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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Nuca de Tracunhaém

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 18.01.2021
05.07.1937 Brasil / Pernambuco / Nazaré da Mata
27.02.2014 Brasil / Pernambuco / Recife
Manoel Borges da Silva (Nazaré da Mata, Pernambuco, 1937 – Recife, Pernambuco, 2014). Escultor, ceramista e oleiro. Na infância, produz brinquedos de barro para vender na feira de Carpina, Pernambuco. Por volta de 1940, transfere-se para Tracunhaém e adota o nome da cidade, reconhecida pela tradição em cerâmica. Em 1968, esculpe o primeiro leão ...

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Manoel Borges da Silva (Nazaré da Mata, Pernambuco, 1937 – Recife, Pernambuco, 2014). Escultor, ceramista e oleiro. Na infância, produz brinquedos de barro para vender na feira de Carpina, Pernambuco. Por volta de 1940, transfere-se para Tracunhaém e adota o nome da cidade, reconhecida pela tradição em cerâmica. Em 1968, esculpe o primeiro leão que dá origem a sua série mais conhecida. Peixes e galinhas, entre outros animais, são também temas recorrentes em sua produção, além de figuras femininas e anjos. Em feiras e salões de arte popular, convive com ceramistas como Zé do Carmo (1933), Ana das Carrancas (1923-2008) e Mestre Vitalino (1909-1963). Em 1976, participa de feira em São Paulo, organizada pela Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur) e ganha reconhecimento nacional. Sua esposa, Maria Gomes da Silva, também conhecida como Maria do Nuca, ajuda-o em seu trabalho. Possui obras em espaços públicos, como as praças Primeiro Jardim de Boa Viagem e Tiradentes, no Recife, e nos jardins do Sítio Burle Marx, no Rio de Janeiro. Integra a Mostra do Redescobrimento, realizada pela Fundação Bienal de São Paulo, em 2000, e a exposição Pop Brasil: a Arte Popular e o Popular na Arte, exibida no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo, em 2002. Em 2005, é considerado Patrimônio Vivo pelo governo de Pernambuco e por isso recebe uma pensão vitalícia do estado para que repasse seu conhecimento a novas gerações. Depois de seu falecimento, em 2008, os filhos – Marcos Borges da Silva, José Guilherme Borges e Marcelo Borges – dão continuidade ao ateliê.

 

Análise

Os leões dominam a produção de esculturas em cerâmica de Nuca de Tracunhaém. É possível que as primeiras peças representando esse animal sejam fruto de encomenda. Entretanto, é difícil aferir a trajetória desse tema, com forte presença na xilogravura tradicional do nordeste brasileiro1. Não há registro de possíveis mestres populares com os quais o artista tenha aprendido o ofício, apesar de acreditar-se que Nuca provenha de uma família de artesãos.

Os leões habitam o imaginário medieval e estão presentes na heráldica e na xilogravura. Entretanto, essa referência, trabalhada de modo não naturalista, pode ter chegado a Nuca de Tracunhaém por via oral ou textual e, a partir dela, tenha elaborado-a de forma plástica.

A rigidez geométrica e a síntese da forma são características dos leões de Nuca; notam-se os joelhos indicados por relevos circulares mínimos. O crítico Clarival do Prado Valladares (1918-1983), que desenvolve pesquisa sobre arte popular no país, entende que a “estética arcaica”, presente em parte das manifestações artísticas populares, define-se pela atitude hierática, frontalidade, soberania e solidão da figura 2, traços importantes na obra de Nuca.

Nos trabalhos do artista, essas figuras estão destituídas de função religiosa, e as esculturas, apesar de obedecerem a padrões relativamente fixos, demonstram variações quanto aos detalhes. A juba dos leões, por exemplo, assume várias formas, sempre a partir da repetição de um valor formal – circular, serpenteado, sulcado – que podem ainda aparecer em outras figuras.

 

 

Notas

1. MACHADO, Lourival Gomes. Três artigos de Lourival Gomes Machado. In: LACOMBE, Américo Jacobina (Org.). Xilógrafos nordestinos. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1977.

2. VALLADARES, Clarival do Prado. Primitivos, genuínos e arcaicos. In: AGUILAR, Nelson (Org.). Mostra do redescobrimento: arte popular. São Paulo: Fundação Bienal: Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, 2000, p. 99. 

Exposições 2

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