Ademar Manarini
![Janelas II, 1953 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/013302276289.jpg)
Janelas II, 1953
Ademar Manarini
Gelatina e prata sobre papel
Texto
Biografia
Ademar Heitor Manarini (Campinas, São Paulo, 1920 – São Paulo, São Paulo, 1989). Fotógrafo, industrial. Premiado em concurso oferecido pela Companhia Melhoramentos no fim da década de 1940, Manarini aprofunda seu interesse pela fotografia na década seguinte. Associa-se ao Foto Cine Clube Bandeirantes (1939), centro da fotografia experimental que promove panorama da produção da fotografia local e mundial por meio de publicações como a Revista Boletim do Foto Cine Clube Bandeirante (1946-1981), editada em São Paulo.
Nos anos 1950, filia-se ao movimento Escola Paulista, cujo interesse é a pesquisa geométrica na formação das imagens e a decodificação do processo fotográfico. Em 1953, como integrante do grupo Ruptura, coordenado por Waldemar Cordeiro (1925-1973), participa da 2a Bienal Internacional de São Paulo, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). Nesse mesmo ano, na Argentina, recebe por sua obra fotográfica o prêmio Homenagem a Alejandro C. Del Conte. Em 1954, seus trabalhos são expostos pela pela primeira vez em uma mostra individual no MAM/SP, organizada em colaboração com o Foto Cine Clube Bandeirante.
Em 1960, funda com o pai a empresa Equipesca, precursora na pesquisa de matérias-primas e tecnologia na confecção de redes para a indústria pesqueira. O logotipo da empresa é desenvolvido em 1957 pelo colega do Grupo Ruptura, Alexandre Wollner (1928). A partir de 1962, Manarini passa a viver em Campinas, onde funda, em 1970, a empresa Equilab, pioneira no desenvolvimento de culturas de orquídeas por micropropagação a partir de biotecnologia vegetal.
Em 1985, o Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS/SP) organiza a retrospectiva Manarini, 35 Anos de Fotografia. Em 1989, recebe o título de sócio-honorário do Foto Cine Bandeirante e, na década de 1990, o designer e professor universitário Freddy van Camp (1946) organiza textos críticos no livro Ademar Manarini: fotografia (1992).
Análise
Antes dos anos 1950, a tradição fotográfica no Brasil organiza-se em duas grandes vertentes: a foto documental, que registra a informação histórica das transformações sofridas pelas cidades, e o pictorialismo, que pretende aproximar a fotografia das artes, especialmente da pintura.
O trabalho de Ademar Manarini deve ser percebido no contexto dos fotoclubes, associações organizadas para a divulgação de fotografia em termos técnicos e subjetivos. Organizam cursos, palestras, salões, exposições e concursos, além de editar revistas. O Foto Cine Clube Bandeirante (FCBB) é um dos mais antigos, fundado em 1939, em São Paulo, com atuação reconhecida na formação dos fotógrafos chamados “modernos”. Ele abriga a Escola Paulista, denominação da crítica da época para o grupo de fotógrafos foto clubistas a que Manarini associa-se a partir de 1952.
Profissionais liberais adotam a fotografia como modo de expressão artística. Empresário com sólida formação e repertório cultural, Manarini é um dos pioneiros do Foto Cine Clube Bandeirante com outros fotógrafos de áreas variadas. Entre eles, o engenheiro José Oiticica Filho (1906-1964), o bacharel em contabilidade German Lorca (1922), engenheiro civil José Yalenti (1895-1967) e o advogado Eduardo Salvatore (1914-2006).
A estreita relação entre o Foto Cine Clube Bandeirante e os museus paulistas possibilita que artistas veiculem seus trabalhos em exposições. Em 1953, Manarini participa com alguns trabalhos na Mostra Especial de Fotografias da 2a Bienal Internacional de São Paulo. O diretor da Bienal, Wolfgang Pfeiffer (1912-2003), escreve sobre a estranheza que as fotos causam no público: “o espírito de modernidade, até com a apresentação de formas absolutas, sem muito comprometimento com o público, que até então não estava habituado à leitura de obras desse tipo”1.
Os fotógrafos da Escola Paulista interessam-se pela construção geométrica na composição de suas imagens, que se intensifica em experimentações formais e intervenções no processo laboratorial. Renovam conceitos de estilo, composição e temática – além da geometria-abstrata, incluem as transformações percebidas no espaço público da cidade. Manarini adota como fundamental referência para as questões técnicas a obra Fotoformas (1940-1950), de Geraldo de Barros (1923-1998). Neste trabalho, o artista usa a técnica de alocar objetos reais no fotograma no momento em que o filme fotográfico é sensibilizado no laboratório. Essas interferências fazem a fotografia prescindir do registro de uma cena – ela é construída a partir da ação do artista no material fotográfico. A multiexposição do negativo também é recorrente na obra de Manarini, que pausa suas atividades artísticas durante a meados da década de 1970 para retomá-las quinze anos depois, em série que investiga as formas orgânicas das plantas, em especial as orquídeas, interesse também refletido nos negócios.
Ademar Manarini produz mais de 5 mil imagens. Uma seleção de seus trabalhos é adquirida em 2016 pelo Museu de Arte Moderna (MoMA), de Nova York, e faz parte do acervo Itaú Cultural.
Nota
1 PFEIFFER, Wolfgang. Apresentação. In: CAMP, Freddy Van (Org.). Ademar Manarini: fotografia. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1992, p. 3.
Obras 8
In Extremis
Janelas II
Passarela - Largo Ana Rosa
Sem Título
Sem Título
Exposições 28
-
29/5/2001 - 3/8/2001
-
23/8/2001 - 11/10/2001
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26/9/2006 - 10/12/2006
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6/12/2007 - 18/2/2006
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21/4/2007 - 26/5/2007
Exposições virtuais 1
Fontes de pesquisa 11
- CAMP, Freddy Van (Org.). Ademar Manarini: fotografia. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1992.
- COSTA, Helouise, RODRIGUES, Renato. A fotografia moderna no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ, 1995.
- COSTA, Helouise, RODRIGUES, Renato. A fotografia moderna no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ, 1995.
- COSTA, Helouise. Da fotografia como arte à arte como fotografia: a experiência do Museu de Arte Contemporânea da USP na década de 1970. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, São Paulo, v. 16, n. 2, jul.-dez. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-47142008000200005.
- GALERIA Aquarela Arte Contemporânea. Campinas : Galeria Aquarela Arte Contemporânea, 1991. il. color.
- GIANINNI, Alessandro. SP-Arte/Foto abre ao público “no limite” do seu tamanho. O Globo, Rio de Janeiro, 26 ago. 2016. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/cultura/artes-visuais/sp-artefoto-abre-ao-publico-no-limite-de-seu-tamanho-19989397 >. Acesso em: abril 2017.
- HERKENHOFF, Paulo. Ademar Manarini – A fotografia entre o símbolo e o signo. In: CAMP, Freddy Van (Org.). Ademar Manarini: fotografia. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1992. p. 9.
- LIMA, Heloisa E. Rodrigues. Fotoformas: a máquina lúdica de Geraldo de Barros. Dissertação (Mestrado) – Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
- MANARINI, Ademar, VAN CAMP, Freddy (org. ). Ademar Manarini : fotografia. Tradução Aglen Mclauchlan e Katie Van Scherpenberg; comentário Wolfgang Pfeiffer, Paulo Herkenhoff, Heládio Brito. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1992. 128p. , fotos p. b. color.
- RODRIGUES, Meg. Um postal para um amigo. Disponível em: < https://umpostalparaumamigo.blogspot.com.br/2011/05/ademar-manarini.html >. Acesso em: abril 2017.
- SOARES. Carolina Coelho. Coleção Pirelli-Masp de Fotografia: fragmentos de uma memória. Dissertação (Mestrado em Artes Plásticas) – Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
Como citar
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ADEMAR Manarini.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa3817/ademar-manarini. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7