmios de melhor direção, melhor atriz coadjuvante, melhor trilha sonora original e melhor desenho de som no Festival Guarnicê 2017.
Em seguida, a cineasta trabalha em dois novos longa-metragens. O documentário de longa-metragem Mestre Cupijó e seu ritmo (2019) parte da pesquisa realizada na Amazônia sobre as influências da cultura africana na música brasileira. A obra de ficção A herança, com roteiro de Ângela Gomes (1971), é totalmente filmado em Belém, nos bairros da Cidade Velha e Campina. Um drama com doses de comédia, o filme narra a jornada de um paulistano que tem a vida transformada ao receber uma herança inesperada em Belém, o que o leva a uma descoberta de seu passado e suas origens. Em paralelo, inicia as filmagens do documentário Terruá Pará, sobre a história da música paraense, ambientado em diferentes regiões do estado.
Pautada pela defesa do cinema local, Jorane Castro constrói uma sólida trajetória como artista e cineasta, além de ampliar o campo de atuação dos criadores de cinema em Belém.
Exposições 11
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16/10/2009 - 1/12/2009
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4/4/2010 - 30/5/2010
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22/9/2010 - 26/9/2010
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29/9/2010 - 2/10/2010
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Fontes de pesquisa 12
- AMAZÔNIA DOC – Festival Pan-Amazônico de Cinema. As mulheres choradeiras, de Jorane Castro. Disponível em: https://amazoniadoc.com.br/filme/44/as-mulheres-choradeira. Acesso em: 9 nov. 2021.
- ANIDO, Clara Couto. Entrevista com Jorane Castro, Cineplayers, 2021. Disponível em: https://www.cineplayers.com/artigos/entrevistas/entrevista-jorane-castro. Acesso em: 9 nov. 2021.
- ARTE Pará 2021. Uma história da videoarte na Amazônia (episódio I): Pará. Disponível em: https://artepara2021.com/jorane-castro/. Acesso em: 9 nov. 2021.
- CABRAL, Debb. Público lotou o Museu da UFPA no bate-papo com Jorane Castro. Diário Contemporâneo, Belém, 2015. Disponível em: https://dcf.dol.com.br/publico-lotou-o-museu-da-ufpa-no-bate-papo-com-jorane-castro/. Acesso em: 9 nov. 2021.
- CASTRO, Jorane Ramos de. Currículo do sistema de currículo Lattes [Brasília], 30 nov. 2021. Disponível em http://lattes.cnpq.br/8525800217977153. Acesso em: 9 nov. 2021.
- CASTRO, Jorane. Reflexões sobre cinema e natureza na Amazônia (Brasil). Agricultura Familiar – Pesquisa, Formação e Desenvolvimento, Belém, v.12 , n.1, pp. 65-79, jan-jun 2018. Disponível em: https://www.periodicos.ufpa.br/index.php/agriculturafamiliar/article/view/6078. Acesso em: 9 nov. 2021.
- CINEMATECA Paraense. Filmografia de Jorane Castro. Disponível em: https://cinematecaparaense.wordpress.com/realizadores-2/jorane-castro/. Acesso em: 9 nov. 2021.
- CONNE – Conexão Audiovisual Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Disponível em: https://www.conexaoconne.com.br/diretoria/ut-illum-quia-quod. Acesso em: 9 nov. 2021.
- MÜLLER, Marcelo. Para ter onde ir: entrevista com Jorane Castro. Papo de Cinema, 2018. Disponível em: https://www.papodecinema.com.br/entrevistas/para-ter-onde-ir-entrevista-exclusiva-com-jorane-castro. Acesso em: 9 nov. 2021.
- PIMENTA, Caio. Jorane Castro: da defesa do cinema nacional às identidades amazônicas nas telas. Cineset, 2019. Disponível em: https://www.cineset.com.br/entrevista-jorane-de-castro-matapi-2019/. Acesso em: 9 nov. 2021.
- PORTAL Universidade Federal do Pará. Os filmes "Marajó das Letras" e "Ribeirinhos do Asfalto" são as próximas atrações do Cineclube TRT8/UFPA, 13 nov. 2017. Disponível em: https://portal.ufpa.br/index.php/ultimas-noticias2/7594-os-filmes-marajo-das-letras-e-ribeirinhos-do-asfalto-sao-a-proxima-atracao-do-cineclube-trt8-ufpa. Acesso em: 9 nov. 2021.
- PÉCORA, Luisa. Jorane Castro: “Nacionalizar o cinema só pode ser bom para o Brasil”. Mulher no Cinema, 2018. Disponível em: https://mulhernocinema.com/entrevistas/jorane-castro-nacionalizar-o-cinema-so-pode-ser-bom-para-o-brasil/. Acesso em: 9 nov. 2021.
Como citar
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JORANE Castro.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa442568/jorane-castro. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7