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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Venâncio José do Espírito Santo

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 16.10.2024
1783 Brasil / Minas Gerais / São João del Rei
1879 Brasil / Minas Gerais / São João del Rei

Elementos ornamentais (pintura lateral da capela-mor), 0019
Venâncio José do Espírito Santo
Pintura sobre madeira

Venâncio José do Espírito Santo (São João Del Rei, Minas Gerais, 1783 - idem 1879). Pintor. A documentação sobre sua vida e sua obra é escassa. Ele é ativo na região do Rio das Mortes, Minas Gerais. Vive em São João Del Rei, Minas Gerais, onde realiza a maior parte de seus trabalhos. É atribuída a ele a pintura do forro da nave da Igreja da Matr...

Texto

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Biografia
Venâncio José do Espírito Santo (São João Del Rei, Minas Gerais, 1783 - idem 1879). Pintor. A documentação sobre sua vida e sua obra é escassa. Ele é ativo na região do Rio das Mortes, Minas Gerais. Vive em São João Del Rei, Minas Gerais, onde realiza a maior parte de seus trabalhos. É atribuída a ele a pintura do forro da nave da Igreja da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, provavelmente realizada antes de 1817, quando o brasilianista John Luccock passa por São João Del Rei e comenta a obra. A atribuição da pintura é feita com base no relato desse cientista. Consta que Venâncio José é o melhor pintor em atividade na cidade naquela época. Em 1864, faz a carnação - técnica de pintar que consiste em imitar a carne humana - de uma imagem da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de São João Del Rei, e, anos antes, dá parecer sobre o branqueamento da talha da capela-mor da mesma igreja. A Santa Casa da Misericórdia de São João Del Rei possui um retrato, assinado por ele, de um ermitão da instituição. Tem como discípulos seu filho, Manuel Venâncio, e Luís Batista Lopes. Em 1880, a pintura do forro da Igreja da Matriz é retocada por Manuel Venâncio e por Francisco de Oliveira Barreto. Apesar de Olinto Rodrigues dos Santos Filho dar 1878 como seu ano de falecimento¹, há registro de sua contratação em 1887 para a pintura e douramento de dois altares da Igreja de N. Sra. Do Carmo, ainda em São João Del Rei.²

Comentário crítico
Venâncio José do Espírito Santo é ativo em São João Del Rei durante o século XIX, período em que a pintura religiosa de Minas Gerais mais se desenvolve. Há diferentes vertentes de pintura religiosa e a historiadora da arte Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira considera que existe, em São João Del Rei, uma escola local autônoma do ciclo rococó mineiro3.  Entretanto, ela não pensa ser possível analisar satisfatoriamente a pintura da nave da Igreja da Matriz de N. Sra. do Pilar em razão das restaurações mal feitas que a descaracterizaram.

A atribuição dessa pintura a Venâncio José foi feita com base nos comentários do viajante John Luccock: "o teto desta igreja, que é arqueado, foi recentemente pintado à custa única de um negociante. As tintas são ótimas, mas não se combinam entre si e compostas que são principalmente de vermelho, amarelo e azuis..."; "o moço, que assim demonstrou sua habilidade é natural do país..."4. 

Trata-se de uma pintura em perspectiva, com um parapeito azul, em trompe l'oeil, atrás do qual se encontram santos e padres. Há vasos de flores vermelhas e azuis. O parapeito está ligado a uma tarja central por elementos decorativos em rocaille formando quatro linhas sinuosas. O medalhão central também apresenta elementos concheados  em tons de vermelho. A Virgem é elegante , de traços finos, com olhos grandes e pálpebras marcadas. Os elementos são os do chamado rococó mineiro, mas não se sabe ao certo o quanto foram alterados pelas restaurações.

Notas
1 SANTOS FILHO, Olinto Rodrigues dos. Pintores mulatos do ciclo rococó mineiro. In: ARAÚJO, Emanoel (org.). A Mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. Prefácio Joel Rufino dos Santos. São Paulo: Tenenge, 1988. 398 p., il. p&b, color. p.112.
MARTINS, Judith. Dicionário de artistas e artífices dos séculos XVIII e XIX em Minas Gerais. Rio de Janeiro: Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 1974, v. 1, p. 257
3 OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro de. O rococó religioso no Brasil e seus antecedentes europeus. São Paulo: Cosac & Naif, 2003, 343p. il. p&b. p.288.
4 SANTOS FILHO, Olinto Rodrigues dos. idem

Obras 2

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Fontes de pesquisa 8

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • ARAÚJO, Emanoel (org.). A Mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo, SP: Tenenge, 1988.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5). p. 115.
  • MARTINS, Judith. Dicionário de artistas e artífices dos séculos XVIII e XIX em Minas Gerais. Rio de Janeiro: Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 1974. 2v. 335p. (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 27).
  • OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro de. A pintura de perspectiva em Minas Colonial - Ciclo Rococó. In: ÁVILA, Affonso (org.). Barroco: teoria e análise. Tradução Sérgio Coelho, Pérola de Carvalho, Elza Cunha de Vincenzo; apresentação Affonso Ávila. São Paulo: Perspectiva, 1997. 556 p., il. p&b foto. (Styllus, 10).
  • OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro de. O rococó religioso no Brasil e seus antecedentes europeus. São Paulo: Cosac & Naify, 2003. 343 p., 221 il. p&b.
  • SANTOS FILHO, Olinto Rodrigues dos. Pintores mulatos do ciclo rococó mineiro. In: ARAÚJO, Emanoel (Org.). A mão afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. 2. ed. rev. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo : Museu Afro Brasil, 2010.
  • SANTOS FILHO, Olinto Rodrigues dos. Pintura colonial em Minas Gerais. In: PINTURA colonial. Apresentação Ernest Robert de Carvalho Mange. Texto Frederico Morais, Lília Coelho Frota, José Roberto Teixeira Leite. São Paulo: Instituto Cultural Itaú, 1994. 51 p., il. color. (cadernos história da pintura no Brasil, 7).

Como citar

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