Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Santa-Olalla

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 25.10.2024
1870 Espanha / Andaluzia / Málaga
04.04.1895 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini

Realejo
Santa-Olalla
Óleo sobre madeira
40,00 cm x 25,00 cm
Coleção Simão Mendel Guss

Francisco Garcia Santa-Olalla (Málaga, Espanha, 1870 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1895). Pintor. Estuda na Academia Provincial de Belas Artes com o artista espanhol Joaquín Martínez de la Vega (1846-1905), em Málaga, Espanha. Na Academia, recebe prêmios e torna-se pensionista do Estado. Logo após a conclusão dos estudos, embarca para o Rio ...

Texto

Abrir módulo

Francisco Garcia Santa-Olalla (Málaga, Espanha, 1870 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1895). Pintor. Estuda na Academia Provincial de Belas Artes com o artista espanhol Joaquín Martínez de la Vega (1846-1905), em Málaga, Espanha. Na Academia, recebe prêmios e torna-se pensionista do Estado. Logo após a conclusão dos estudos, embarca para o Rio de Janeiro e reside inicialmente em Vargem Alegre1

Deste período, resulta o relato de que pinta sobre a porta de sua casa a figura de uma mulher espanhola. A pintura chama a atenção de um visitante carioca, que a adquire e substitui a porta do artista. Passa a residir definitivamente no Rio de Janeiro e, em 1893, participa, ao lado de Décio Villares (1854-1931), Virgílio Lopes Rodrigues (1863-1944) e Eduardo de Sá (1866-1940), do movimento para a criação da Academia Livre de Belas Artes. Envia a tela Trecho da Tijuca para a exposição organizada em benefício do projeto. Os planos de criação da Academia são frustrados com a Revolta da Armada2 que irrompe no dia de abertura da mostra. O evento, resulta na amizade com o leiloeiro Virgílio Rodrigues, que passa a atuar como mecenas de Santa-Olalla, apoiando-o  durante toda a carreira. 

No Salão Nacional de Belas Artes de 1894, expõe 12 pinturas e conquista a medalha de ouro de terceira classe. Para tratar de uma enfermidade, põe à venda suas obras num leilão organizado por Virgílio Rodrigues. Vive no Rio de Janeiro até 1895, quando falece precocemente3.

Análise

Especula-se que a vinda de Santa-Olalla tenha sido motivada por leituras que lhe instigam o interesse sobre a paisagem local, objeto de sua maior atenção no período em que reside no Brasil. 

Restam poucos registros de obras em outros gêneros, entre os quais se encontra a pintura histórica Cristóvão Colombo Ajoelhado aos pés de Fernando VII e de Isabel, a Católica4. A obra preserva aspectos tradicionais de composição, despertando a atenção pela riqueza do desenho e da conformação do espaço.

Seus temas privilegiam a natureza e a vida simples, em abordagens pictóricas variadas. Em grande parte das obras, atém-se ao registro fiel da paisagem, que costuma observar para compreender os efeitos atmosféricos. É o caso de Águas Férreas (1893), na qual explora sombras que indicam diferenças entre os planos, aproximando-se da objetividade fotográfica.  Sua capacidade de conferir realismo à luminosidade pode ser sentida em O Pescador (1894). Em Paisagem Litorânea (1893), apresenta uma abordagem mais lírica da luz, em detrimento da definição objetiva dos planos.

Santa-Olalla notabiliza-se pelas cenas de costumes, unindo-as ao interesse pela paisagem. Em Fazenda do Vale do Paraíba, seu desenho é minucioso, e a pincelada discreta preserva a acuidade da composição. O colorido é restrito aos tons terrosos de um cenário parcialmente iluminado. 

Notas

1. Trata-se, possivelmente, de um bairro do município de Barra do Piraí, Rio de Janeiro. No entanto, a residência de Santa Olalla também é citada em algumas fontes como Várzea Alegre. In: PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969, p.460 e CAVALCANTI, Carlos; AYALA, Walmir (Orgs.). Dicionário brasileiro de artistas plásticos. Apresentação de Maria Alice Barroso. Brasília: MEC: INL, 1973-1980.  v. 4, p. 179.

2. Rebelião de setores da marinha ocorrida entre setembro de 1893 e março de 1894, no Rio de Janeiro, com o objetivo de depor o então presidente da República Floriano Peixoto (1839-1895). A rebelião, sem apoio popular ou de outros setores das forças armadas, foi desarticulada pelo governo.

3. Após passar dois dias no Corcovado, estudando efeitos de luz, Santa-Olalla agrava uma tuberculose, que provavelmente já possuía. O PAIZ, Rio de Janeiro, 5 abr. 1895, ano XI, n. 3838. p. 1-2.

4. Obra executada no Brasil e adquirida pelo comendador Francisco Bravo. O PAIZ, Rio de Janeiro, 5 abr. 1895, ano XI, n. 3838. p. 1.

Obras 2

Abrir módulo
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini

Realejo

Óleo sobre madeira

Exposições 7

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 14

Abrir módulo
  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • A PAISAGEM brasileira (1650-1976): coleções de sócios de Sociarte. São Paulo: Sociarte: Governo de Estado de São Paulo, 1980. p. 145.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • BERGER, Paulo (org.). Pinturas e pintores do Rio antigo. Apresentação de Sérgio Sahione Fadel. Textos de Paulo Berger, Herculano Gomes Mathias e Donato Mello Júnior. Rio de Janeiro: Kosmos, 1990.
  • BRAGA, Theodoro. Artistas pintores no Brasil. São Paulo: São Paulo Editora, 1942.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • FREIRE, Laudelino. Um século de pintura: apontamentos para a história da pintura no Brasil de 1816-1916. Rio de Janeiro: Fontana, 1983.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • O PAIZ. Rio de Janeiro, 5 abr 1895, ano XI, n. 3838. p. 1-2.
  • PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
  • REIS JÚNIOR, José Maria dos. História da pintura no Brasil. Prefácio Oswaldo Teixeira. São Paulo: Leia, 1944.
  • RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Editora Nacional, 1941. (Brasiliana. Série 5ª: biblioteca pedagógica brasileira, 198).
  • SILVA, Beatriz Coelho. Revolta da Armada. Atlas histórico do Brasil. FGV CPDOC. Disponível em: https://atlas.fgv.br/verbetes/revolta-da-armada. Acesso em: 01 out. 2019
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: