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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Cristiano Mascaro

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 12.01.2024
22.10.1944 Brasil / São Paulo / Catanduva
Reprodução fotográfica arquivo do artista

Edifício Copan, 1995
Cristiano Mascaro
Impressão com pigmentos pretos de carbono em papel algodão a partir de digitalização de negativo, c.i.d.

Cristiano Alckmin Mascaro (Catanduva, São Paulo, 1944). Fotógrafo, arquiteto e professor. Um dos mais importantes fotógrafos brasileiros, tem como principal personagem o espaço urbano e a relação dos sujeitos com esse espaço, Mascaro retrata o cotidiano de grandes cidades, especialmente de São Paulo.

Texto

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Cristiano Alckmin Mascaro (Catanduva, São Paulo, 1944). Fotógrafo, arquiteto e professor. Um dos mais importantes fotógrafos brasileiros, tem como principal personagem o espaço urbano e a relação dos sujeitos com esse espaço, Mascaro retrata o cotidiano de grandes cidades, especialmente de São Paulo.

Estuda arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), onde conhece a obra do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004), que o leva a desejar seguir carreira na fotografia. Forma-se em 1968, e, no mesmo ano, é convidado para integrar a primeira equipe da revista Veja, em que permanece como repórter fotográfico até 1972. Também na FAU/USP conclui o mestrado em 1986 com a dissertação A Fotografia na Interpretação do Espaço Urbano, e o doutorado, em 1995, com a tese A Fotografia e a Arquitetura.

O fascínio de Mascaro pela cidade e sua arquitetura é anterior à faculdade e se inicia, segundo o fotógrafo, ainda na juventude, quando faz a maior parte de seus percursos a pé na cidade de São Paulo. Da sua relação com a arquitetura urbana, nasce seu primeiro livro A Cidade (1979), que combina a objetividade do fotojornalismo ao olhar de arquiteto e capta edifícios, praças e monumentos não de maneira a isolá-los de seus habitantes, mas para inseri-los no contexto da profusão de paisagens que constitui uma cidade grande. 

O mesmo acontece no livro Luzes da Cidade (1996). Nele, Mascaro usa cenas do cotidiano e personagens de São Paulo para povoar o universo arquitetônico da metrópole. O objetivo parece ser capturar o fugaz, o instantâneo, e contrapô-lo ao que é construído, o que permanece. Além disso, Mascaro registra, também, a transformação das paisagens, o que faz de seu trabalho um objeto de documentação histórica. 

Formalmente, os dois livros são permeados pelo olhar geometrizante de Mascaro. Ele acentua as linhas e as curvas de seus objetos com jogos de luz e sombra que, por um lado, trazem à tona o elemento arquitetônico de suas fotografias e, por outro, revelam uma espécie de relação cultural dos habitantes com os espaços urbanos em que vivem e frequentam. Há uma foto da avenida Marginal do Rio Pinheiros, em São Paulo, que mostra, entre dezenas de cabos e torres de força e dentro da estrutura de um outdoor vazio, duas pessoas trabalhando no que parece ser um reparo. Elas estão de costas e se esticam de uma escada para afixar um cabo na estrutura metálica. Há no retrato uma suspensão temporal, um momento que freia o impulso de modernização a que todo o tom industrial da imagem remete.

Com o lançamento de São Paulo (2000), essa faceta de registro do dia a dia torna-se ainda mais evidente. São pequenos acontecimentos, cenas corriqueiras em festas de aniversário e parques de diversão, capturados tanto na capital como em cidades do interior e do litoral do Estado de São Paulo. As formas geométricas ainda estão presentes, ainda que algumas vezes de maneira mais sugerida do que nos trabalhos anteriores. Já as paisagens reforçam o caráter de livro de viagem. O que transparece, no entanto, é a capacidade de imersão do fotógrafo no cotidiano de um sem número de cidades. Seja pelo uso expressivo de recursos de luz e sombra, seja pelo aprimoramento contínuo em frisar momentos e gestos singulares, Mascaro cria cenas que, em sua falta de imponência, exprimem relações entre pessoas e a ligação delas com suas cidades.

Colabora como fotógrafo no livro O Patrimônio Construído – As 100 Mais Belas Edificações do Brasil (2003), em que registra monumentos tombados pelo patrimônio histórico em todo o país. Voltam as linhas acentuadas, e também a determinação das imagens pelas linhas e curvas arquitetônicas das construções fotografadas. Edifícios que datam do século XVI se combinam com construções relativamente recentes, como o Theatro Municipal de São Paulo, fato que, para além do importante documento histórico que o livro representa, mostra a capacidade de Mascaro de harmonizar elementos díspares por suas relações geométricas. 

Em 2005, participa como arquiteto homenageado da 6ª Bienal Internacional de Arquitetura e Design, com a mostra O Brasil em X, em Y, em Z. Em um cubo branco, imagens de cidades brasileiras sob a luz de seus estilos arquitetônicos confirmam a vocação de Mascaro tanto como fotógrafo das formas quanto das pessoas que as habitam.

Ao longo de sua carreira, Cristiano Mascaro recebe diversos prêmios, como o Prêmio Internacional de Fotografia Eugène Atget, em 1984, e o prêmio especial Porto Seguro de Fotografia, em 2007, pelo conjunto da obra. Seu trabalho é reconhecido internacionalmente e está em diferentes coleções públicas, não só no Brasil, como também em países como França e Estados Unidos. Em 2019, é realizada, no Sesc Pinheiros, em São Paulo, a exposição O Que os Olhos Alcançam, em comemoração aos 50 anos de carreira do fotógrafo, com 180 imagens de sua trajetória.  

A importância da obra de Mascaro para a arte brasileira está não só no registro que faz das cidades e dos personagens que atuam nesses cenários no dia a dia – o que constitui relevante material histórico –, mas também (ou principalmente) em sua particularidade estética, marcada pela composição geométrica da imagem e pelos jogos de luz e sombra em suas fotografias. Mais do que o rigor formal de um grande fotógrafo, Mascaro revela em sua obra o desejo de transmitir ao outro, através de suas lentes, a alma da paisagem – que, mais do que cenário, é, na verdade, personagem. 

Obras 22

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Reprodução fotográfica arquivo do artista

Avenida Paulista 01

Impressão com pigmentos pretos de carbono em papel algodão a partir de digitalização de negativo
Reprodução fotográfica arquivo do artista

Avenida São João 01

Impressão com pigmentos pretos de carbono em papel algodão a partir de digitalização de negativo
Reprodução fotográfica arquivo do artista

Avenida São João 02

Impressão com pigmentos pretos de carbono em papel algodão a partir de digitalização de negativo
Reprodução fotográfica arquivo do artista

Bienal

Impressão com pigmentos pretos de carbono em papel algodão a partir de digitalização de negativo

Exposições 149

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Mídias (1)

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Cristiano Mascaro - Enciclopédia Itaú Cultural
Cristiano Mascaro encara sua câmera fotográfica como um bloco de notas, no qual pode apontar suas impressões sobre a vida na metrópole. “Meu negócio é caminhar e ver as surpresas que a cidade oferece”, diz. O fotojornalismo, que praticou no início da carreira, é uma influência importante em seu trabalho. Mesmo em retratos, sua interferência na composição da imagem é mínima, para captar uma cena espontânea e real – a exemplo da foto de um grupo de rapazes reunidos num bar em São Luís (MA), cuja única orientação foi para que ficassem próximos à porta do estabelecimento, iluminados pela luz que vinha da rua. “Procuro explorar a atmosfera em que essas pessoas estão, mas jamais interferir a ponto de criar uma cena totalmente nova.” Para Mascaro, é um equívoco a fotografia se aproximar do universo das artes plásticas, mimetizando a pintura. Seu desafio é enfrentar a realidade, saindo do óbvio e do literal.

Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Erika Mota (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)

Fontes de pesquisa 11

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  • BRIL, Stefania. As imagens de três amores urbanos. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 06 set. 1984. p. 19.
  • COLEÇÃO Pirelli/MASP de Fotografias : v. 1. Versão em inglês Kevin M. Benson Mundy. São Paulo, SP: Masp, 1991.
  • FOTÓGRAFOS de São Paulo. São Paulo: MAC/USP, 1971.
  • MASCARO, Cristiano. A cidade. São Paulo: Cia. Rhodia do Brasil, 1979.
  • MASCARO, Cristiano. Luzes da cidade. Texto Antonio Candido, Rubens Fernandes Júnior, Sebastião Salgado. São Paulo: DBA, 1996.
  • MASCARO, Cristiano. Registros urbanos. Apresentação Oscar Niemeyer. Rio de Janeiro: Paço Imperial, 1998. s.p. il.
  • MASCARO, Cristiano. São Paulo. Apresentação Ignácio de Loyola Brandão. São Paulo: Senac, 2000. 199 p., il. p&b.
  • OLIVA, Daigo. Cristiano Mascaro celebra 50 anos de carreira sem olhar muito para trás. Folha de S.Paulo, São Paulo, 8 abr. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/04/cristiano-mascaro-celebra-50-anos-de-carreira-sem-olhar-muito-para-tras.shtml?origin=folha. Acesso em: 22 ago. 2020.
  • SEMANA DA FOTOGRAFIA DE CURITIBA, 4., 1994, Paraná, MARIANI, Anna, MASCARO, Cristiano. 4ª Semana da fotografia de Curitiba. Apresentação Orlando Azevedo. Curitiba: FCC, 1994.
  • SOUZA, Matheus. Obra de Cristiano Mascaro é tema de exposição em São Paulo. Jornal da USP, São Paulo, 12 abr. 2019. Cultura. Disponível em: https://jornal.usp.br/cultura/obra-de-cristiano-mascaro-e-tema-de-exposicao-em-sao-paulo/. Acesso em: 22 ago. 2020.
  • SURPRESAS de Tóquio por Cristiano Mascaro. Casa Vogue, 22 ago. 2014. Fotografia. Disponível em: https://casavogue.globo.com/LazerCultura/Fotografia/noticia/2014/08/surpresas-de-toquio-por-cristiano-mascaro.html. Acesso em: 22 ago. 2020.

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