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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Alberto Bitar

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 01.02.2022
12.12.1970 Brasil / Pará / Belém
Reprodução Fotográfica Arquivo do Artista

Série Passageiro, 2000
Alberto Bitar
Fotografia p&b

Alberto Carneiro Bitar (Belém, Pará, 1970). Fotógrafo e artista visual. Investiga questões sobre a memória e o tempo na fotografia, seja inscrevendo-as em imagens únicas ou as encadeando em vídeos e sobreposições.

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Alberto Carneiro Bitar (Belém, Pará, 1970). Fotógrafo e artista visual. Investiga questões sobre a memória e o tempo na fotografia, seja inscrevendo-as em imagens únicas ou as encadeando em vídeos e sobreposições.

Desde o início da adolescência se interessa pela fotografia. Por volta dos 12 anos, lê sobre técnicas e processos laboratoriais, além de observar imagens de fotógrafos profissionais nas publicações às quais tinha acesso.

Trabalhando em uma empresa de engenharia, viaja para Manaus em 1991, onde adquire seus primeiros equipamentos. De volta a Belém, se torna aluno da Associação Fotoativa e começa a expor seus trabalhos. Em 1994, realiza a primeira exposição individual, Solitude, na Galeria Theodoro Braga. Em 1995, gradua-se em Administração pela Universidade da Amazônia. No ano seguinte, é selecionado como um dos artistas emergentes para a coletiva nacional Antarctica Artes com a Folha, em São Paulo, quando decide fazer da fotografia sua atividade profissional principal.

Trabalha como fotógrafo em jornais de Belém e, ao mesmo tempo, produz obras autorais. A partir do ano 2000, expõe internacionalmente em países como Cuba, França e Espanha. Desde o início, a captura do movimento lhe interessa, o que é perceptível nas fotografias urbanas que têm como tema as passagens de corpos, veículos e luzes. Para conciliar as pautas das mídias impressas com sua realização artística, passa a fotografar com uma segunda câmera no trajeto entre a cobertura de uma matéria e outra.

Do encontro entre a fotografia em tons de cinza e pretos e a paisagem urbana, surge a série Passageiro (2005). Nela, Bitar inclui em suas fotos as janelas dos veículos como um segundo enquadramento. Os borrados do fluxo revelam uma Belém noturna, com habitantes fantasmáticos em meio à paisagem incerta.

A inscrição do movimento nas fotografias leva o artista a refletir sobre a possibilidade de transpor essa forma fixa de captura do tempo para o vídeo. Nesse sentido, Bitar inicia a produção de obras audiovisuais, apresentadas não apenas em salões e galerias, mas também em festivais de cinema, desfazendo as cisões entre categorias artísticas, entre locais de exibição pública e entre o documental e o ficcional.

Em 2005, ao encontrar uma fotografia de viagem no álbum de sua avó materna, o artista se apropria dessa imagem antiga para fazer o vídeo Partida (2005) – pertencente às coleções do Itaú Cultural e do Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. Em 5 minutos, Bitar enquadra o rosto de cada uma das 54 pessoas desconhecidas que, em um dia no ano provável de 1937, chegam de bonde ao Cristo Redentor. A passagem de um rosto a outro se dá por sobreposição e vai das faces visíveis do primeiro plano às escondidas ao fundo por uma neblina, passando desse modo pela lembrança e pelo esquecimento, pela fragmentação e pela junção de camadas. Essa obra adensa o trabalho temporal do artista, que, aqui, destaca a atualização do passado no presente, trazendo o conceito de memória. Após passar da fotografia ao vídeo, Bitar ainda fotografa imagens de transição entre os rostos, criando uma série no mesmo ano também chamada Partida – nova ação que se dá entre o fixo e o movimento.

Ele segue transitando entre essas categorias, ainda que se apresente como fotógrafo e afirme que a fotografia é seu ponto de partida. Efêmera paisagem (2007) é outro trabalho que tem versões em vídeo e em série fotográfica. Nesse caso, no entanto, uma não surge da outra; antes, são dois trabalhos autônomos que partem do mesmo conceito: observar a paisagem ao longo do deslocamento. O vídeo de 4 minutos tem imagens monocromáticas e evoca as viagens de infância entre Belém e Mosqueiro. O espaço tem camadas em fusão, criando jogos entre superfície e profundidade. Já na série Efêmera paisagem (2009-2011), as fotografias são coloridas e de tomada única em longa exposição. O borrão das árvores e das estruturas ao longo da estrada somado à saturação das cores traz uma atmosfera onírica às imagens.

Ganha o XI e o XII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia e, em 2012, é convidado pela 30 ͣ Bienal de Arte de São Paulo para exibir uma retrospectiva de sua obra. Em 2015, participa da 10 ͣ Bienal do Mercosul. Bitar segue trabalhando com o tempo como matéria prima, gerando memória a partir de espaços e objetos esquecidos.

Alberto Bitar é um fotógrafo que atua nos limites internos e externos da imagem, transitando entre o fixo e o fluxo e indo além do espelhamento daquilo que vê para gerar um mundo poético perpassado pelas inconstâncias, pelas passagens e por um olhar, ao mesmo tempo, onírico e melancólico.

Obras 1

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Exposições 92

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Fontes de pesquisa 14

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