Alice Miceli
![Strange Fruit, 2005 / 2006 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/000900001019.jpg)
Strange Fruit, 2005
Alice Miceli
Texto
Biografia
Alice Miceli Araújo (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1980). Videoartista e fotógrafa. Em 2001, forma-se em artes e mídias eletrônicas na Ecole Supérieure d’Études Cinématographiques de Paris (Esec). Em 2003, ingressa no Grupo de Estudos e Discussão de Projetos do professor Charles Watson (1951), na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Entre 2004 e 2005, realiza residência artística na Cable Factory, em Helsinque, na Finlândia, como bolsista do programa Unesco/Aschberg Bursaries for Artists/Hiap.
Em 2005, seu vídeo 88 de 14.000 – com imagens de 88 entre os 14 mil mortos numa prisão de extermínio do Camboja sob o regime do Khmer Vermelho, na década de 1970 – é selecionado como finalista do Transmediale/International Media Art Festival (Berlim). Desde então, Miceli tem participado de dezenas de exposições coletivas no Brasil e no exterior, incluindo: Festival VideoBrasil (2005 e 2007); Festival Videoformes, em Clermont-Ferrand, França (2005); Documenta de Kassel (2007); Sidney Film Festival (2008); mostra Nova Arte Nova, no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro (2008); e Mediations Biennale, em Poznan, na Polônia (2012).
Em 2007, muda-se para Berlim a fim de se dedicar ao Projeto Chernobyl, que se estende até 2010. Realizado na zona de exclusão da usina nuclear soviética que explodiu em 1986, o projeto inclui imagens captadas por dispositivos sensíveis à radiação gama do ambiente, especialmente desenvolvidos pela artista. O projeto, um dos vencedores do 6º Prêmio Sérgio Motta de Arte e Tecnologia (2005-2006), rende a Miceli sua primeira participação na Bienal de São Paulo (2010). Em 2011, ocorrem suas primeiras exposições individuais, na Galeria Nara Roesler, em São Paulo, e na Meulensteen Gallery, em Nova York.
Análise
Após trabalhar com os cineastas Silvio Tendler (1950) e Sandra Kogut (1965), Miceli envereda pela investigação visual com uma peculiar combinação entre arte, história e tecnologia. Esses campos se fertilizam mutuamente para engendrar vídeos, fotografias e instalações estruturados em torno da crise da representação como sintoma da crise da sociedade contemporânea.
Nas palavras da crítica Giselle Beiguelman (1962), os trabalhos de Miceli obrigam o espectador a “repensar as estratégias correntes de lidar com a história e com a memória, nos assaltando, sem terror, com vestígios por vezes mórbidos, por vezes imponderáveis, muitas vezes trágicos, da ação humana, na política e na ciência”.1 Investigando um arquivo fotográfico de vítimas do Khmer Vermelho, percorrendo campos e cidades vazios em torno da usina de Chernobyl, apropriando-se de frames de vídeos prosaicos para os quais propõe intrigantes releituras, ou mesmo quando se debruça sobre seu próprio rosto, o foco da artista é pesquisar as interseções entre registro documentário e invenção visual por meio de uma reflexão sobre a natureza processual da produção da imagem.
Diversos lugares despovoados, inacessíveis ou labirínticos, muitas vezes reconstruídos pela virtualidade do loop, permeiam as obras de Miceli e servem de cenário para a pesquisa de temas recorrentes, como a relatividade entre tempo e espaço, identidade e memória. Segundo a própria artista afirma: “[...] tenho interesse por esses lugares não vistos, ou inacessíveis. As fronteiras, as terras de ninguém. [...]. Nos meus trabalhos, há várias imagens que remetem ao impenetrável”.2
Notas
1 BEIGUELMAN, Giselle. Irretratáveis anos-luz. São Paulo, 2009. Disponível em: http://www2.sescsp.org.br/sesc/videobrasil/up/arquivos/200703/20070328_120414_ensaio_AMiceli_P.pdf. Acesso em: 15 out. 2013.
2 MICELI, Alice. Entrevista no dossiê sobre a artista no sítio do Projeto VideoBrasil, n. 27. Disponível em: http://www2.sescsp.org.br/sesc/videobrasil/site/dossier027/apresenta.asp. Acesso em: 17 out. 2013.
Obras 1
Exposições 25
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2003 - 2003
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31/5/2004 - 5/9/2004
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14/7/2004 - 18/7/2004
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2005 - 2005
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21/3/2006 - 28/5/2006
Fontes de pesquisa 8
- 4º Prêmio Cultural Sergio Motta. Versão em inglês Thomas William Nerney. São Paulo: Instituto Sergio Motta, 2003.
- ALICE MICELI. Currículo da artista no site da Galeria Nara Roesler. São Paulo, 2013. Disponível em: http://www.nararoesler.com.br/artistas/alice-miceli. Acesso em: 15 out. 2013.
- BEIGUELMAN, Gisele. Irretratáveis anos-luz. São Paulo, 2009. Disponível em http://www2.sescsp.org.br/sesc/videobrasil/up/arquivos/200703/20070328_120414_ensaio_AMiceli_P.pdf. Acesso em: 15 out. 2013.
- FARIAS, Agnaldo. Colapso. São Paulo, 2011. Disponível em: http://www.nararoesler.com.br/download_texto/colapso_agnaldo_farias_1300900814_1340038489.pdf. Acesso em: 17 out. 2013.
- MICELI, Alice. Chernobyl Project. Berlim: Several Pursuits, 2010 (com ensaios de Gunalan Nadarajan, Paula Alzugaray e Raïssa de Góes).
- MICELI, Alice. Dossiê sobre a artista no site do Festival VideoBrasil, n. 27. São Paulo, 2009. Disponível em: http://www2.sescsp.org.br/sesc/videobrasil/site/dossier027/apresenta.asp. Acesso em: 17 out.
- MONACHESI, Juliana. A identidade dissolvida. São Paulo, 2004. Disponível em: http://www.canalcontemporaneo.art.br/quebra/archives/000214.html. Acesso em: 16 out. 2013.
- SALÃO NACIONAL DE ARTE DE GOIÁS, 2006, Goiânia. Salão Nacional de Arte de Goiás: 6º prêmio Flamboyant Brasil Mostra Sua arte. Curadoria Divino Sobral. Goiás: Flamboyant Shopping Center, 2006.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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ALICE Miceli.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa377650/alice-miceli. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7