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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Padre José de Anchieta

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 29.05.2019
19.03.1534 Espanha / Ilhas Canárias / Santa Cruz de Tenerife
09.06.1597 Brasil / Espírito Santo / Anchieta
Foto de Autoria desconhecida

Cartaz do filme Um Anjo Mau , 1971
Padre José de Anchieta
76,00 cm x 112,00 cm
Cinemateca Brasileira

Padre José de Anchieta (San Cristóbal de La Laguna, Ilhas Canárias, Espanha 1534 - Reritiba, atual Anchieta ES 1597). Padre jesuíta, poeta, dramaturgo, lingüista, professor e autor de textos informativos e históricos. Nascido em Tenerife, é filho de pai espanhol e mãe oriunda da Ilha da Grã Canária. Ingressa, em 1551, na Companhia de Jesus e, do...

Texto

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Biografia

Padre José de Anchieta (San Cristóbal de La Laguna, Ilhas Canárias, Espanha 1534 - Reritiba, atual Anchieta ES 1597). Padre jesuíta, poeta, dramaturgo, lingüista, professor e autor de textos informativos e históricos. Nascido em Tenerife, é filho de pai espanhol e mãe oriunda da Ilha da Grã Canária. Ingressa, em 1551, na Companhia de Jesus e, dois anos depois, ainda noviço, chega como missionário ao Brasil. A catequização do indígena e do mameluco logo se torna seu trabalho principal, especialmente em São Vicente, São Paulo, e em São Paulo de Piratininga, atual cidade de São Paulo, vila formada em torno do colégio e que Anchieta ajuda a erguer. Em 1556, escreve a Arte de Grammatica da Lingva mais Vsada na Costa do Brasil, a primeira gramática do tupi, que se torna um importante instrumento de trabalho dos missionários. Utiliza o teatro para a catequese e oito peças de sua autoria são conhecidas. Sua farta correspondência com outros provinciais contam muito sobre o cotidiano, a fauna e a flora do século XVI na Colônia, os costumes indígenas, a fundação e o desenvolvimento de vilas, como a de Sebastião do Rio de Janeiro. Em 1563, no episódio conhecido como Confederação dos Tamoios, participa, com o padre Manoel da Nóbrega (1517 - 1570), da paz selada entre colonos portugueses e indígenas, que até ali apóiam os invasores franceses. Nessa ocasião, mantido em cativeiro pelos tamoios, teria escrito na areia os versos do poema De Beata Virgine Dei Matre Maria (Da Virgem Santa Maria Mãe de Deus). Em 1569, é nomeado reitor do Colégio de Jesus em Reritiba (atual Anchieta, Espírito Santo). De 1577 a 1587, exerce a função de provincial da Companhia de Jesus no Brasil, no Rio de Janeiro. Pede afastamento do cargo por motivo de saúde e volta ao Espírito Santo. Continua a escrever sermões, cartas e poemas em latim, português, espanhol e tupi até 1597, quando morre em Reritiba.

Análise

Toda a obra de Anchieta é escrita no Brasil, onde vive por mais de 40 anos. Por isso, certos historiadores tendem a considerá-lo como o fundador da literatura brasileira, o que, para outros, é uma conclusão bastante discutível, tanto mais quando se considera que seus melhores poemas não são sequer escritos em português, mas em latim e espanhol...

O vínculo com a Companhia de Jesus orienta suas preocupações num sentido mais universalista (salvar almas e satisfazer à vontade divina), o que não quer dizer que ele permaneça alheio a problemas terrenos e locais. Seus escritos revelam um lado claramente pragmático, como o empenho na afirmação exclusiva do catolicismo, promovendo sua expansão através das missões e combatendo a propagação do protestantismo na colônia; a conversão das populações indígenas por meio da catequese e a preocupação em preservar os europeus transportados para cá dentro dos códigos de conduta e valores morais estabelecidos pela Igreja em fase de renovação, como forma de resistir às reformas protestantes. A essa orientação ativa, a Companhia de Jesus combina um lado contemplativo e ascético, como é próprio da vida jesuítica. Dessa combinação resulta a dupla faceta da obra de Anchieta, tal como a crítica costuma defini-la tradicionalmente.

A primeira compreende, assim, o conjunto dedicado à ação catequética, como os autos - visando à doutrinação, à evangelização e à conversão do gentio -, os sermões, o epistolário, parte de sua poesia e a gramática tupi (sua "artinha", como foi chamada). A segunda vertente vem representada pelas poesias em latim, castelhano e português, concebidas segundo modelos clássicos (Virgilio, Ovídio...) ou padrões medievais e contemporâneos da poesia mística espanhola. Enquanto a primeira vertente de sua obra tem por alvo ou destinatário as populações indígenas e os colonos, a segunda é dirigida a um público mais culto, representado talvez apenas pelos seus próprios pares da Companhia de Jesus, mas também com uma finalidade mais imediata de reforçar o amor divino, a fé e os preceitos doutrinários.

Em termos de valores estético-literários, pode-se destacar poemas como De Assumptione Beatae Uirginis, ou algum trecho de De Beata Virgine Dei Matre-Maria, com mais de 5000 versos em latim e expressão de uma lírica elevada e edificante. Ou então uma das poesias escritas em português, como "O pelote domingueiro", que glosa a queda de Adão ("o moleiro"), a perda da graça (o pelote domingueiro) e a redenção do homem com a vinda de Jesus (o "neto do moleiro").São os trabalhos literariamente mais elaborados de Anchieta, quanto à forma, força de expressão lírica, domínio e adequação de modelos eruditos clássicos à vivência religiosa do século XVI no mundo colonial. Em termos doutrinários, vinculados à realidade local mais imediata e com caráter pedagógico, pode-se tomar como exemplo Na festa de Natal, texto em que se confrontam, culturalmente, duas visões de mundo, a cristã ocidental e a indígena, recorrendo-se aos meios artísticos para superpor a primeira à segunda.

A estratégia de dominação se dá por meio do desmonte dos mitos, crenças e rituais indígenas. A antropofagia, a poligamia, a embriaguez pelo cauim e a inspiração do fumo queimado nos maracás passam, assim, a ser associados à manifestação do demoníaco, encarnado por Anhangá, em oposição a Tupã, identificado a Deus, conforme o maniqueísmo próprio à concepção cristã de mundo, na sua perpétua luta entre Bem e Mal. Com isso, opera-se a instrumentalização dos gêneros literários, visando a fins político-civilizatórios: a implantação de uma ordem homogênea ocidentalizante e sublimadora para o desenvolvimento da literatura no país.

Obras 2

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Espetáculos 4

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Exposições 1

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Fontes de pesquisa 1

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  • ANUÁRIO de teatro 1994. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 1996. R792.0981 A636t 1994

Como citar

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