Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Regina Parra

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 05.06.2021
1984 Brasil / São Paulo / São Paulo
Regina Pelegrini Parra (São Paulo, São Paulo, 1984). Artista visual. Seu trabalho abrange pintura, fotografia, instalação, vídeo e performance. Em suas obras, Regina usa o corpo como ponto de partida para abordar temáticas como imigração, feminilidade, resistência, subversão e limites do corpo. O que lhe interessa são as situações transitórias q...

Texto

Abrir módulo

Regina Pelegrini Parra (São Paulo, São Paulo, 1984). Artista visual. Seu trabalho abrange pintura, fotografia, instalação, vídeo e performance. Em suas obras, Regina usa o corpo como ponto de partida para abordar temáticas como imigração, feminilidade, resistência, subversão e limites do corpo. O que lhe interessa são as situações transitórias que causam ambiguidade.

Forma-se em teatro (2000), sob orientação do diretor Antunes Filho (1929-2019), com quem trabalha. Essa experiência se reflete em sua produção, tanto por sua ligação com formas de teatro, como a tragédia grega, quanto por saberes técnicos de direção utilizados em seus vídeos e performances. 
Usando a imagem fotográfica como base de seu trabalho, a artista explora lacunas dessa linguagem com as técnicas da pintura, retratando a óleo a fotografia e causando ruídos e interferências nessa transposição da imagem. A série Hino (2008) traz pinturas de imagens de mulheres gritando em ocasiões diversas, sem deixar claro se gritam de prazer ou dor, trazendo noções de transitoriedade e limite.

Em 2011, torna-se mestre em teoria e crítica da arte pela Faculdade Santa Marcelina. No mesmo ano, seu vídeo As Pérolas, como Te Escrevi é premiado e comissionado pelo 1º Prêmio Ateliê Aberto Videobrasil. A obra apresenta imigrantes que entram clandestinamente no Brasil lendo trechos de Mundus Novus, do navegador italiano Américo Vespúcio (1454-1512). Todos leem, com suas limitações linguísticas, partes otimistas da carta, e fica evidente o desconforto em relação à língua do país para onde imigram e onde vivem em situação de exclusão.

Hierarquias de poder e mudanças culturais são trazidas para suas obras. Em 7.536 Passos (por uma Geografia da Proximidade) (2012), a artista caminha pelo Brás, bairro de São Paulo que acolhe imigrantes, e regista as estações de radiopirata que encontra pelo caminho, mantidas pela comunidade boliviana do entorno. O vídeo mostra o indivíduo marginalizado por ser imigrante e registra como a língua vai se alterando nas ruas, revelando a geografia que nos aproxima e exclui.

Também produz obras em neon, como É Preciso Continuar (2018) e Chance (2015-2017) que trazem o tema da superação. Na primeira, ecoa a frase “É preciso continuar / Não posso continuar / Tenho que continuar / Vou continuar”, do romance O Inominável (1953), do escritor irlandês Samuel Beckett (1906-1989). Refere-se a questões pessoais e coletivas, como as negociações que minorias precisam fazer para continuar existindo e resistindo, ao mesmo tempo que pode ser entendida como individual, devido ao tratamento médico que a artista realiza no momento. A segunda traz a frase “A grande chance” e pode ser entendida como uma salvação e uma ameaça.

A série A Libidinosa (2018) parte do estudo do corpo e alude a fotografias de mulheres consideradas histéricas, no século XIX, e classificadas como “a venenosa” ou “a libidinosa”, dando título aos quadros. Regina foca as encenações dessas imagens originais e o abuso dos médicos que enquadram mulheres como histéricas, criando estigmas sociais em uma tentativa de domesticá-las.

A artista estabelece relação com a literatura e o teatro, como na performance Ofélia (2018) baseada no clássico Hamlet, do poeta inglês William Shakespeare (1554-1616). Na apresentação, em conjunto com a artista Ana Mazzei (1979), nove mulheres caminham com placas com as falas de Ofélia e evidenciam a submissão da personagem, mas também sua resistência, evocando o ato de carregar placas e bandeiras em manifestações.

A série Tenho Medo que Sim (2018), uma das frases de Ofélia, junta-se às análises sobre a personagem. Cinco pinturas a óleo sobre papel retratam a artista em posições de agonia, colocando o punho dentro da boca e segurando o pescoço com a mão. A última pintura é a frase homônima ao título, apontando para a subordinação da personagem.

Regina pesquisa o corpo feminino como um lugar de controle e potência. A série A Perigosa (2019), parte da exposição Bacante (2019), apresentada na Galeria Millan, em São Paulo, é composta de seis pinturas nas quais o corpo da artista é retratado em diferentes posições, com gestos entendidos tanto como violentos, quanto como sensuais. O tema da mostra gira em torno do corpo feminino como um lugar de potência e subversão e tem a tragédia grega de Eurípedes, As Bacantes, como ponto de partida. A exposição estuda o corpo feminino como um mecanismo para escapar da violência e da subordinação e de resistência, pois, na época, Regina se cura de uma doença que a paralisa por alguns anos. Bacante, no singular, apresenta a personagem como um ser político, focando a perspectiva feminina.

Em 2018, Regina participa do programa Residency Unlimited, em Nova York, e é premiada pelo edital da 8ª Mostra 3M de Arte, em São Paulo. Em 2019, é selecionada no 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão, do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), evocando formas de resistência atuais. No mesmo ano participa da exposição Histórias Feministas no Museu de Arte de São Paulo (MASP). 

A ambiguidade é recorrente nas obras de Regina Parra. O que pode ser visto como resistência também pode ser entendido como submissão. Suas temáticas trazem sempre pares dicotômicos para mostrar que estamos no limiar dos sentimentos e situações. 

Espetáculos 1

Abrir módulo

Exposições 42

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 20

Abrir módulo

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: