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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Marcelino Freire

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 19.11.2023
20.03.1967 Brasil / Pernambuco / Sertânia
Marcelino Juvêncio Freire (Sertânia, Pernambuco, 1967). Escritor e editor. Entre 1969 e 1975, mora em Paulo Afonso, Bahia. Depois, reside em Recife, onde tem contato com grupos de teatro e leituras de poesias. Sua primeira peça, O Reino dos Palhaços, é encenada em 1981. Dez anos depois, muda-se para São Paulo. Em 1995, edita, de forma independen...

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Biografia

Marcelino Juvêncio Freire (Sertânia, Pernambuco, 1967). Escritor e editor. Entre 1969 e 1975, mora em Paulo Afonso, Bahia. Depois, reside em Recife, onde tem contato com grupos de teatro e leituras de poesias. Sua primeira peça, O Reino dos Palhaços, é encenada em 1981. Dez anos depois, muda-se para São Paulo. Em 1995, edita, de forma independente, seu primeiro livro de contos, AcRústico. Cinco anos depois, lança Angu de Sangue, com prefácio do crítico João Alexandre Barbosa (1937-2006). Em 2002, a Ateliê Editorial publica o livro de aforismos EraOdito, seguido de outros volumes de contos: BaléRalé (2003), Contos Negreiros (2005) e Rasif: Mar que Arrebenta (2008). Ainda em 2002, inaugura o selo EraOdito EditOra e lança a Coleção 5 Minutinhos, reunindo narrativas curtas inéditas dos escritores Glauco Mattoso (1951) e João Gilberto Noll (1946-2017).

Em 2006, recebe o prêmio Jabuti por Contos Negreiros, com uma versão em audiolivro. Nesse ano, cria a Balada Literária, evento anual que reúne escritores e artistas, com debates sobre arte contemporânea. Entre 2002 a 2010, mantém o blog EraOdito e, a partir de 2011, escreve no Ossos do Ofídio. Os dois sites funcionam como diário do escritor e veículo de divulgação de seu trabalho e de eventos literários. Também participa da cena literária nacional: organiza Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século (2004), antologia de contos de autores contemporâneos, e atua como um dos editores da revista PS:SP, sobre literatura paulistana. Em 2013, publica o primeiro romance, Nossos Ossos, pela editora Record. Em 2014, o livro ganha o prêmio Machado de Assis de Melhor Romance pela Biblioteca Nacional.

Análise

A prosa de Marcelino Freire é marcada pela representação da violência do Brasil contemporâneo com linguagem concisa, articulada à oralidade, ao lirismo e à ironia. O desdobramento dessa oralidade confere um veio teatral aos escritos. Segundo o crítico Bruno Zeni (1975), a prosa de Freire possui o ritmo “da conversa, com suas repetições e construções que infringem a norma culta” 1. Seus escritos, narrados em primeira pessoa, assumem a voz dos indivíduos das classes baixas e apresentam os traços de oralidade articulados ao discurso direto, artifício que os aproximam da realização do poema. A prosa lírica de Freire destaca-se de uma linhagem de ficcionistas de sua geração que também têm como matriz literária a realidade contemporânea e a violência urbana, mas sem a mesma elaboração da linguagem.

Homossexualidade é tema recorrente para Marcelino Freire. BaléRalé (2003) traz dezoito contos sobre personagens gays e tem na capa os homens Weerdinge, que, segundo Freire, “foram encontrados abraçados e hoje seriam conhecidos como o casal gay mais antigo daquele país. [Holanda]”2. Freire expande o tema em suas postagens no blog Ossos do Ofídio, comentando acontecimentos da atualidade, como em “Meu Casamento Gay”3, que discute religião e homoafetividade.

Notas

1 ZENI, Bruno. E a gente vai sangrando. In: ZENI, Bruno. Rodapé: crítica de literatura brasileira contemporânea. São Paulo: Nankin, 2002.

2 VASCONCELOS, Liana Aragão Lira. Estratégias de atuação no mercado editorial: Marcelino Freire e a Geração 90. Dissertação (Mestrado em Teoria Literária) – Universidade de Brasília, Brasília, 2007. p. 95.

3 FREIRE, Marcelino. Meu casamento gay. Disponível em: < https://marcelinofreire.wordpress.com/2013/03/14/meu-casamento-gay/ >. Acesso em: 17 fev. 2017.

Obras 2

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Espetáculos 7

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Exposições 1

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Mídias (1)

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Marcelino Freire - Enciclopédia Itaú Cultural
A primeira lembrança literária do pernambucano Marcelino Freire é a de um poema de Manuel Bandeira, aos nove anos. Sua estreia ocorre após mudar-se para São Paulo, em 1991. “Chegando aqui, só fiz trabalhar… E aqueles textos olhando para mim nas gavetas. Então, comecei eu mesmo a publicar os livros”, diz. “Quando percebi que minha literatura estava ganhando essa voz que ela tem hoje, me agarrei nela. Essa oralidade já dava sinais no início, mas se tornou mais presente porque eu estava longe da minha origem.” Provocador, inspirado pela frase “não leio porque não tenho tempo”, Freire cria a coleção de textos curtos 5 Minutinhos. Para o escritor, a “melhor política é o fazer”: “Somos uma geração de teimosos. Eu, [Marcelo] Mirisola, Nelson de Oliveira, Evandro Affonso Ferreira. Até então, havia as grandes editoras, os autores dessas editoras e os recusados. Ao invés de reclamar, a gente resolveu se juntar”.

Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Erika Mota (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)

Fontes de pesquisa 5

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  • ANDRADE, Janilto. Também do feio se faz a literatura: a escrita de Marcelino Freire. In: A arte e o feio combinam? Recife, Fasa Editora, 2006.
  • FREIRE, Marcelino. Ossos do Ofídio. São Paulo. Disponível em: < https://marcelinofreire.wordpress.com/ >. Acesso em: 17 fev. 2017
  • LEAL, Luciana Brandão. Vozes estilhaçadas: representações urbanas no conto “Volte outro dia”, de Marcelino Freire. Revista Alpha, Patos de Minas, v. 13, p. 163-171, 2012.
  • VASCONCELOS, Liana Aragão Lira. Estratégias de atuação no mercado editorial: Marcelino Freire e a Geração 90. Dissertação (Mestrado em Teoria Literária) – Universidade de Brasília, Brasília, 2007.
  • WALTY, Ivete Lara Camargos. De alegorias e pastiches: a questão do realismo. In: Corpus rasurado: exclusão e resistência na narrativa urbana. Belo Horizonte, Autêntica/Editora PUC Minas, 2005. p. 89-113

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