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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Oswaldo Correa Gonçalves

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 25.10.2023
1917 Brasil / São Paulo / Santos
2005 Brasil / São Paulo / São Paulo
Oswaldo Corrêa Gonçalves (Santos, São Paulo, 1917 - São Paulo, São Paulo, 2005). Arquiteto e urbanista. Forma-se engenheiro-arquiteto em 1941 e engenheiro civil em 1944 na Escola Politécnica de São Paulo (Poli). Em 1942, é contratado pela Prefeitura Municipal de São Paulo para trabalhar no Setor de Aprovação de Plantas, onde permanece até 1953. ...

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Oswaldo Corrêa Gonçalves (Santos, São Paulo, 1917 - São Paulo, São Paulo, 2005). Arquiteto e urbanista. Forma-se engenheiro-arquiteto em 1941 e engenheiro civil em 1944 na Escola Politécnica de São Paulo (Poli). Em 1942, é contratado pela Prefeitura Municipal de São Paulo para trabalhar no Setor de Aprovação de Plantas, onde permanece até 1953. No mesmo período, abre seu escritório e integra a Comissão Executiva do Convênio Escolar de São Paulo. Associa-se aos arquitetos Paulo Bucollo Ballario e José Wagner Ferreira, em 1960, e a Benno Perelmutter, em 1970, com quem funda o Escritório Pluricurricular de Projetos onde trabalha até os anos 1980. Entre 1945 e 1946, publica no Jornal de São Paulo a coluna semanal Urbanismo, assinada com Léo Ribeiro de Moraes. Participa da criação do departamento paulista do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), sendo membro da primeira direção, presidente do departamento (1961-1963) e vice-presidente da direção nacional (1973-1974). Dirige com Fábio Penteado (1929-2011) e Eduardo Kneese de Mello (1906-1994) o programa Arquitetos na TV (1961-1962), exibido pela Excelsior. Colabora com a organização do 1º e 4º Congresso Brasileiro de Arquitetos (1945-1954). É convidado por Ciccilo Matarazzo (1898-1977) a participar da organização da 2ª Bienal Internacional de Artes de São Paulo, assumindo em 1961 a direção da sessão de arquitetura, que se torna independente em 1971, quando é realizada sob a sua coordenação a 1ª Bienal Internacional de Arquitetura. Participa da criação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), assumindo com Ícaro de Castro Mello (1913-1986) a disciplina grandes composições (1954-1955). Idealiza a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos (Faus), criada em 1970, sendo diretor da faculdade por várias gestões e responsável pela cadeira de urbanismo. A partir dos anos 1980, dedica-se exclusivamente à docência, presidindo a Associação Brasileira de Escolas de Arquitetura (Abea) de 1976 a 1977. Recebe o Colar de Ouro do IAB em 1973, a Medalha Mário de Andrade do Governo do Estado de São Paulo, em 1976, e o título de cidadão emérito santista em 1997, quando é realizada a primeira exposição retrospectiva de sua obra na Faus. Em 2005, o arquiteto é homenageado na 6ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.

Análise

Representante da primeira geração de arquitetos modernos de São Paulo, Oswaldo Corrêa Gonçalves contribui para a divulgação dos preceitos do movimento moderno e a consolidação da profissão de arquiteto no país com a sua obra e sua atuação no IAB, na FAU/USP e na Bienal Internacional de Artes e de Arquitetura

Crítico em relação ao personalismo dos arquitetos brasileiros1, Gonçalves defende o trabalho em equipe. Se isso explica em parte a diversidade de sua produção, por outro lado a existência de características comuns a conjuntos de construções de um mesmo período revela que sua variação acompanha o desenvolvimento da história da arquitetura moderna em São Paulo. Dessa forma, as obras realizadas entre meados dos anos 1940 e 1950 indicam o impacto da obra de Le Corbusier (1887-1965) da forma como ela foi lida e ressignificada pelos arquitetos cariocas, especialmente por Oscar Niemeyer (1907-2012). São desse período o Edifício Sobre as Ondas (1946-1947), Guarujá, SP, realizado com Jayme Campello Fonseca Rodrigues (-1947) e premiado no 6º Congresso Pan-Americano de Arquitetos (1947) e na 7ª Trienal de Milão; o Clube Atlético Santista (1948), desenvolvido com Ícaro de Castro Mello (1913-1986); os grupos escolares Romeu de Morais (1949) e o Pedro Taques (1950) realizados para o Convênio Escolar da Prefeitura de São Paulo; o Ginásio e Escola Normal Maria Auxiliadora (1953, não construído); a Residência Abu Jamra (1950), exposta na 2ª Bienal Internacional de Artes de São Paulo (1953-1954); o Edifício Taiúva (Santos, 1955), assinado com Roberto Carlos Milliet; e o Posto de Serviço Texaco (São Paulo, 1957, parcialmente demolido e reformado), feito em parceria com Osmar Antônio Tosi. Em todos eles, é marcante a utilização da estrutura independente e de elementos como pilares em "V", brise soleils e janelas horizontais, além da organização do programa por zonas funcionais que se identificam pelo tratamento diferenciado de sua volumetria.

Aproveitam ainda a topografia natural do terreno e se conectam por meio de marquises que cobrem a circulação externa. Além dessas características, é também marcante a integração entre arte e arquitetura tanto nesses projetos quanto nos que realiza na fase posterior, que contam com a participação de artistas como Marcelo Grassmann (1925) e Clóvis Graciano (1907-1988).

Os projetos para o Sesc e Senac de Ribeirão Preto (1956) e de Bauru (1959), bem como o Paço Municipal do Guarujá (1960), realizado com Heitor Ferreira de Souza; o Centro Cultural e Teatro Municipal de Santos (1960-1968), desenvolvido com Abrahão Sanovicz (1933-1999) e Júlio Roberto Katinsky (1932); e o Pronto Socorro Municipal de Santos (1976), feito em parceria com Benno Perelmuter, José Arduim Filho e Marciel Peinado, marcam uma outra fase de sua produção. Nesse segundo momento, as obras são definidas pela ênfase na estrutura de concreto armado aparente, que define o volume e dá expressão plástica aos edifícios, que são mais concisos, mas nem por isso menos eloquentes. Se na primeira fase seus projetos se identificam com a chamada escola carioca, nesse segundo período eles se aproximam da escola paulista.

Além das atividades de arquiteto, Gonçalves investe também em projetos urbanos realizando, em Suzano, o conjunto habitacional Comunidade Brasílio Machado Neto (1958), com Ferreira de Souza, o Plano Diretor de Santos (1968) e o Plano Urbanístico da Riviera de São Lourenço (1977), em Bertioga,com Perelmuter e Arduim Filho. Nesses projetos, o arquiteto revela o manejo de várias propostas urbanísticas: da cidade-jardim idealizada por Ebenezer Howard (1850-1928) à Carta de Atenas (1933) elaborada por Le Corbusier, passando pelo zoneamento de matriz norte-americana aprendido com o professor Luiz de Anhaia Mello (1871-1974) durante os anos na Poli. Essa diversidade garante a criação de espaços funcionais que atendem às necessidades de circulação e reprodução da cidade, mas que, ao mesmo tempo, têm a qualidade do bairro-jardim, com amplas áreas de lazer servidas de todos os equipamentos públicos necessários ao habitar.

Nota

1 A crítica, conforme Elaine Rodrigues Oliveira, é feita por ocasião do 8º Congresso Pan-Americano de Arquitetos, realizado no México, em 1952

Exposições 1

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Fontes de pesquisa 6

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  • DIAS, Maurício Azenha. Edifício "Sobre as Ondas", um ícone da arquitetura moderna no litoral brasileiro, Vitruvius, São Paulo, fev. 2003. Seção Arquitextos n. 33. Disponível em http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp169.asp. Acesso em: out. 2009.
  • GATI, Catharine. Oswaldo Corrêa Gonçalves. Construindo a profissão. Arquitetura e Urbanismo, n. 59, abr.-mai. 1995, p. 79-87.
  • NUNES, Luiz Antonio de Paula. Textos do urbanismo moderno no Plano Diretor de Santos - 1968. In 3º Seminário Do.Co.Mo.Mo Brasil - 4ª Bienal Internacional de Arquitetura, 1999, São Paulo. Caderno de Resumos do 3º Seminário Do.Co.Mo.Mo Brasil. São Paulo: DoCoMoMo Brasil, 1999. p. 1-14.
  • OLIVEIRA, Elaine Rodrigues. A contribuição de Oswaldo Corrêa Gonçalves para a arquitetura moderna brasileira. 1999. 171f + anexos. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) - Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, São Carlos, 1999.
  • REIS, Nestor Goulart (coord.). 100 anos de ensino de arquitetura e urbanismo em São Paulo. São Paulo: FAU/USP: 1996. 96p. il. p&b.
  • SEGAWA, Hugo. Arquitetos peregrinos, nômades e migrantes. In: ______. Arquiteturas no Brasil: 1900-1990. 2 ed. São Paulo: Edusp, 1999.

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