Maria Padilha
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Biografia
Maria Padilha Gonçalves (Rio de Janeiro RJ 1960). Atriz. Fundadora e integrante do grupo Pessoal do Despertar, é intérprete assídua no teatro, muitas vezes assumindo o papel de idealizadora e produtora dos projetos em que atua.
Faz sua formação em cursos livres e inicia a carreira atuando em infantis. Em 1979, está em O Despertar da Primavera, de Frank Wedekind, com direção de Paulo Reis. A montagem dá origem ao grupo Pessoal do Despertar, do qual participa ativamente atuando e produzindo em todos os espetáculos. Em 1982, atua em Quero, de Manuel Puig, com direção de Ivan de Albuquerque. No ano seguinte, projeta-se em O Círculo de Giz Caucasiano, de Bertolt Brecht, último espetáculo do Pessoal do Despertar, e participa de Apenas Bons Amigos, colagem de textos com direção de Antônio Pedro. Sob a direção de Aderbal Freire-Filho, integra o elenco de As You Like It ou Uma Peça Como Você Gosta, de William Shakespeare, 1985. Em 1986, atua em Amor por Anexins, de Artur Azevedo, com direção de Luis Antônio Martinez Corrêa, e destaca-se no espetáculo A Bandeira dos Cinco Mil Réis, de Geraldo Carneiro, com direção de Aderbal Freire Filho, em que realiza também a produção. A crítica Marília Martins considera que a atriz diferencia com muita perícia os quatro personagens que desempenha, usando da voz ao gesto para uma composição "de comunicação direta e humor certeiro".1 O crítico Macksen Luiz identifica na atriz um constante crescimento artístico: "(...) Maria Padilha amadurece a cada nova montagem. A diferença que estabelece entre a Isabel jovem e a mais velha já seria suficiente para confirmar este amadurecimento. As composições como a Índia e como Canhori são extremamente cuidadas".2
Em 1987, novamente dobrando função, faz Lucia McCartney, adaptação de Geraldo Carneiro para o romance de Rubem Fonseca, com direção de Miguel Falabella. Em 1989, realiza Lulu, de Frank Wedekind, com direção de Naum Alves de Souza. Seguem-se La Ronde, de Arthur Schnitzler, 1991, e No Coração do Brasil, de Miguel Falabella, 1992. Em 1994, interpreta a moribunda de Nelson Rodrigues em A Falecida, com direção de Gabriel Villela. A crítica Barbara Heliodora nota que "Maria Padilha tem atuação muito superior a seus trabalhos anteriores e faz uma Zulmira marcante".3 Macksem Luiz, por sua vez, comenta: "Sobre Maria Padilha recai a maior responsabilidade de circular pela ritualidade e pelo melodrama que o encenador impõe. A atriz sustenta com vigor o plano ritual (...)".4
Em 1996, atua em O Mercador de Veneza, de William Shakespeare, com direção de Amir Haddad. Em 1999, interpretando a Macha de As Três Irmãs, de Anton Tchekhov, com direção de Enrique Diaz, divide o palco com Julia Lemmertz e Cláudia Abreu. No mesmo ano, assume a direção artística do Teatro Glória. Em 2001, atua ao lado de Pedro Cardoso em Mão na Luva, de Oduvaldo Vianna Filho, novamente com direção de Amir Haddad.
Ao longo de sua carreira, Maria Padilha atua eventualmente em televisão, mas não esconde que o teatro é seu maior objetivo. Em 1994, surpreende o público ao aceitar posar nua para uma revista e declarar que o faz para pagar a produção de A Falecida.
Consagrada no teatro permanece ligada às suas origens de vanguarda produzindo espetáculos com diretores jovens ou à margem do mercado, na busca de novas e inusitadas experiências cênicas.
Notas
1. MARTINS, Marília. Nacionalismo sem conflitos. IstoÉ, São Paulo, 28 mai. 1986.
2. LUIZ, Macksen. Nacionalidade delirante. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 24 abr. 1986.
3. HELIODORA, Barbara. O triunfo dos talentos. O Globo. Rio de Janeiro, 28 fev. 1994.
4. LUIZ, Macksen. Uma alegoria da tragédia. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 fev. 1994. Caderno B, p. 26.
Espetáculos 26
Fontes de pesquisa 7
- ALBUQUERQUE, Johana. Maria Padilha. (ficha curricular) In: _________. ENCICLOPÉDIA do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material elaborado em projeto de pesquisa para a Fundação VITAE. São Paulo, 2000.
- ANUÁRIO de teatro 1994. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 1996. R792.0981 A636t 1994
- EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011. Não catalogado
- GLOBO TEATRO.Disponível em: < http://www.globoteatro.com.br/em_cartaz/index/633/25 >. Acesso em : 5 de maio de 2011. Não catalogado
- MACKSEN, Luis. Nacionalidade delirante. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 24 abr. 1986.
- MARTINS, Marília. Nacionalismo sem conflitos. IstoÉ, São Paulo, 28 maio 1986.
- PADILHA, Maria. Rio de Janeiro: Funarte / Cedoc. Dossiê Personalidades Artes Cênicas.
Como citar
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MARIA Padilha.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa359437/maria-padilha. Acesso em: 05 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7