Biografia
Paulo D'Alessandro (São Paulo SP 1967). Fotógrafo. Freqüenta o curso Controle de Tons, com João Luiz Musa (1951), na Escola Focus, em 1990. Reside, de 1991 a 1993, em Barcelona, onde estuda fotografia criativa na Escuela de Altos Estudios de la Imagem y el Diseño e recebe o 1º prêmio na 10ª Mostra de Fotografia Jovem, realizada em 1993. De volta ao Brasil, em 1994, faz curso de fotograma, orientado por Joan Fontcuberta (1955), no Mês Internacional de Fotografia, no Sesc Pompéia, em São Paulo. Nesse mesmo ano, participa do Grupo de Estudos de Fotografia, orientado por Eduardo Castanho (1950), no Museu da Imagem e do Som - MIS/SP. Integra o Grupo de Estudos de Fotografia, orientado pelo fotógrafo Eduardo Brandão (1957), na Escola 3º Andar, em 1997. Seu trabalho fotográfico é selecionado para dois eventos em São Paulo, em 1999: a Temporada de Projetos do Paço das Artes e o Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo. Em 2001, participa do curso de arte contemporânea, ministrado pelo crítico de arte Agnaldo Farias, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp.

Comentário Crítico
Os trabalhos de Paulo D'Alessandro resultam da interferência que realiza no filme fotográfico. Nesse procedimento, elimina a separação entre as sucessivas tomadas, produzindo sobreposições parciais entre as imagens, e, ao ocupar esses espaços limites, transgride a lógica temporal-espacial da fotografia, que deixa de ser fragmento para tornar-se um contínuo.

Sem as pausas, o tempo é acelerado, servindo como espécie de metáfora do ritmo apressado de uma cidade que se refaz a cada instante. Em alguns de seus trabalhos, prevalece a idéia de algo caótico. São imagens panorâmicas de prédios, ruínas, lugares abandonados, presídios desocupados etc. A ausência da figura humana atribui mais intensidade à arquitetura de D'Alessandro.

Na série Paisagem, de 2000, o artista ainda trabalha com o negativo fragmentado, com pausas, mas já adota o formato panorâmico para registrar paisagens arquitetônicas em abandono. Em Esquadramento, de 2002/2003, o tema é o presídio desativado do Carandiru, em São Paulo. Nessa série, utiliza a sobreposição, e o resultado é apresentado no formato de um filme fotográfico em cuja imagem não há intervalos.

Ao fotografar as ruínas urbanas das duas grandes metrópoles do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo, D'Alessandro chama a atenção, de forma crítica, para o projeto construtivista que marca a arquitetura da segunda metade do século XX. Ao contrário de uma fotografia moderna a celebrar o crescimento vertical das cidades, ele questiona o êxito desse projeto urbanístico.