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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Moacir Chaves

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 16.05.2023
02.01.1965 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Moacir Chaves (Rio de Janeiro RJ 1965). Diretor. Realiza espetáculos de grande comunicabilidade a partir de materiais não dramatúrgicos como o sermão do Padre Vieira ou os registros de um processo inquisitorial.

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Biografia

Moacir Chaves (Rio de Janeiro RJ 1965). Diretor. Realiza espetáculos de grande comunicabilidade a partir de materiais não dramatúrgicos como o sermão do Padre Vieira ou os registros de um processo inquisitorial.

Entre 1983 e 1984, faz o curso básico de formação de ator da Escola de Teatro Martins Pena. Em 1985, forma-se atuando em Conto de Inverno, de William Shakespeare, encenação de Renato Icarahy, que o leva para o Grupo TAPA, onde faz assistência de direção em Beto e Teca, do alemão Volker Ludwig, dirigida por Renato Icarahy. Na sequência, atua em Casa de Orates, de Aluísio e Artur Azevedo, dirigido por Eduardo Tolentino de Araújo, e em 1986, O Alienista, de Machado de Assis (1839 - 1908), mais uma direção de Renato Icarahy.

Inicia a carreira de diretor à frente do grupo Cite-Teatro, fundado com a atriz Denise Fraga, em 1987, montando espetáculos para escolas públicas e particulares do Rio de Janeiro. Dirige, com o grupo, uma sequência de peças dos principais comediógrafos brasileiros do século XIX: As Desgraças de uma Criança, de Martins Pena, 1987, O Primo da Califórnia, de Joaquim Manuel de Macedo, e O Defeito de Família, de França Júnior, ainda em 1988, Jornal das Famílias, coletânea de textos de Martins Pena e França Júnior, 1989.

Em 1991, encena Esperando Godot, de Samuel Beckett, com Denise Fraga. Em 1993, participa como ator de duas montagens do Centro de Demolição e Construção do Espetáculo - CDCE, dirigido por Aderbal Freire Filho. No mesmo ano, dirige Fausto, 1ª Parte, de Goethe. Em 1990 conclui o curso de Teoria do Teatro e em 2002 o mestrado. Em 1994, transpõe para a cena o Sermão da Quarta-Feira de Cinzas, do Padre Antônio Vieira, com Pedro Paulo Rangel. O crítico Lionel Fischer escreve: "O objetivo básico do encenador é possibilitar à platéia um contraponto a tantas e não raro inúteis pregações contemporâneas que (...) quase nunca permitem um exame mais acurado acerca da essência da condição humana. Em vez de teatralizar em excesso o texto, Chaves conduz a montagem como uma conversa (...)".1

Em seguida, dirige A Revolta da Cachaça, de Antônio Callado, 1995. Encenada pela primeira vez, a peça, escrita em 1982, coloca em cena três personagens que discutem, no tempo atual, a montagem de uma peça teatral inacabada sobre uma rebelião popular no Rio de Janeiro do século XVII, conseqüência de um decreto do governo português proibindo a fabricação de cachaça. Seguem-se Roberto Zucco, de Bernard-Marie Koltès, 1996, e Don Juan, de Molière, 1997, com Edson Celulari e Cacá Carvalho. O crítico Macksen Luiz ressalta os cenários e figurinos de Daniela Thomas: "O visual de Don Juan, nos seus planos construídos sobre aramados de ferro, com sugestões complementares no piso de folhas secas e no painel de nuvens altamente evocativo, se impõe na sua poética aspereza. (...) Mas a densidade que faz a moldura do espetáculo nem sempre alcança o seu clima dramático. O diretor insinua uma concepção mais cerebral da cena, que abandona em favor de alguns efeitos (na diversidade da linha de interpretação do elenco e na sintonia com o tom de comédia). Mas esta montagem de Don Juan valoriza o texto de Molière e se constitui numa apreciável tentativa de dar uma interpretação autoral ao espetáculo".2

Encena o inédito O Altar do Incenso, de Wilson Sayão, 1999, com Marília Pêra e Gracindo Júnior. O diretor lança-se em seguida à empreitada de transpor para o teatro, como dramaturgia, textos retirados de um processo inquisitorial contra um dos franceses responsáveis pela tentativa de fundação da França Antártida no Brasil do século XVI, com Villegaignon. Para tal, junta um conjunto talentoso de atores, fundando a Péssima Companhia. O resultado é o espetáculo Bugiaria, 1999, com o qual recebe o Prêmio Governador do Estado de melhor direção e melhor espetáculo, mesclando o discurso árido a uma linguagem cáustica e irreverente inspirada na bufonaria. No ano seguinte, o espetáculo faz temporada em São Paulo, onde a crítica Mariângela Alves de Lima observa: "Executado com um ritmo veloz para deixar partículas em suspensão, o espetáculo consegue ser inquietante como idéia e sensação. Uma vez que não há personagens fixas, os intérpretes, quando não reproduzem documentos, fazem comentários corporais sobre os fatos. Invertem a função clássica das legendas escritas acrescentando uma espécie de comentário visual ao texto".3

Em 2001, dirige A Resistível Ascensão de Arturo Ui, de Bertolt Brecht, e Viver!, baseado em textos de Machado de Assis. Em 2002, encena Por Mares Nunca Dantes, de Geraldo Carneiro, num barco de madeira na Marina da Glória no Rio de Janeiro, e Inutilezas, recital com textos do poeta Manoel de Barros (1916). Paralelamente à atuação cênica, ingressa no magistério, trabalhando na Uni-Rio.  

Notas

 

 

1. FISCHER, Lionel. Brilhante pregação na praça. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 17 nov. 1994.

2. LUIZ, Macksen. Densidade reflexiva em Molière. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 30 mar. 1997.

3. LIMA, Mariângela Alves de. Bugiaria revê ilusão da mistura tropicalista. São Paulo, O Estado de S. Paulo, Caderno 2, 23 mai. 2000.

Espetáculos 60

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Fontes de pesquisa 9

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  • ALBUQUERQUE, Johana. Maneco Quinderé. (ficha curricular) In: _________. ENCICLOPÉDIA do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material elaborado em projeto de pesquisa para a Fundação VITAE. São Paulo, 2000.
  • CHAVES, Moacir. Rio de Janeiro: Funarte / Cedoc. Dossiê Personalidades Artes Cênicas.
  • CORDERY, Nicole. [Currículo]. Enviado pela artista em: 2 maio 2023.
  • ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Márcio Freitas]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos. Não Catalogado
  • ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Rosyane Trotta]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos. Não Catalogado
  • LUIZ, Macksen. Clima absurdo em ritmo de humor. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 13 jan. 2000.
  • LUIZ, Macksen. Um passatempo agradável. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 4 jun. 1999.
  • NESPOLI, Beth. A hora e a vez dos bufões de Moacir Chaves. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 8 maio 2000.
  • VISÃO CARIOCA. Rio de Janeiro.Disponível em: . Acesso em : 5 de maio de 2011. Não catalogado

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