Antonio Prata
Texto
Antonio de Goes e Vasconcellos Prata (São Paulo, São Paulo, 1977). Cronista, contista, romancista, roteirista. Filho do escritor Mario Prata (1946) e da jornalista e dramaturga Marta Góes. Na juventude, participa de concursos literários e edita no fim da década de 1990, junto com um grupo de amigos, a revista Emplasto poroso. Cursa filosofia na Universidade de São Paulo (USP), cinema na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e ciências sociais na Pontifícia Universidade Católica (PUC), sem concluir as graduações. É um dos autores de Cabras, Caderno de Viagem (1999), relato de uma viagem feita por cidades pobres do Nordeste brasileiro, escrito a oito mãos. De 2001 a 2008, assina a coluna "Estive pensando" para a revista Capricho, da editora Abril, destinada ao público adolescente. Participa da criação da Revista da MTV, editada pela MTV Brasil. Lança pela Azougue Editorial seu primeiro livro, Douglas e outras Histórias (2001). Em 2004, é contratado pelo jornal o Estado de S. Paulo, para o qual assina crônicas semanais. Lança Escola Viva (2002), As pernas da Tia Corália (2003) e O inferno atrás da pia (2004). Colabora com a redação da telenovela Bang bang, de Mario Prata e Carlos Lombardi (1958), produzida pela Rede Globo. Publica Adulterado (2009), seleção de crônicas escritas para a Capricho e Meio intelectual, meio de esquerda (2010), reunião de textos veiculados no Estado de S. Paulo. Contratado da Rede Globo, trabalha na equipe de roteiristas da novela Avenida Brasil (2012), de João Emanuel Carneiro (1970). Colunista do jornal Folha de S. Paulo, incursiona pela literatura infantojuvenil em Felizes quase sempre (2012), parceria com a cartunista Laerte (1951). Em 2013, lança pela Companhia das Letras o livro Nu, de botas.
Análise
Ao escolher a crônica como forma de expressão artística, Antonio Prata se inscreve automaticamente numa linhagem da literatura brasileira, para quem o gênero, desde a segunda metade do século XIX, tem sido lugar de exercício e criação poética, bem como plataforma para o acesso a um público amplo. Fruto da modernidade e do folhetim jornalístico, a crônica encontrou no Brasil um vasto campo de trabalho, arraigando-se com força nas páginas do impresso, aclimatando-se de forma tão original que chegou a ser considerada "coisa nossa" - esquecendo-se sua matriz europeia. Machado de Assis (1839-1908) foi um dos mestres do gênero, responsável por estabelecer alguns de seus traços constitutivos - o ar de coisa sem necessidade que ela costuma assumir, o interesse pelas miudezas do cotidiano, a sátira social e o retrato de costumes. Nos anos 1930, Rubem Braga (1913-1990) daria novo lugar para a crônica, libertando-a por meio da poesia da contingência e do provisório do jornal. Antonio Prata elege, assim, a crônica como forma narrativa e a imprensa, digital e impressa, como porta de entrada para o mercado editorial brasileiro. Publicada em importantes veículos da mídia, sua produção trafega pelo comentário político de pautas da vida nacional, evocando experiências pessoais, misturando temas eruditos com temas da cultura de massas, e estabelecendo com o leitor o ambiente de "conversa fiada" típico da crônica. É a partir desta experiência que o escritor também encaminha sua obra por projetos de maior fôlego. É o que acontece, por exemplo, em Nu, de botas, livro que parece perseguir a premissa de Rubem Braga - a crônica como forma de "relação do Eu com o mundo", nos dizeres do crítico Davi Arrigucci Jr. (1943). Aqui, Prata cria uma narrativa baseada em memórias de infância, esculpida das lembranças e episódios de meninice. A crônica se faz presente no tratamento dado à matéria ficcional, movido pela tentativa de transfigurar poeticamente o dado corriqueiro da vida.
Fontes de pesquisa 4
- ARRIGUCCI JR., Davi. Braga de novo por aqui. In: _______. Enigma e comentário - ensaios sobre literatura e experiência. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 29-55
- CANDIDO, Antonio. "A vida ao rés-do-chão". In: Antonio CANDIDO et ali. A crônica: o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. Campinas: Editora da UNICAMP; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa.
- MEYER, Marlyse. "Voláteis e versáteis: de variedades e folhetins se fez a chronica". In: As mil faces de um herói canalha e outros ensaios. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1998, pp. 109-196.
- PRATA, Antonio. Nu, de botas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
Como citar
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ANTONIO Prata.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa390638/antonio-prata. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7