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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Mário Viana

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 05.06.2018
11.07.1960 Brasil / São Paulo / São Paulo
Antonio Mário Viana de Araújo (São Paulo SP 1960). Dramaturgo. Um dos autores que despontam na transição dos anos 1990 para a primeira década de 2000. Firma-se como comediógrafo, autor de obras que variam do escracho escatológico ao conflito familiar.

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Biografia

Antonio Mário Viana de Araújo (São Paulo SP 1960). Dramaturgo. Um dos autores que despontam na transição dos anos 1990 para a primeira década de 2000. Firma-se como comediógrafo, autor de obras que variam do escracho escatológico ao conflito familiar.

As primeiras incursões no teatro acontecem em 1986, em uma oficina de dramaturgia oferecida pelo Centro de Pesquisa Teatral do Sesc - CPT, de Antunes Filho, onde tem aulas, ao lado de Antônio Araújo e Hugo Possolo, com o dramaturgo Luís Alberto de Abreu, comediógrafo que se torna referência também para muitos outros autores.

A primeira peça encenada, Ifigônia, nasce a partir de um projeto sobre o universo de Rabelais. A pesquisa inspira a montagem, com o grupo Circo Grafitti, que sela a estréia profissional do autor em 1993. Em forma de farsa e inspirada em tradições medievais, trata da seleção de um marido para uma princesa, por meio de um concurso de charadas organizado por seu pai.

Em 1999, inicia sua constante parceria com o grupo Parlapatões, Patifes & Paspalhões: Hugo Possolo dirige Mistérios Gulosos, sobre aldeões da Idade Média que tentam emagrecer, uma vez que os anjos conseguem conduzir só almas leves para o Paraíso, segundo alguns exploradores da fé. No ano seguinte, Um Chope, Dois Pastel e uma Porção de Bobagem - o encontro de amigos que montam um dicionário de escatologias em uma mesa de bar - torna-se um exercício importante na relação entre o dramaturgo e o grupo. O crítico Alberto Guzik avalia o alcance da obra: "A peça de Mário Viana, que parece não ter outro objetivo além de brincar com os limites da moral, na verdade vai além disso. Acaba por se revelar um estudo muito interessante de tipos. E empreende, na verdade, um estudo sobre a solidão e a insegurança do homem urbano. Não é o que mais importa no espetáculo, centrado no humor sujo. Mas é o que fica no positivo rescaldo do novo trabalho dos Parlapatões".1

Em 2001, duas montagens, também com direção de Hugo Possolo, são encenadas. Pantagruel retoma o projeto sobre Rabelais. Outros autores renascentistas - Thomas Morus, Erasmo de Rotterdam e Shakespeare - servem de base para o espetáculo, que se detém nas aventuras do quarto volume do livro homônimo de Rabelais e conquista reconhecimento amplo da crítica. O pesquisador Kil Abreu analisa o trabalho de parceria: "As imagens hiperbólicas colhidas na pesquisa do grupo ganham na dramaturgia de Mário Viana e Hugo Possolo uma versão redonda, deliberadamente impura, com trajetória clara e grande poder de provocação da platéia, em fábula que projeta a crítica da vida social nas entrelinhas do efeito cômico".2 Verdades, Canalhas adapta cinco contos contemporâneos (A Luz É Como Água, de Gabriel García Márquez; Teleco, o Coelhinho, de Murilo Rubião; Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector (1925 - 1977); Dentro da Noite, de João do Rio, e O Gerente, de Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987). No espetáculo, um repórter tenta tornar verdade, para seus leitores, os fatos fantásticos narrados.

Dois anos depois, no espetáculo Vestir o Pai, dirigido por Paulo Autran, Viana afina seu humor com um tema delicado. Diante da morte iminente de um pai em coma, a família decide levá-lo do hospital para casa. Mulher e filhos cuidam do paciente terminal, mas os conflitos e os interesses pessoais se revelam à medida que esse tempo de convivência se estende. O crítico Sérgio Salvia Coelho identifica as virtudes da obra: "Não é difícil deduzir o que foi que levou Paulo Autran a dirigir Vestir o Pai. Aparadas as insolências mais escabrosas do sempre provocador Mário Viana, o seu texto, respeitando rigorosamente as unidades de tempo, lugar e tema, se presta a um bom exercício de atores, principal foco de interesse do ator/diretor".3

Também em 2003, Carro de Paulista, dirigido por Jairo Mattos, joga com os diferentes códigos sociais de São Paulo. Jovens da Zona Leste vão de carro até a Zona Sul a fim de namorar as garotas da região, tentativa em que se revelam as distâncias entre duas culturas.

Em 2006, Mário Viana assina seu primeiro espetáculo infantil, O Bruxo Pontocom, dirigido por Hugo Possolo, em que uma menina de 10 anos cai dentro de um computador e percebe que enviou para o pai um e-mail com um vírus. A montagem se vale de recursos cênicos modernos, como imagens em três dimensões, vistas pelo público com óculos especiais.

Mário Viana também atua no campo da formação, ministrando aulas e palestras sobre a comédia, suas formas e procedimentos.

Notas

1. GUZIK, Alberto. Escatologia como estudo da solidão. Jornal da Tarde, São Paulo, Variedades, 28 julho 2000. Disponível em: [http://www.parlapatoes.com.br/]. Acesso em: 27/06/2007.

2. ABREU, Kil. Parlapatões ficam entre prazer e razão. Folha de S.Paulo, São Paulo, Ilustrada, 1 dez. 2001. p. 8. 

3. COELHO, Sérgio Salvia. Peça consagra a atriz Karin Rodrigues. Folha de S.Paulo, São Paulo, Ilustrada, 3 mai. 2003. p. 8. 

Espetáculos 27

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Fontes de pesquisa 6

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