Alexandre Romariz Sequeira (Belém, Pará, 1961). Fotógrafo e professor. O artista se define como andarilho solitário e considera a fotografia como pretexto para o encontro ou a aproximação com pessoas. Identidade, memória, verdade e fabulação são algumas das questões abordadas em suas produções.

Graduado em Arquitetura (1983) pela Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal do Pará (UFPA), com especialização em Semiótica e Artes Visuais. Mestre e doutor em arte e tecnologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde defende, respectivamente, a dissertação Entre Lapinha da Serra e o Mata Capim: fotografia e relações de trocas simbólicas, em 2010, e a tese Residência São Jerônimo: entre o acontecimento, a memória e a narrativa, em 2020. É professor da UFPA.

Contemplado com a bolsa de Pesquisa, Experimentação e Criação Artística do Instituto de Artes do Pará (IAP), desenvolve, entre abril de 2004 e dezembro de 2005, ensaio fotográfico na Vila de Nazaré do Mocajuba, pequena vila de pescadores localizada no município de Curuçá, ao lado do rio Mocajuba, a 150 quilômetros de Belém, no nordeste do estado do Pará. As imagens inicialmente registram a geografia local. A partir do pedido feito por um morador de uma foto para documento, o artista passa a fotografar as pessoas da cidade na condição de retratista local. A maioria dos retratados nunca tinha visto a própria imagem em fotos antes. Os retratos dos moradores são ampliados e recortados digitalmente, eliminando as referências de fundo da imagem, restando apenas a figura do retratado, em proporção idêntica ao seu tamanho real. A figura é impressa em serigrafia sobre tecidos, que são fornecidos pelo próprio retratado: lençóis, toalhas, cortinas e outros artefatos de pano que se encontram nas casas, desgastados pelo uso e carregados de memórias afetivas. A imagem fotográfica de cada pessoa é reproduzida sobre seu objeto pessoal e os tecidos impressos com os retratos são oferecidos de volta aos donos, ressignificados pela transformação imposta pela imagem impressa do seu duplo fotográfico. Uma relação de aproximação e de identidade é criada entre a imagem fotográfica do retratado e o objeto que lhe pertence. A obra Impressões de um lugar (2005) apresenta  registros fotográficos dos tecidos impressos com os retratos dos moradores locais, colocados nas fachadas das casas, pendurados nas árvores que beiram o rio ou nas ruas da cidade.

Dando continuidade às pesquisas imagéticas que ativam memória e afetos, participa do 24º Arte Pará (2006) e do Salão Unama de Pequenos Formatos (2007), onde apresenta a série Espaços do afeto (2006).

Nesse trabalho, as imagens com aspecto enevoado produzido pela captação com uma câmera do tipo pinhole (câmera sem lente, com exposição do negativo por meio de um pequeno “furo de agulha” na caixa vedada) produzem um jogo de luz e sombra que ativa o imaginário e traçam um roteiro de memórias biográficas de experiências afetivas vividas na cidade de Belém. A dificuldade para ver as imagens evidencia a ausência, desvenda a imprecisão da lembrança e demonstra o esforço da memória.

A poética de Alexandre Sequeira articula elementos de caráter documental, de retrato social, ao mesmo tempo que constitui um potente instrumento construtor de identidades e de memórias pessoais e coletivas.