Rodrigo Campos
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Biografia
Rodrigo Augusto de Campos (Conchas SP 1977). Compositor, intérprete, instrumentista. Nasce no interior de São Paulo, mas é criado no Bairro São Mateus, zona leste da capital paulista, onde tem contato com o samba. Frequenta rodas do gênero desde criança, batuca em panelas e baldes com os amigos e, aos 9 anos, começa a tocar pandeiro, que ganha do pai. Três anos depois, integra seu primeiro grupo tocando tantã e, paralelamente, aprende a tocar cavaquinho. Apresenta-se profissionalmente em bares de Santo André e São Bernardo, cidades de São Paulo, e do Bairro São Mateus, mas concilia a atividade com outras, como office-boy e empregado em fábrica de calça jeans e casa de bingo. Estuda música por três anos na Fundação das Artes, em São Caetano do Sul. Reside em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, desde 2007, e o afastamento do bairro de origem o inspira a criar as músicas de seu primeiro disco, São Mateus Não É um Lugar Assim Tão Longe, produzido por Beto Villares e lançado em 2009. Integra em 2011 o grupo Passo Torto - com os músicos Romulo Fróes, Kiko Dinucci e Marcelo Cabral -, que lança disco homônimo no mesmo ano e é contemplado como o melhor grupo de MPB no Prêmio da Música Brasileira. Em 2012, lança seu segundo disco, Bahia Fantástica, acompanhado por Maurício Takara (bateria), Kiko Dinucci (guitarra), Marcelo Cabral (baixo), Thiago França (sax e flauta) e Maurício Fleury (teclados e piano). No mesmo ano, faz show interpretando o repertório do disco Superfly (1972), de Curtis Mayfield, uma de suas referências para o disco Bahia Fantástica. Como instrumentista, participa de shows e gravações de músicos como Paulo Moura, Altamiro Carrilho, Dona Inah, Herbie Hancock, Céu, Criolo. Tem composições gravadas por Mariana Aydar, Quinteto em Branco e Preto, Fabiana Cozza.
Comentário Crítico
A observação, a memória e o deslocamento são o ponto de partida para as composições de Rodrigo Campos. No primeiro disco, São Mateus Não É um Lugar Assim Tão Longe, de 2009, ele trata de personagens reais com quem convive em seu bairro de criação - mantendo até mesmo seus nomes verdadeiros - e descreve situações que presencia. "Encontrou Jadir durante o ritual / Perguntou da Cris e da Maria Inês / Crislaine casou / E a Maria Inês / Se formou em nutrição / Cris, menina prosa, corpo escultural / Linda e geniosa a Maria Inês / A primeira vez e o primeiro amor / Todos dois na Rua Três", narra em Rua Três. Nesse primeiro trabalho, as composições e os arranjos ainda se desenrolam na cadência do samba, que é a principal influência durante sua formação. Inspira-se em sambistas como Wilson Moreira, Martinho da Vila e Paulinho da Viola - referência percebida principalmente na composição Isac.
Bahia Fantástica aponta para outra direção. A inspiração ainda vem de um lugar, mas a vivência de Rodrigo com ele não é de intimidade. As composições surgem de uma viagem de cerca de dez dias por Salvador - onde fica hospedado com a namorada, a cantora Luisa Maita, em um apartamento em que morava Vinicius de Moraes. A morte é um tema recorrente nas letras, agora mais curtas, como na canção Aninha: "Ana vai morrer em dez minutos / Sobra pra contar tempo de Ana / Ana vai morrer, não tem problema / Todo fim de tarde Aninha morre". O som do disco acompanha essa mudança e Rodrigo Campos está mais influenciado pelo soul norte-americano de Curtis Mayfield - algo perceptível tanto no ritmo da bateria (General Geral) como nas linhas do baixo (Beco, Princesa do Mar), nos riffs de violão (Cinco Doces e Princesa do Mar) e na pontuação do sax (Sou de Salvador).
Fontes de pesquisa 3
- MARQUES, Daniel Telles. Rapaz de Bem. Divirta-se, O Estado de São Paulo, 09/03/2012, p. 11-19.
- PRETO, Marcus. Samba a 2. In: Ilustrada, Folha de São Paulo, 12/05/2009, p. E1.
- ZWETSCH, Ramiro. A Primeira Boa Nova. Caderno 2, O Estado de São Paulo, 17/12/2011, p. 1 e 6.
Como citar
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RODRIGO Campos.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa436249/rodrigo-campos. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7