Elke Maravilha

Elke Maravilha no evento Em torno de Zuzu, 2014
Texto
Elke Georgievna Grunnupp Evremides (Leningrado, Rússia, 1945 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016). Atriz, apresentadora, jurada, modelo, cantora, professora, tradutora. Filha de pai russo e mãe alemã, chega ao Brasil aos 6 anos com a família que emigra em razão das perseguições do regime soviético e estabelece-se na zona rural de Itabira (MG). Em 1955, a família muda-se para o interior de São Paulo. Voltam a Minas Gerais, época em que ganha um concurso de beleza, o de Glamour Girl (1962). Nesse período, naturaliza-se brasileira. Sozinha, muda-se para o Rio de Janeiro aos 20 anos, onde trabalha como secretária bilíngue. Fluente em nove idiomas, é a mais jovem professora da Aliança Francesa e da União Cultural Brasil-Estados Unidos.
Muda-se para Porto Alegre, onde reside de 1966 a 1969. Lá, cursa disciplinas de filosofia, medicina e letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), aprimorando-se como tradutora-intérprete. Aos 24 anos, de volta ao Rio, começa carreira de modelo, desfilando para o estilista Guilherme Guimarães. Desfila para Zuzu Angel (1921-1976), de quem se torna amiga, e é uma das modelos da coleção de protesto político. Nos desfiles promovidos nas lojas de Zuzu, aprimora suas características performáticas. É capa das principais revistas de moda e atualidades. No cinema, estreia como atriz em 1971, atuando com Grande Otelo (1915-1993) no filme O Barão Otelo no Barato dos Bilhões, de Miguel Borges (1937-2013).
Sua primeira participação na televisão acontece em 1972, como jurada no programa do Chacrinha (1917-1988). No Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), também compõe o júri do Show de Calouros de Silvio Santos (1930). Como atriz de telenovelas, sua primeira atuação é em A Volta de Beto Rockfeller (1973), produzida pela TV Tupi. Recebe do colunista social Daniel Más (1944-1989) o apelido com o qual se consagra na vida artística: Elke Maravilha.
Análise
Personalidade da cultura brasileira, torna-se ícone da liberação dos costumes. Durante o regime militar, é presa por violação à Lei de Segurança Nacional. Sua prisão ocorre a caminho de São Paulo, indo divulgar o filme Barão Otelo no Barato dos Bilhões no programa de Silvio Santos. Rasga, no aeroporto, cartazes de procurados pela polícia com a imagem de Stuart Angel, filho de Zuzu, opositor da Ditadura Militar Brasileira e integrante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Em virtude deste episódio, caçam sua cidadania brasileira. Apátrida, como se define, chega a ter passaporte da Organização das Nações Unidas (ONU) para pessoas de cidadania indefinida e recebe, posteriormente, documentos alemães.
Combinando culturas, desenvolve um estilo singular de vestir e pentear-se, numa mescla de elementos tribais e futuristas, por vezes de caráter andrógeno, o que a faz ser tida como “mãe” das drag queens. Mesmo madura, esse estilo contribui para que participe de desfiles para marcas jovens, como a Cavalera, na década de 2000.
Como jurada, participa de programas de auditório em companhia de figuras caricatas, como Wagner Montes (1954) e Pedro de Lara (1925-2007). No SBT, apresenta um talkshow com seu nome: Elke. Como atriz de cinema, participa de vários filmes, entre eles, Pixote: a Lei do Mais Fraco (1980), de Hector Babenco (1946-2016) e Xuxa Requebra (1999), de Iara Macedo, transitando com desenvoltura entre o popular e o cult. Atua na minissérie Memórias de um Gigolô (1986), de Walter Avancini (1935-2001), exibida pela TV Globo. A interpretação como dona de bordel, rende-lhe um convite para ser madrinha da Associação das Prostitutas do Rio de Janeiro. É personagem de inúmeras reportagens e documentários. Como atriz de teatro, participa de diversas peças e encerra a carreira com dois espetáculos autorais nos quais interpreta textos e canções: Elke – do Sagrado ao Profano e Elke Canta e Conta.
Obras 1
Elke Maravilha
Espetáculos 13
Exposições 1
-
23/8/2007 - 23/9/2007
Mídias (2)
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 9
- ELKE MARAVILHA. Site da artista. Disponível em: http://www.elkemaravilha.com.br/. Acesso em: 16 ago. 2016.
- FUNARTE. Elke Maravilha. Funarte. Portal das Artes, 16 ago. 2016. Disponível em: http://www.funarte.gov.br/funarte/elke-maravilha/. Acesso em: 16 ago. 2016.
- GOMES, Laís e BRANCO, Gabriel Castelo. Elke Maravilha morre aos 71 anos, no Rio, após quase um mês internada. Globo. Ego. Disponível em: http://ego.globo.com/famosos/noticia/2016/08/elke-maravilha-morre-aos-71-anos.html. Acesso em: 16 ago. 2016.
- HAUSSEN, Luciana Fagundes. Figurino, moda e luxo no filme “Zuzu Angel”. Sessões do Imaginário: cinema, cibercultura, tecnologias da imagem, Porto Alegre, ano 17, n. 27, 2012.
- MORAES, Camila. Muitas vidas cabem em Elke Maravilha. El País, Madrid,16 ago. 2016. Disponível em: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/08/16/cultura/1471357019_769441.html. Acesso em: 16 ago. 2016.
- PRÓ-TV - Associação de Profissionais da Televisão. Elke Maravilha. Biografia. Museu da Televisão Brasileira. Website. Disponível em: http://www.museudatv.com.br/biografias/Elke%20Maravilha.htm. Acesso em: 16 ago. 2016.
- SILVA, Juliana Romualdo Guedes. Que Maravilha: Elke, a apátrida de Itabira! Monografia de Graduação (Design de Moda), Faculdade Cimo, Belo Horizonte, 2008.
- TV Cultura. Provocações: Elke Maravilha. Programa de entrevistas da TV Cultura. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=H7gQTMHAwog. Acesso em: 16 ago. 2016.
- VEJA. Apátrida e oito maridos: os bastidores da vida de Elke Maravilha. Veja.com, 16 de ago. 2016. Disponível em: http://veja.abril.com.br/entretenimento/apatrida-e-oito-maridos-os-bastidores-da-vida-de-elke-maravilha/. Acesso em: 16 ago. 2016.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
-
ELKE Maravilha.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa331384/elke-maravilha. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7