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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Flavya Mutran

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 27.05.2024
1968 Brasil / Pará / Marabá
Flavya Mutran Pereira (Marabá, Pará, 1968). Fotógrafa, arquiteta, professora, artista visual. Com intensa produção na fotografia, interessa-se por comunicação de massas, redes sociais e tecnologias enquanto meios de compartilhamento de arquivos fotográficos. 

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Flavya Mutran Pereira (Marabá, Pará, 1968). Fotógrafa, arquiteta, professora, artista visual. Com intensa produção na fotografia, interessa-se por comunicação de massas, redes sociais e tecnologias enquanto meios de compartilhamento de arquivos fotográficos. 

Atua no campo da arte e comunicação desde 1989 e ministra, desde então, oficinas de arte e fotografia. Não há separação entre sua vida acadêmica e sua atuação nas artes visuais: no mesmo ano em que se gradua em arquitetura e urbanismo na Universidade Federal do Pará (UFPA), em 1996, seus trabalhos da série individual Palimpsestos são selecionados para a mostra Antárctica artes com a folha, em São Paulo, projeto pioneiro no mapeamento de diversas trajetórias artísticas contemporâneas no Brasil.

Na série Palimpsestos já é possível observar os tensionamentos do papel e possibilidades da fotografia em retratar e registrar o tempo. A palavra escolhida se refere ao papiro ou pergaminho cujo texto primitivo foi raspado, para dar lugar a outro. Dessa maneira, a proposta da série é utilizar fotografias preto e branco com interferência no negativo e viragem parcial no papel fotográfico. 

Na série Quase memória (2000), continua suas reflexões acerca da memória material (corpo, papel, negativo e cópia) e virtual (lembranças, sensações, esquecimentos) e o papel da fotografia na conexão entre passado, presente e futuro. Sua proposta é resgatar fragmentos de imagens já comprometidas pela corrosão natural a fim de articular ficções baseadas em fatos, cenas e personagens reais.

Participa do projeto Fotografia contemporânea paraense: panorama 80/90, realizado pela Secretaria de Cultura do Pará (Secult/PA) e Petrobrás, cujo objetivo é a criação de um acervo composto por obras de 26 fotógrafos que atuam no Pará entre as décadas de 1980 e 1990. O acervo se encontra no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, em Belém. 

Cria a série Pretérito imperfeito, em 2004, como resultado da pesquisa desenvolvida durante a especialização em semiótica e artes visuais na UFPA, além de ser premiada com a bolsa de pesquisa experimental do Instituto de Artes do Pará (IAP) no mesmo ano.  Essa série recebe o 11º Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia na categoria de pesquisa, experimentação e criação em linguagem fotográfica, em 2010. Além da monografia, é criado um vídeo ficcional que trata de uma cidade imaginária baseada em fotos e fatos reais. O trabalho reúne imagens de paisagens, cenas e retratos de diferentes gerações de personagens, mesclando suas memórias e afetos em relação à cidade de Belém e fundindo conceitos de recordação e esquecimento. 

O tema escolhido na especialização se aprofunda durante o mestrado em artes visuais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), resultando na dissertação Pretérito imperfeito de territórios móveis: fragmentos de autorretratos fotográficos em rede (2011). O diferencial é que a pesquisa explora fotograficamente o rosto e sua ausência no universo dos álbuns armazenados em redes sociais. As experimentações se dividem nas séries Egoshot (2008-2009), Bioshot (2009) e There-se no place like 127.0.0.1 (2009-), criando-se imagens que são chaves, espelhos e portas que refletem o eu, o outro e o lugar. Em cada série, propõe pensar o rosto como um território que migra conforme fluxos de interação social e, como tal, adotá-lo como uma plataforma de múltiplas inscrições.

Entre 2012 e 2016, realiza seu doutorado em artes visuais na UFRGS. A pesquisa, na linha de poéticas visuais, trabalha com arquivos fotográficos disponíveis on-line. Durante o processo de criação, Mutran investiga a imagem e seus desdobramentos em meios, procedimentos e tecnologias, explorando relações entre palavras e fotos, a partir de duas séries: DELETE.use (2012-) e RASTER (2011-). Em ambas, procura criar estratégias para manipular, expor e compartilhar fotografias notórias, observando questões relacionadas com apropriação e coautoria, processos artísticos colaborativos, tradução e deslocamento de sentidos para arquivos fotográficos digitais. Tal processo culmina na formulação do conceito “des_memória”: um estado poético e transitório, que influi nos modos de ver e falar sobre a fotografia como um bem cultural. Tanto em 2011 quanto em 2016, Mutran é contemplada com o Prêmio de Artes Visuais do Banco da Amazônia, em Belém, com exposições e publicações sobre suas pesquisas de mestrado e doutorado, respectivamente.  

Com amplo reconhecimento de sua trajetória artística, atua como professora adjunta do departamento de artes visuais, no Instituto de Artes da UFRGS, e como uma das curadoras e responsáveis pelo projeto da primeira edição da Bienal das Amazônias, mapeando os mistérios da Amazônia artística e criando um panorama de sua produção contemporânea. A iniciativa tem como meta deixar um legado sustentável no âmbito social, cultural, econômico e ambiental, tendo em vista que a Floresta  Amazônica tem papel fundamental enquanto reguladora da temperatura do planeta e, ao mesmo tempo, está no cerne das discussões contemporâneas sobre o presente e futuro em um mundo marcado pelo aquecimento global e pela exploração da natureza e de pessoas. 

Com uma vasta produção artística e acadêmica, Flavya Mutran evidencia a sensibilidade de ver e pensar o mundo por meio da fotografia, ao mesmo tempo que tensiona os limites e possibilidades de tal meio em produzir um mundo passível de questionamentos e rupturas. 

 

Exposições 40

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Fontes de pesquisa 18

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