Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Nássara

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 04.11.2024
11.11.1910 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
11.12.1996 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica Décio Daniel

César Romero e Carmem Miranda, 11.11.1944
Nássara
c.s.d.

Antônio Gabriel Nássara (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1910 - idem 1996). Caricaturista, compositor. Em 1929, inicia o curso de arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes - Enba e emprega-se como retocador de fotografias na seção de desenho do jornal A Crítica onde conhece o caricaturista Guevara (1904 - 1964), que influencia seu traço. Nes...

Texto

Abrir módulo

Biografia

Antônio Gabriel Nássara (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1910 - idem 1996). Caricaturista, compositor. Em 1929, inicia o curso de arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes - Enba e emprega-se como retocador de fotografias na seção de desenho do jornal A Crítica onde conhece o caricaturista Guevara (1904 - 1964), que influencia seu traço. Nesse mesmo ano, publica alguns trabalhos no jornal A Noite e funda o Conjunto da Enba com Jota Rui, Barata Ribeiro, Manuelito Xavier, Jaci Rosas e Luis Barbosa (1910 - 1938). Com esse grupo musical compõe seus primeiros sambas. Em 1930, como paginador no jornal O Globo, conhece os modernos métodos de impressão e ilustração. Em 1931, abandona o curso de arquitetura e trabalha como paginador no jornal A Esquerda, no qual publica diversas caricaturas. No ano seguinte, Mário Reis (1907 - 1981) e Francisco Alves (1898 - 1952) gravam o samba de sua autoria intitulado Formosa. A música faz sucesso no carnaval carioca de 1933. Como compositor tem gravados aproximadamente 200 sambas e marchas de 1932 a 1970. De 1935 a 1952 colabora com diversas revistas cariocas como O Cruzeiro, onde publica, entre 1943 e 1945, uma série de charges sobre a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Revista Carioca, Vamos Ler e Diretrizes. Em 1950, convidado por Samuel Wainer (1912 - 1980), trabalha no jornal Última Hora como paginador do 2º Caderno e realiza caricaturas dos políticos da época. Posteriormente ilustra alguns livros e, em 1974, emprega-se no semanário O Pasquim, onde trabalha com Jaguar (1932), Ziraldo (1932) e Millôr Fernandes (1923) até 1983. Em 1996, um mês antes de falecer, conclui sua última obra, 30 desenhos para o livro infantil, Moça Perfumosa, Rapaz Pimpão, escrito por Daniela Chindler.

Análise

Nássara estréia na imprensa carioca no jornal O Globo, em 1927, com desenho que acompanha a reportagem de Eduardo Bahout sobre a travessia do Atlântico realizada pelo hidroavião Jahú. Euricles de Matos, redator-chefe do jornal, encoraja o jovem Nássara a continuar na carreira, o que ocorre alguns anos depois. Em 1928, ingressa no curso de arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes - Enba, e divide o tempo entre os estudos e os grupos de samba, choro e marcha que forma com outros estudantes. Ele tem as primeiras aulas formais de desenho particularmente com Modesto Brocos (1852 - 1936), que o aconselha a abandonar o desenho acadêmico e aponta sua vocação para a caricatura.

Em 1929 Nássara publica três caricaturas em O Globo e inicia uma carreira, de êxito, que dura até sua morte. É levado para a revista A Noite pelo caricaturista Fritz (1895 - ca.1969), em 1930, colaborando também nessa década com as publicações Crítica, Carioca e Vamos Ler. Nássara trabalha em revistas e jornais brasileiros importantes, destacando-se sua contribuição em Diretrizes e as duas páginas semanais em cores para a revista O Cruzeiro, na década de 1940. Segundo alguns estudiosos, essas páginas de humor semanais constituem a melhor fase de sua atividade artística. Em suas charges e caricaturas desfilam figuras internacionais e nacionais ligadas à 2ª Guerra Mundial (1939-1945), com humor profundamente antifascista, e cenas do cotidiano do carioca.

Assim como outros jovens desenhistas surgidos nos anos 1930, Nássara é influenciado pelo grande caricaturista da época, o carioca J. Carlos (1884 - 1950). Posteriormente conhece o traço geometrizado e a caricatura em meio-tom do paraguaio radicado no Brasil Guevara (1904 - 1964). Aliado às aulas de história da arte na Enba, o contato com a modernidade visual de George Grosz (1893 - 1959), das revistas Vanity Fair e Simplicissimus, e artistas de vanguarda como Pablo Picasso (1881 - 1973) e Henri Matisse (1869 - 1954), ajuda-o a formar seu estilo, cedo descoberto.

As charges e caricaturas de Nássara se caracterizam pelas linhas econômicas e formas geometrizadas, em que tudo é redutível a esferas, cones, ovóides combinados entre si. Como nota Millôr Fernandes (1923), Nássara é o "Mondrian do portrait-charge, corrige a natureza fazendo com que as personagens acabem se parecendo com a caricatura". Há em seus desenhos um trabalho de abstração do real, sem que se perca a fisionomia do caricaturado. No entanto, não há interesse pelo exame psicológico dos personagens. Segundo o chargista Jaguar (1932), ele faz "logotipos" das pessoas que retrata. Entre seus portraits-charge mais famosos estão Napoleão Bonaparte (1769 - 1821), Getúlio Vargas (1882 - 1954) - quase sempre de perfil -, Jânio Quadros (1917 - 1992), Candido Portinari (1903 - 1962), Grande Otelo (1915 - 1993), Carmem Miranda (1909 - 1955) e Noel Rosa (1910 - 1937).

Nos anos 1950, Nássara ajuda a fundar, com o jornalista Samuel Wainer (1912 - 1980), o jornal Última Hora, no qual mantém página dupla em cores com crônica do cotidiano do Rio de Janeiro. Em 1974, começa a colaborar para o jornal de humor O Pasquim. Nesse momento, inicia-se a segunda fase de sua carreira, em que é descoberto e admirado por uma geração de caricaturistas mais novos. Permanece ali até 1983, com o mesmo humor afiado e traço econômico e certeiro dos primeiros tempos. Dessa fase destacam-se retratos das novas personalidades da música como Caetano Veloso (1942) e Maria Bethânia (1946), caricaturas das figuras políticas, como Jânio Quadros, Ulisses Guimarães (1916 - 1992), Paulo Maluf (1931) e Delfim Netto (1928) e dos presidentes militares, reunidos na charge clássica Corrente pra Trás, de 1982.

Como compositor, Nássara faz diversas músicas, sobretudo marchinhas de carnaval hoje antológicas, como Formosa, seu primeiro sucesso em 1932 gravada por Francisco Alves (1898 - 1952) e Mário Reis (1907 - 1981), Alá Lá Ô, e o grande hit Balzaquiana (1950), que ganha versão para o francês de Michel Simon.  Em 1972, Nássara desenha 12 capas de disco para a série No Tempo dos Bons Tempos, do selo Fontana.

Obras 31

Abrir módulo

Exposições 9

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 6

Abrir módulo
  • BATISTA, Marta Rossetti e LIMA, Yone Soares de. Coleção Mário de Andrade: artes plásticas. 2. ed. São Paulo: USP/IEB, 1998.
  • LAGO, Pedro Corrêa do. Caricaturistas brasileiros: 1836-1999. Rio de Janeiro: Sextante Artes, 1999. p. 124-127.
  • LIMA, Herman. História da caricatura no Brasil IV. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1963.
  • LOREDANO, Cássio. Nássara: desenhista. Apresentação Marcos Vinicios Vilaça, Francisco de Assis Barbosa. Rio de Janeiro: Funarte, 1985. 140 p., il. p&b color. (Para todos, 2).
  • LUSTOSA, Isabel. Nássara: o perfeito fazedor de artes. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1999. 136 p. il. p.b. (Perfis do Rio, 23).
  • SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 1966. 583 p. (Retratos do Brasil, 51).

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: