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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

José Valladares

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 13.10.2020
1917 Brasil / Bahia / Salvador
1959 Brasil / Bahia / Salvador
José Antônio do Prado Valladares (Salvador, Bahia, 1917 – Idem, 1959). Professor, crítico de arte, escritor e diretor de museu. Forma-se em direito, pela Faculdade de Direito de Recife. Durante a graduação, inicia carreira jornalística no Diário de Pernambuco e torna-se amigo do sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987). Em 1939, é nomeado diretor d...

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José Antônio do Prado Valladares (Salvador, Bahia, 1917 – Idem, 1959). Professor, crítico de arte, escritor e diretor de museu. Forma-se em direito, pela Faculdade de Direito de Recife. Durante a graduação, inicia carreira jornalística no Diário de Pernambuco e torna-se amigo do sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987). Em 1939, é nomeado diretor do antigo Museu do Estado da Bahia – hoje Museu de Arte da Bahia (MAB) –, cargo que ocupa até a morte em 1959. Nesta instituição, José Valladares dedica-se à pesquisa museológica, com destaque para o patrimônio baiano, e realiza mudanças estruturais. Entre elas, a criação da pinacoteca, iniciada com a catalogação da Coleção Abbott[1]. Durante sua gestão, colabora com o diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898-1969). Isso viabiliza a inclusão do estado da Bahia nos projetos e debates nacionais  sobre o patrimônio cultural brasileiro[2]. Nesse sentido, Valladares reorganiza o MAB, tornando-o relevante nacionalmente. Na década de 1940, cria o Salão Regional de Belas Artes, evento importante para a consolidação da arte moderna no estado. Em 1943, recebe uma bolsa da Fundação Rockfeller e muda-se para os Estados Unidos. Cursa História da Arte na Universidade de Nova York, faz estágio no Brooklyn Museum e visita diversas instituições. De volta ao Brasil, em 1944, é nomeado professor de estética na Faculdade de Filosofia da Universidade da Bahia e, em 1946, com base nessa experiência, publica Museus para o Povo: um Estudo sobre Museus Americanos[3]. Como crítico de arte, Valladares colabora com importantes jornais da Bahia, como o Diário de Notícias, e escreve crônicas e estudos sobre arte e museologia.

 

Análise

José Valladares é reconhecido por sua produção intelectual nas áreas de artes plásticas, educação e patrimônio. Dedica-se a estudos sobre museologia, à elaboração de obras de referência e à redação de textos sobre arte nacional. No estudo Museus para o Povo, é pioneiro ao ressaltar a necessidade de colocar o museu a serviço do público, como centro de aprendizagem e divulgação cultural[4].Organiza bibliografias sobre arte brasileira, como em Arte brasileira – Publicações de 1943-1953, editada em 1955[5], em que analisa os campos de pesquisa mais desenvolvidos no Brasil, como a arquitetura[6], destaca a fundação de novos museus e coleções e a falta de recursos da diretoria do Sphan para preservação de monumentos. Ainda neste livro, chama a atenção sobre o interesse internacional pela arte brasileira. 

Entre 1948 e 1950, escreve crônicas[7], com o intuito de tornar acessível ao grande público o debate sobre arte. Ao longo de sua carreira como teórico e diretor de museu, Valladares defende um modelo de museu aberto, democrático e interativo. Encontra dificuldade implementar medidas que hoje soam simples, como instituir a catalogação das obras ou abrir o Museu de Arte da Bahia nos fins de semana. Apesar disso, décadas mais tarde, o projeto de Valladares é considerado um exemplo a ser seguido pela museologia moderna brasileira.

 

Notas

1. A Coleção Abott é a primeira coleção particular da Bahia, constituída por quadros de pintores nacionais e estrangeiros reunidos pelo médico inglês Jonathas Abbott (1796-1868) . É adquirida pelo vice-presidente da província da Bahia, Francisco José da Rocha em 1871 e incorporada ao acervo do MAB. José Valladares escreve uma monografia sobre essa coleção: A Galeria Abbott: primeira pinacoteca da Bahia; apresentada no I Congresso de História da Bahia, em 1949.

2. Um dos projetos do Sphan é a elaboração e divulgação de inventários de bens das instituições públicas. Inicia-se no Estado Novo e tem o objetivo de evitar evasão desses bens para o exterior. Para saber mais cf. ANDRADE, Rodrigo Melo Franco de. Rodrigo e o Sphan: coletânea de textos sobre o patrimônio cultural. Rio de janeiro: MinC: Fundação Pró-Memória, 1987.

3. VALLADARES, José. Museus para o povo: um estudo sobre museus americanos. Bahia: Secretaria de Educação e Saúde, 1946.

4. De acordo com a curadora Silvia Athayde, em texto da exposição Reencontrar José Valladares – O Mestre, realizada no Museu de Arte da Bahia, em 2010.

5. VALLADARES, José. Arte brasileira: publicações de 1943-1953. Salvador: Centro de Estudos Bahianos, 1955.

6. “Foi possível verificar então, comparando com a representação de diferentes países, que a situação da arte de vanguarda no Brasil é mais ou menos esta: excelente em arquitetura, boa em gravura, razoável em desenho, fraca em pintura, mais fraca ainda em escultura.” Ibidem, p. V.

7. VALLADARES, José. Dominicais: seleção de crônicas de arte 1948-1950. Salvador: Artes gráficas, 1951.

Exposições 2

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Fontes de pesquisa 8

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  • ANDRADE, Rodrigo Melo Franco de. Rodrigo e o Sphan: coletânea de textos sobre o patrimônio cultural. Rio de janeiro: MinC: Fundação Pró-Memória, 1987.
  • ATHAYDE, Sylvia. Texto para a exposição Reencontrar José Valladares – O Mestre. Salvador: Museu de Arte da Bahia (MAB), 2010. Disponível em: http://www.irdeb.ba.gov.br/soteropolis/?p=1744. Acesso em: 04 dez. 2011.
  • CERAVOLO, Suely Moraes. O Museu do Estado da Bahia, entre ideais e realidades (1918 a 1959). Anais do Museu Paulista: história e cultura material, São Paulo, v.19, n.1, p. 189-243, jan./ jun. 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-47142011000100007&script=sci_arttext. Acesso em: 06 dez. 2011.
  • INSTITUTO de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb). MAB Homenageia seu primeiro diretor, José Valladares. Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb), s.d. Disponível em: http://www.irdeb.ba.gov.br/soteropolis/?p=1744. Acesso em: 04 dez. 2011.
  • VALLADARES, José. Arte brasileira: publicações de 1943-1953. Salvador: Centro de Estudos Bahianos, 1955.
  • VALLADARES, José. Dominicais: seleção de crônicas de arte 1948-1950. Salvador: Artes gráficas, 1951.
  • VALLADARES, José. Museus para o povo: um estudo sobre museus americanos. Bahia: Secretaria de Educação e Saúde, 1946.
  • VALLADARES, José. Os azulejos da reitoria. Salvador: Ufba, 1982.

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