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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Marilá Dardot

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 29.05.2024
09.02.1973 Brasil / Minas Gerais / Belo Horizonte
Registro fotográfico arquivo do artista

Me Liga, 2000
Cinthia Marcelle, Marilá Dardot
Instalação - telefone público, cartões telefônicos e impressão em catálogos telefônicos

Marilá Dardot Magalhães Carneiro (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1973). Artista visual. Apresenta, em suas produções, a palavra escrita, a literatura, a filosofia e o discurso jornalístico como referência, lançando ao público outras formas de entender o mundo e se apropriar do contexto que está inserida. Obras em diferentes suportes e linguagens,...

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Marilá Dardot Magalhães Carneiro (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1973). Artista visual. Apresenta, em suas produções, a palavra escrita, a literatura, a filosofia e o discurso jornalístico como referência, lançando ao público outras formas de entender o mundo e se apropriar do contexto que está inserida. Obras em diferentes suportes e linguagens, como vídeo, gravura, pintura, ações urbanas, instalações e esculturas, em sua maioria colaborativas, dialogam com diferentes histórias e são atravessadas tanto pela imaginação, quanto pela realidade.

Gradua-se em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (1996), em Artes Plásticas pela Escola Guignard (1999) e é mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006). Com a educação formal voltada às artes, Marilá Dardot vê na literatura e na filosofia bases para sua construção poética. Leitora dedicada, alimenta-se das narrativas, tanto ficcionais como reais com a intenção de propor ao público outras compreensões sobre a linguagem.

Pensamento do fora (2002/2022) carrega título homônimo à obra do filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) e consiste em plaquinhas de jardim instaladas, em sua primeira versão, no jardim do Museu da Pampulha em Belo Horizonte, com frases retiradas de livros. Esse “jardim de citações”1, como nomeou o crítico de arte Adriano Pedrosa (1957), convida as pessoas a criarem uma relação diferente com a paisagem e subverterem a lógica das placas proibitivas encontradas nesses espaços, como “Não pise na grama” ou “É proibido estacionar”. Em 2022, o trabalho é revisitado e instalado novamente no Parque Cultural Casa do Governador, em Vila Velha, no Espírito Santo. Desta vez, Dardot questiona-se sobre a presença majoritária de citações masculinas no trabalho original e propõe novas frases, a partir da literatura atravessada por discussões da contemporaneidade, como raça, gênero e sexualidade. As citações provêm de livros escritos por pessoas diversas, como a liderança indígena Ailton Krenak (1953), a teórica feminista estadunidense bell hooks (1952-2021), a escritora negra brasileira Cidinha da Silva (1967), o filósofo e escritor espanhol Paul B. Preciado (1970), a poeta brasileira Hilda Hilst (1930-2004).

A colaboração entre a artista e o público é uma das marcas do trabalho de Dardot. Instalada no Instituto Inhotim, a obra A origem da obra de arte (2002/2022) empresta o título da célebre conferência realizada pelo filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) e dispõe 150 vasos de cerâmica em forma de letras. Pensada, originalmente, para o Museu da Pampulha, no Projeto Pampulha, programa dedicado a artistas em início de carreira, Marilá Dardot, com essa obra apresenta um campo de possibilidades para a experiência artística, propondo uma relação entre a natureza e o trabalho manual. Os vasos de cerâmica cheios de terra podem ser manuseados pelas pessoas para formarem novas palavras e contextos.

Questões sociais e políticas também permeiam o trabalho da artista. Diário (2015), realizado durante residência na Casa Wabi, em Oaxaca, no México, desvia o olhar do íntimo de sua biblioteca para a realidade, trazendo à tona o discurso da imprensa. As manchetes mais impactantes dos jornais mexicanos são escritas em um grande muro de concreto cinza. Porém, a efemeridade se faz presente ao utilizar como ferramenta de escrita um pincel com água. Quando a próxima palavra está sendo escrita, a anterior já se apagou, denunciando a forma veloz com a qual esquecemos de assuntos chocantes. “Doce muertos en un atentado a la revista ‘Charlie Hebdo’ en Paris” ou “Ejecutan a brasileño acusado de narcotráfico en Indonesia” são alguns dos exemplos do vídeo de 118 minutos, cujo impacto no espectador provoca reflexões sobre o costume a se deparar com notícias chocantes e mudar de assunto em seguida, esquecendo o horror.

A crítica feminista também é um dos motes de suas produções. Em 8 de março de 2022, Dia Internacional da Mulher, em parceria com os coletivos mexicanos #novoysola e amasijo, Dardot realiza a ação pública Tort(guerr)illa cuja premissa é espalhar frases feministas pela Cidade do México. As tradicionais lojas de tortilla recebem um papel roxo com frases como “Sou minha”, “Nossa vida, nossos corpos”, entre outras, para embrulhar as iguarias e fazer circular máximas da luta das mulheres e da resistência no cotidiano das pessoas.

Com presença nacional e internacional, Marilá Dardot participa das bienais BIENALSUR 2021 (2021), XIII Bienal de La Habana (2019), 21ª Bienal de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (2019), 30ª Bienal de São Paulo (2012) e 27ª Bienal de São Paulo (2006); das residências Casa Wabi (México, 2015) e Krinzinger Projekte (Áustria, 2014), entre outras; ganha prêmios como 1º Prêmio Ibram de Arte Contemporânea (2004) e CNI SESI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas (2004); e possui obras em acervos institucionais, tais quais Instituto Inhotim, Museu de Arte Moderna de São Paulo, The Sayago & Pardon Collection (Estados Unidos), Fundación Calosa (México) e Fundación Otazu (Espanha).

Marilá Dardot baseia-se no universo das letras para conceber suas produções, cuja característica principal é testar os limites da palavra, sugerindo outros contextos e compreensões. Projetos com a participação do público e colaboração com outros artistas e escritores permite que o trabalho de Dardot friccione as fronteiras entre apropriação, interdisciplinaridade e relação com o mundo, privilegiando a leitura compartilhada e outras possibilidades de leitura e sensações.

Notas
1. PEDROSA, Adriano; MOURA, Rodrigo. Sem título [folder de exposição]. Belo Horizonte: Museu de Arte da Pampulha, 2002. Disponível em: https://files.cargocollective.com/c1040937/2002APedrosa-RMoura-_port.pdf Acesso em: 22 jun. 2022.

Obras 1

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Registro fotográfico arquivo do artista

Me Liga

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Exposições 123

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Fontes de pesquisa 14

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  • BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 27., 2006, São Paulo, SP. 27a. Bienal de São Paulo: guia. Curadoria Lisette Lagnado; versão em inglês Alberto Dwek, Alison Entrekin, Christopher Ainsbury, Luiz Roberto Mendes Gonçalves, Regina Alfarano; tradução Ann Robertson, Robert Culverhouse, Carlos Eugênio Marcondes de Moura, Michael Sleiman, Odile Cisneros, Susana Vidigal. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2006.
  • COSSÍO, Regina De Con. Antes que ser artista, soy lectora. Entrevista con Marilá Dardot. Disponível em: https://www.sybariscollection.com/interviews/marila-dardot/. Acesso em: 23 jun. 2006.
  • HOLCK, Ana; DARDOT, Marilá. 10 de 2001. Rio de Janeiro: Escola de Artes Visuais do Parque Lage, 2001. folha dobrada. il. p&b.
  • INTERVENÇÕES VI — Marilá Dardot – A educação pela pedra. Museu Lasar Segall. Disponível em: http://www.mls.gov.br/exposicoes/intervencoes/mls_444/ . Acesso em: 20 jun. 2022.
  • MARILÁ Dardot conversa com Cidinha da Silva e Stephanie Borges. Disponível em: https://vimeo.com/714615230. Acesso em: 20 jun. 2022.
  • MARILÁ Dardot | 21ª Bienal, 2019. Associação Videobrasil. Disponível em: https://site.videobrasil.org.br/canalvb/video/2229672/Marila_Dardot_21st_Biennial. Acesso em: 20 jun. 2022.
  • MESQUITA, Ivo. Marilá Dardot. Catálogo do Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas, 2005. Disponível em: https://files.cargocollective.com/c1040937/2005ivo_mesquita_pt.pdf. Acesso em: 22 jun. 2022.
  • MOSSI, Cristian; KNEIPP, Carolina Goulart. Palavra-imagem-objeto: Marilá Dardot e seus limiares. Arte Versa. Disponível em: https://www.ufrgs.br/arteversa/palavra-imagem-objeto-marila-dardot-e-seus-limiares/. Acesso em: 23 jun. 2022.
  • PEDROSA, Adriano; MOURA, Rodrigo. Sem título [folder de exposição]. Belo Horizonte: Museu de Arte da Pampulha, 2002. Disponível em: https://files.cargocollective.com/c1040937/2002APedrosa-RMoura-_port.pdf. Acesso em: 22 jun. 2022.
  • PEDROSO, Franklin Espath (coord. ). Uma geração em trânsito. Texto Franklin Espath Pedroso, Fernando Cocchiarale; curadoria Franklin Espath Pedroso, Ileana Pradilla; texto Ileana Pradilla; concepção Franklin Espath Pedroso; versão em inglês Paulo Henriques Britto. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 2001. 41 p. il. p&b color.
  • RODRÍGUEZ, Carlos. Otras lecturas de la crisis. La Tempestad. Disponível em: http://www.latempestad.mx/marila-dardot-entrevista/. Acesso em: 22 jun. 2022.
  • RUMOS ITAÚ CULTURAL ARTES VISUAIS. Rumos da nova arte contemporânea brasileira. Curadoria Cristina Freire et al. São Paulo, SP: Itaú Cultural, 2002. (Rumos Itaú Cultural Artes Visuais).
  • RUMOS ITAÚ CULTURAL ARTES VISUAIS. Vertentes da produção contemporânea: arte: sistema e redes; poéticas da atitude; o transitório e o precário; entre o mundo e o sujeito. Curadoria Cristina Freire, Jailton Moreira, Moacir dos Anjos. São Paulo: Itaú Cultural, 2002. (Rumos Itaú Cultural Artes Visuais).
  • SALÃO DA BAHIA, 7., 2000, Salvador. 7º Salão da Bahia. Salvador: Museu de Arte Moderna da Bahia, 2000.

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